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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Regresso ao futuro conduzidos pelo espírito da Cultrónica

Evento: Caixa de Rimas
Organização: Cultrónica
Direção Artística: Carlos Daniel Genésio & Diogo Rodrigues
Naturais de: Bragança, Portugal
Espetáculos: Teatro Municipal de Bragança (Caixa de Palco)


INTRO by Direção Artística, Cultrónica

“As noites de Hip-Hop surgem em formato intimista, aproximando os Artistas dos Espetadores. Desta fusão, acreditamos que resulte uma simbiose, levando a singularidade do momento a uma experiência sensorial ímpar. 

Ao longo da caixa de rimas, deambularemos por espetáculos de artistas consagrados no cenário do Hip-Hop nacional e internacional, onde a experiência e maturidade de uns contrastará com a irreverência e inovação de outros.

Visamos oferecer a oportunidade de assistir a espetáculos que contam um pouco da história do hip-hop, escrita no passado e com olhos postos no futuro.”

ENTREVISTA

Bruno Mateus Filena (BMF): Como surgiu a ideia de trazer a Bragança, através da Caixa de Rimas, nomes tão emblemáticos do Hip-Hop nacional como Fuse ou Halloween?

Carlos Genésio & Diogo Rodrigues (CG & DR): A ideia surge na vontade de fazer diferente, fazer melhor e dar ao público brigantino um pouco desta cultura urbana presente nas grandes cidades nacionais e europeias que, no decorrer do último ano, vimos como uma falta, uma inexistência e que, para nós, apareceu como uma oportunidade. Do projeto à ação propriamente dita, passámos serões a criar o produto que íamos apresentar, a trocar centenas de emails para, de alguma forma, nos fazermos sentir e perceberem que há quem queira fazer diferente, mas que para isso é preciso compreensão e cooperação de ambas as partes. 

BMF: Porquê este estilo, Hip-Hop? E porquê agora?

CG & DR: O Hip-Hop surge porque vimos potencial nesse género musical há muito esquecido e por muitos ignorado, pois em conversa num bar ou numa esplanada recolhemos, facilmente, dados para uma amostra significativa, que nos serviu de laje para sustentar a ideia de um ciclo. Decidimos, então, pegar em quatro noites para conseguirmos ter quatro géneses do movimento para, assim, percebermos aquelas que maior impacto terão no nosso público-alvo. 

“Vivências de mais de uma década em cidades como Madrid, Barcelona, Porto abriram-nos horizontes e permitiram-nos o acesso a uma cultura urbana de audiovisuais excecionais”

BMF: Como é que se processou a seleção de quatro artistas num cenário musical tão eclético e tão rico musicalmente como é o nacional no que ao rap diz respeito?

CG & DR: Os quatro artistas que escolhemos surgem depois de um estudo de mercado. Da vasta oferta que falaste tivemos de ser minuciosos e concisos, pois o budget com que trabalhamos fica a anos-luz do disponível em grandes salas como, por exemplo, o Hard Club no Porto. Tudo teve de ser feito à escala e em muito temos de agradecer aos artistas que desde cedo perceberam isso e adaptaram os espetáculos à nossa realidade, não subtraindo qualidade, mas antes apresentando soluções viáveis para criarem um ato único, proporcionando ao público que marcará presença na Caixa de Palco, e daí ter surgido o nome "Caixa de Rimas", um momento singular e inesquecível. Trazer nomes da velha guarda e talentos em ascensão foi uma premissa que quisemos, desde logo, adotar e pelo cartaz que produzimos parece que fomos bem sucedidos. 

BMF: Quatro artistas nas quatro semanas de fevereiro. Sendo este o primeiro ciclo e a primeira iniciativa do género, algo ambiciosa, confesso, será algo para continuar ou dependerá do resultado final?

CG & DR: Continuidade é um objetivo! Se os números forem bons e o público corresponder positivamente cá estaremos para dar continuidade ao movimento. De sublinhar, no entanto, que nem só de Hip-Hop vive a Cultrónica e daí a nossa marca poder vir associada a outros géneros musicais, o que nos permitirá abranger um maior número de pessoas, facilitando, assim, a longevidade e a consolidação do projeto. 

