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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Esproarte dá há quase 30 anos acesso ao ensino da música em Trás-os-Montes

Há quase trinta anos que uma escola profissional de música abriu um novo ciclo cultural a partir de Mirandela, formando novos músicos de todo Trás-os-Montes e garantindo à população da região acesso às grandes obras musicais.
A Esproarte faz parte da rede nacional de escolas de ensino especializado da música e é apontada como “singular e inovadora” por permitir a igualdade de acesso à elite da música clássica tanto aos que sonham tornar-se profissionais como ao público da região.

A escola acolhe alunos dos 11 aos 18 anos que, ao mesmo tempo que aprendem música e a tocar instrumentos, estudam como aqueles que frequentam o ensino regular e podem obter grau equivalente ao terceiro ciclo (7º, 8º e 9º) e secundário.

Os cursos são financiados pelo Fundo Social Europeu e a maioria dos alunos são de fora de Mirandela, de outras zonas de Trás-os-Montes, e são acolhidos numa residência suportada pela Câmara Municipal, principal parceira do projeto.

Os números oficiais indicam que a conclusão dos ciclos por parte dos alunos ultrapassa os 80%, com alguns anos a atingir os 100%. A Esproarte já deu também origem a um curso superior técnico no Instituto Politécnico de Bragança (IPB) que permite prosseguir estudos àqueles que não tiverem entrada imediata numa licenciatura.

A capacidade de 168 alunos está sempre lotada e, não fosse esta escola, teriam de se deslocar para o litoral para estudar música ou nunca o fariam pelos custos financeiros que as famílias não podem suportar, como sublinhou à Lusa o responsável José Francisco.

O professor violoncelista é minhoto e radicou-se em Mirandela há 21 anos graças à Esproarte que já formou centenas de músicos espalhados por orquestras nacionais e estrangeiras, desde a Alemanha a Espanha, ou a prosseguir os estudos em universidades de países como a Holanda.

É o caso de Edgar Milhões, bisneto do conhecido soldado Milhões.

Os rostos dos alunos estão espalhados pelos corredores da escola e na capa dos CD que já gravaram, quatro concretamente.

Além da atividade curricular, os alunos realizam atuações pela região, com diferentes formações e levam a música clássica ou a experiência de ouvir uma orquestra sinfónica aos lugares mais recônditos, nomeadamente às aldeias.

“Quem tem garantido esse cartaz são os meninos de Freixo de Espada à Cinta, Vila Flor, Bragança, Torre de Moncorvo, Murça, etc, que frequentam a escola”, enfatizou o professor.

Uma vez por ano têm eles também novas experiências, atuando com músicos de renome nacional como Boss AC, Sofia Escobar ou Cuca Roseta.

A escola é uma instituição sem fins lucrativos propriedade da ARTEMIR- Associação de Ensino Profissional Artístico.

O projeto atraiu o músico espanhol Óscar Lobeti, que, aos 43 anos mudou-se para Mirandela.

Soube que havia um lugar de pianista acompanhante, foi conhecer a escola e ficou “apaixonado pelos alunos”.

“Têm muita vontade, é um conceito diferente de Espanha, em Espanha não existe uma escola onde aprendam matemática e ao mesmo tempo um instrumento e a mim surpreendeu-me, agradou-me”, contou à Lusa.

Encontrou ali “realização profissional, paz, qualidade de via e tranquilidade”.

A Esproarte tem também chamado à terra ex-alunos que, depois da formação superior, regressaram para integrar o quadro docente como Andreia Garcia, que aprendeu ali a tocar violino e agora ensina formação musical.

“Isto é mais do que uma escola, é uma casa que os acolhe e que tenta fazer deles pessoas, acima de tudo, bem formadas e preparadas para a vida”, observou.

Liberdade é o que sente quando toca piano Daniel João, um dos mais novos alunos, que chegou este ano de Miranda do Douro.

Aos 11 anos dizem que é uma “promessa” e foi para a Esproarte aconselhado por um ex-aluno conterrâneo, que faz da música uma forma de vida, apesar de não ter prosseguido estudos para o Ensino Superior.

Esta foi “uma oportunidade única” para Matilde Cepeda, de Mirandela, que quer seguir canto e violoncelo.

“A música junta as pessoas” é a experiência que tem tido Lara Fernandes, aprendiz de violino.

Beatriz Oliveira, de Murça, entrou com onze anos, fez todo o percurso na escola e está a fazer o curso técnico no ensino superior. Gostava “mais de ser uma grande flautista do que propriamente ensinar”, no futuro.

Joni Figueiredo sonha em conquistar os palcos internacionais com o fagote e Maria Barreira deixou o 11º no ensino regular de Vinhais para recomeçar no décimo assim que teve a oportunidade de entrar na Esproarte.

Diogo Mendes toca flauta transversal e foi para Mirandela para aprender música porque em Macedo de Cavaleiros só o podia fazer até ao sétimo ano.

Em quase 30 anos, a escola sempre teve instalações provisórias, uma realidade que parece prestes a mudar.

A presidente da Câmara, Júlia Rodrigues, que é presidente da escola por inerência, adiantou à Lusa que deu início ao projeto para instalar a Esproarte na antiga escola superior Jean Piaget.

Será necessário realizar obras ao nível da acústica, um projeto que está em preparação.

“No próximo ano letivo é impossível, mas no seguinte esperamos ter já o espaço pronto, mesmo que para isso tenha de haver um esforço financeiro a nível municipal”, vincou.

Agência Lusa

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