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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

CURTUMES,METALURGIA E TECIDOS DE LÃ nas Memórias Arqueológico- Históricas

Já no capítulo sobre a Topografia da cidade de Bragança vimos, ao tratar das verbas testamentárias de João Garcia Nogueiro, falecido em 12 de Dezembro de 1673, que em Bragança, por todo o século XVII, devia florescer a indústria do curtume de peles, pois só este industrial à sua parte tinha, pelo menos, oito tinarias e um enoque de curtir sola.
Essa indústria deveu conservar-se, pois, segundo uma provisão do rei D.Miguel de 2 de Julho de 1830, foi concedida a Sebastião Mendonça, de Bragança, a faculdade de estabelecer uma fábrica de curtumes nos subúrbios de Bragança, junto ao rio Fervença, com os seguintes privilégios:

1.º Poder colocar as armas reais no pórtico da mencionada fábrica;
2.º A fábrica e pessoal nela empregado ficavam isentos de toda a jurisdição civil e criminal, com imediata sujeição à Real Junta do Comércio, tendo como juiz privativo o juiz de fora da cidade com apelação e agravo para o desembargador-juiz conservador dos privilégios do comércio;
3.º O senhorio da fábrica, caixeiros e mais pessoal gozavam de aposentadoria passiva;
4.º Não lhe poderiam ser tomadas nem embargadas as cavalgaduras e carros empregados no serviço da fábrica, excepto quando tudo fosse preciso.
O documento n.º 82 que adiante damos, mostra que a indústria da fabricação do ferro devia ser importante em Bragança pelos anos de 1453. No rio Sabor, no termo de Soutelo da Gamoeda, ainda hoje permanece a Ferraria e um depósito enorme de escumalhas a atestar a intensa lavra do minério ali beneficiado. Quando nós a vimos (1880), a casa ainda estava quase completa, menos os telhados, e um velho nos asseverou que ainda se lembrava dela funcionar. Em Rio Maçanas, povoação na raia espanhola, havia pelos anos de 1870 uma fundição de minério de ferro, que era extraído nas minas de Guadramil, povoação do concelho de Bragança.
Sobre a fabricação dos tecidos de lã, vide o documento n.º 102 inserto a págs. 238 do tomo III desta obra, e também o que escrevemos ao tratar da Capela de Santiago, pág. 308, deste tomo.
Na Biblioteca Nacional de Lisboa, Colecção Moreira, existem algumas impressas, manuscritas outras, as Listas dos indivíduos processados na Inquisição, e entre eles encontram-se pertencentes a Argozelo quarenta e três curtidores e dois surradores; a Bragança, no período decorrido entre 1589 e 1713, sete curtidores e um surrador; a Chacim, desde 1656 a 1704, vinte e seis curtidores; a Carção, sessenta e um curtidores e treze surradores; a Moncorvo, no século XVI, três curtidores; a Outeiro, concelho de Bragança, um curtidor em 1685; a Sendim, concelho de Miranda, sete curtidores; a Ventozelo, um; a Vila Flor, dois e a Vilarinho dos Galegos, três, de onde concluimos que esta indústria, hoje apenas cultivada no distrito de Bragança nas povoações de Argozelo e Carção, concelho do Vimioso, se exerceu nessas aldeias pelo menos desde 1551, a tanto alcançam as listas, em diante, talvez exclusivamente por indivíduos de raça judaica, porquanto todos eles foram levados à Inquisição por seguirem esses ritos.
Na indústria dos curtumes em Carção trabalha diariamente o pessoal de trinta famílias, residentes na povoação.
Os operários têm diferentes nomes segundo as ocupações; chamam-se: canineos, peladores, escarnadores, curtidores e surradores. Empregam ainda os processos antigos, e não há estabelecimento algum completo onde possam fazer-se todas as operações da curtimenta, tendo para cada uma delas lagares distintos e ordinariamente distantes uns dos outros.
Há os pelames, os humadeiros e os banhos, e cada pelame compõe-se de muitos inoques.
Em Carção há presentemente seis pelames e três banhos, sendo há vinte ou trinta anos o número de pelames muito maior. De então para cá, esta indústria tende a acabar, porque as fábricas do Porto e Guimarães, de processos mais rápidos e mais aperfeiçoados, produzem estes géneros em melhores condições económicas.
Os géneros aqui fabricados são: carneiras, vaca (972), algum bezerro e cordovão. Há ainda três fábricas de cola.
Indústria idêntica há em Argozelo na qualidade e quantidade dos géneros produzidos, com pouca diferença.

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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