Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 21 de outubro de 2017

Dicionário reúne mais de 10.000 palavras e expressões transmontanas

Uma pessoa com frio é alguém que está “engaranhada” no falar transmontano, agora registado num dicionário com mais de 10 mil palavras e expressões típicas da região de Trás-os-Montes que vai ser apresentado, na quarta-feira, em Lisboa.
“O Dicionário de Palavras Soltas do Povo Transmontana” é a primeira obra de recolha vocabular dos distritos de Bragança e Vila Real que reúne os termos com um significado próprio nesta região, como explicaram à Lusa os autores.

A obra “contém mais de 10.200 palavras e expressões típicas de Trás-os-Montes, desde vocabulário em vias de extinção, de que só as gerações mais velhas se recordam, passando pelo calão, pela gíria, até às palavras e expressões castiças reinventadas pela nova gente transmontana”, como é descrito em cada um dos 2.000 exemplares já à venda.

A ideia partiu de três amigos José Pires, presidente da União de freguesia da Sé, Santa Maria e Meixedo, Cidália Martins e Mário Sacramento.

Como contaram à Lusa, começaram “em jeito de brincadeira” a tomar nota das palavras que cada um se lembrava até que decidiram: “vamos guardar isto porque se vai perder”.

Com o passar do tempo surgiu a ideia de fazer um dicionário. “Não um dicionário formal, mas informal que explicasse o que significa uma palavra utilizada aqui que tem um significado próprio, porque há palavras que estão neste dicionário que também são usadas noutras regiões, mas o significado não é o mesmo”, explicou José Pires.

Ao longo de três anos e meio, recolheram, entre as que conheciam, no contacto nas aldeias, com colaboradores nas diferentes zonas da região, e consultando o trabalho de estudiosos do tema, mais de 15 mil palavras e expressões.

No dicionário aparecem apenas aquelas que foram validadas como sendo exclusivamente típicas desta zona, pelo menos em termos de significado.

Do resultado concluem que “os transmontanos conferem à Língua Portuguesa uma vitalidade própria” com um “linguajar repleto de graciosidade, alguma malícia e muito humor à mistura”.

O dicionário “descodifica, de forma simples e descomplicada, o significado desse falar e dizer único e divertido”.

Em terras onde os espertos são “guichos” e um bocado de pão é um “cibo”, não há quem nunca tenha largado o típico “bô”, expressão que indica admiração ou espanto, equivalente a “não me digas”, “pode lá ser”, “não acredito”.

“Isto não é uma obra nossa, é uma obra de todos os transmontanos. Aquilo que se pretende é reforçar também a identidade transmontana”, apontou Mário Sacramento.

Os autores constatam que o linguajar da região já foi motivo de vergonha para alguns que saiam da região e quando a visitavam causavam inclusive “algum constrangimento” aos que moravam na aldeia quando usavam as expressões regionais.

“Hoje em dia não, nós temos que afirmar esta nossa genuinidade, a autenticidade, que é aquilo que nos define como transmontanos”, defendeu.

Os autores do dicionário constaram também, como referiu Cidália Martins, que “há muitas palavras que têm o mesmo significado em várias aldeias, mas são ditas de maneira diferente, e escritas”.

No dicionário não entram termos mirandeses porque o Mirandês é uma língua, a segunda oficial de Portugal.

Nas divisórias do dicionário, aparece uma pegada com os nomes de todas as localidades da região começados pelas respetivas letras.

Este trabalho foi abraçado, “desde a primeira hora”, pelo professor Adriano Moreira, natural da região transmontana, que desde Lisboa apoiou toda a logística e é o autor do prefácio.

“Quando lhe apresentamos o primeiro esboço, ele prontificou-se logo a encontrar alguém para nos acompanhar na obra, para fazer o prefácio, para a apresentação, para fazer estar essa obra em tudo quanto fosse academia de ciências, em instituições”, contou José Pires.

“C`moquera isto vai dar muito que falar”, assim espera Mário e os outros autores da obra publicada pela editora Guerra e Paz.

Agência Lusa

1 comentário:

  1. O dicionário "Língua Charra -- Regionalismos de Trás-os-Montes e Alto Douro", de A. M. Pires Cabral, reúne 23.356 entradas de termos da linguagem popular alto-duriense e transmontana. Consequentemente, a obra agora apresentada, não é a primeira sobre o tema!

    ResponderEliminar