Há cinquenta e sete anos. Do Diário de Notícias de terça-feira, 12 de Agosto de 1873:
«Em Pinheiro Velho, concelho de Vinhaes, districto de Bragança, entraram ante-hontem perto de trezentos emigrados, armados, fugidos á perseguição do governo hespanhol. Consta-nos que por outros pontos do reino também teem entrado mais emigrados.
O governo tem tomado as medidas necessarias para evitar quasquer consequencias que possam produzir a entrada dos emigrados».
Do Diário de Notícias de sexta-feira, 15 de Agosto de 1873:
«Escrevem de Bragança que por participação das auctoridades de Vinhaes soube-se ali no dia 9 que uma força de cêrca de setecentos homens de voluntarios da republica hespanhola, regularmente armados, tinham passado a fronteira ao pé de Moimenta, e que tendo regressado a Hespanha haviam voltado a Portugal, dirigindo-se sobre Bragança. Contavam-se dessa força excessos incriveis, commettidos em territorio hespanhol: roubos, incendios e os mais artigos das “festas” de Alcoy.
Era ao fim da tarde. O susto foi ali grande. Ignorava-se a direcção exacta que trazia aquella força, e sendo, como era, numerosa a guarnição, não podia dividir-se em columnas que partissem por estradas differentes. N’estes termos, estabeleceram-se fortes piquetes em volta da cidade, sentinellas avançadas nas differentes avenidas e patrulhas de cavallaria em ronda permanente.
E assim se passou a noite.
O dia seguinte amanheceu mais pacifico. Dez soldados e dois officiaes dos emigrados hespanhoes entraram em Bragança ás sete horas da manhã, tendo primeiramente entregado as armas em uma das povoações da fronteira.
Posteriormente soube-se que o resto d’aquella força entregara as armas a uma pequena columna de caçadores e cavallaria que de Vinhaes marchava para o ponto invadido. Essa força entrou ali no dia seguinte. A guarnição de Bragança consta do regimento de cavallaria nº 7 e do batalhão de caçadores nº 3, mas essa força acha-se dividida em fortes destacamentos, os quaes fazem immensa falta para guarnecer, como se deve, os principaes pontos da raia. A força hespanhola ali recolhida deve vir já em marcha para o Porto, acompanhada por uma força de cem praças de infantaria nº 6 e cavallaria, devendo chegar a Lisboa por estes dias».
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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