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Das mãos do artesão surge a máscara que há de afugentar e animar a aldeia inteira e mais os forasteiros que ali vão só para a ver. Os preparativos para os dias de festa começam antes do Inverno chegar ao nordeste português. Trabalha-se a madeira, o cabedal, o latão, a lã. Aos poucos aparecem as caras e os fatos que vão esconder a identidade dos rapazes. Assim, temíveis e divertidos, os mascarados quebram a rotina do quotidiano rural. O disfarce é a chave destes rituais que anunciam um novo ciclo: na natureza e na vida dos homens.
As festividades nestas aldeias são heranças de um passado muito antigo. Encontramos as suas raízes nas festas milenares que se faziam em Roma, em honra do deus Saturno, as Saturnais romanas e, nas Lupercais, celebradas em honra de Pan, o protetor dos pastores e dos rebanhos. Estas práticas festivas tiveram sempre um cariz profano e foram sempre associadas ao solstício de Inverno e à agricultura. Em Trás-os-Montes, o ciclo dos 12 dias, que começa no Natal e acaba nos Reis, e o período do Carnaval são os momentos mais fortes das celebrações.
Os mascarados transmontanos simbolizam a vida que se renova na Primavera, a entrada num tempo fecundo e próspero, a passagem da puberdade à idade adulta. A comunidade revitaliza-se e reforça laços nestas festas organizadas por rapazes onde até os excessos servem para expurgar os males. O povo ainda os vê como se fossem o próprio diabo.
As mais significativas máscaras transmontanas podem ser apreciadas no Museu Ibérico da Máscara e do Traje, em Bragança e, no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa. Faz aqui a tua primeira visita.
Luís Caetano / Nuno Santos
RTP2 - 2010
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