Os fogos quando realizados em períodos frios e invernais, em que o solo tem humidade, faz com que haja rebentação de várias herbáceas. Esta foi uma das ideias defendidas na VI Jornadas técnico-científicas, organizadas pela APTRAN (Associação Portuguesa de Tracção Animal).
O fogo controlado poderá ser uma ferramenta para a limpeza de mato na gestão da vegetação e fertilidade do solo. Esta foi umas das ideias explicadas por Carlos Aguiar, investigador do CIMO – Centro de Investigação de Montanha, na VI edição das jornadas técnico-científicas, organizadas pela APTRAN - Associação Portuguesa de Tracção Animal. O investigador destaca que os fogos realizados nesta altura do ano têm vantagens para os solos.
“A ideia é mais ou menos esta. Temos que aprender a viver com o fogo. Os fogos não são todos iguais. Vamos escolher fogos que sejam vantajosos, do ponto de vista dos serviços eco sistémicos (produção de erva e conservação do solo). E a experiência que nós temos e não é nada de novo, é que os fogos quando realizados, quando o solo tem humidade e nestes períodos frios e invernais, não só, danifica o solo, como promove herbáceas, o alimento para vacas”, contou Carlos Aguiar.
O presidente da APTRAN - Associação Portuguesa de Tracção Animal defende modelos mistos para o território de agricultura e pecuária. João Rodrigues argumenta que os animais e a vegetação têm um papel importante no ecossistema.
“Não há dúvida nenhuma que houve mudança no sistema tradicional, por questões de despovoamento e outras. Existem pessoas no território, porque têm animais, ainda existem pastores e também proprietários de vacas, continuam a fazer uma gestão do território muito interessante. E de facto não é fácil combater esta situação. Mas também é verdade que do nosso ponto de vista temos tentado implementar modelos de não separação da agricultura e da pecuária. Os animais têm um papel e a vegetação têm outro. E utilizar bons exemplos para demonstrar que pode haver potencial no mundo rural para captar capital humano para estas zonas”, sustentou João Rodrigues.
João Rodrigues também sustenta ser pastor, não é algo que possa ser considerado como terceiro mundista.
“Ser pastor hoje em dia, não significa ser analfabeto e andar com as cabras no monte. Existe uma série de profissões tradicionais que repensadas e num modelo integrado podem ser muito úteis e podem voltar a trazer dinâmicas para estas aldeias abandonadas. Podem e devem, promover o conhecimento das pessoas que ainda cá estão. Estes devem ser os professores destas novas gerações. A solução passa por atrair estas pessoas e desmitificar de uma vez por todas que ser pastor não é mau. Não é uma coisa terceiro mundista ou de pobre. Se o processo passar por aí, eventualmente teremos pessoas a voltar ao território”, acrescentou João Rodrigues.
Estas foram as sextas jornadas técnico científicas, organizadas pela APTRAN - Associação Portuguesa de Tracção Animal, a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança e AGATRAN – A Molida (Associação Galega de Tracção Animal.)
Escrito por Brigantia
Jornalista: Maria João Canadas
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