CULTRÓNICA s. f. , palavra composta por aglutinação CULTURA + ELETRÓNICA.

Desenvolvimento intelectual relativo á eletrónica; Conjunto dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores morais e materiais, característicos da sociedade  e civilização eletrónica.

BMF: Para finalizar, a pergunta do costume… Expectativas?

CG & DR: Estamos expetantes, temos tido feedbacks bastantes positivos e creio que, no geral, o ciclo correrá bem! Sabemos de antemão que há nomes que, por si só, vendem bilhetes e, por outro lado, assumimos o risco de trazer nomes menos conhecidos, mas isto é a nossa génese e é por este caminho que sempre tentaremos ir. Ou seja, dar a conhecer sonoridades diferentes, novas e que possam ser do agrado do nosso público, nunca esquecendo que não será pela interioridade e pela distância aos grandes centros urbanos que seremos vencidos e que os brigantinos deixarão de ter acesso a nomes que, outrora, nunca pensariam ouvir e ver a 500 metros de casa a um preço que deixará habitantes das grandes metrópoles nacionais com os olhos em lágrimas. Chegámos para ficar! 

Um pouco de história…

A CULTRÓNICA aparece em Dezembro de 2008, pela força de vontade de fazer acontecer de três jovens adolescentes, na época, intitulados de “iluminados”. Carlos Batista, Carlos Genésio e Luís Barata organizaram, assim, um festival de arte urbana e performativa multimédia, ainda hoje recordado por muitos como um evento fora do tempo ou da caixa, “precoce e prematuro” como alguns o definiram, mas lembrado como algo marcante na educação e acessibilidade de espetáculos audiovisuais e performances apenas ao alcance dos grandes centros urbanos.   

Em 2008, decidiram apostar em áreas tão distintas como transversais, percorrendo desde o audiovisual às artes plásticas, passando por palestras que mostraram o processo criativo dos artistas que o integraram, naquela que foi a sua primeira e única edição. Os sons de então iam do dubstep ao minimal, passando pela eletrónica mais experimental, acompanhados por descargas visuais espalhadas pelos recantos menos conhecidos do Teatro Municipal e da cidade de Bragança. Em pleno inverno transmontano, o movimento fez esquecer o frio que na rua grassava intempestivo com um calor humano próprio dos amantes de arte que tanto ansiavam por uma iniciativa do género.

Dez anos após o ato singular, propuseram-se criar uma empresa e trabalhar em produção, programação e agendamento de espetáculos, abrangendo uma multiplicidade de áreas inseridas na arte urbana atual.

Hoje, a vontade é a mesma, as palavras de incentivo crescem e a ansiedade daqueles que estiveram presentes multiplicou-se pelo infinito. No “passa-palavra” clonaram as mesmas ideias, a mesma atitude, orientada para a ação e para a criação, estabelecendo um cordão humano massivo de vontade, maior ainda do que o apresentado em 2008.  

Continuidade, diferenciação e inovação, são premissas a que se propõem com uma década de clara consolidação de quem sabe o que quer numa cidade que, apesar de pequena, nunca dorme. Deram o salto e criaram a empresa “EMBLEMATIC JOURNEY LDA”, fruto da vontade de conceber, desenvolver e programar no seio de uma comunidade que os viu nascer e crescer.

A equipa pioneira do movimento, individualmente, acabou por abraçar novos desafios. Todavia, Carlos B e Luís terão sempre o espaço que eles próprios ajudaram a criar.

Mais uma vez, pretendem como há dez anos, “colocar Bragança no mapa” e, para isso, será criado um conceito, que eles próprios designam como “nosso/vosso”, deambulando por entre as artes urbanas audiovisuais e performativas  do universo contemporâneo, tentando mais que nunca proporcionar ao público e ao artista ambientes únicos de um espetáculo memorável, icónico e irrepetível, marcando a diferença não só pela programação em si, mas também pela arte de bem receber e acarinhar aqueles que com eles trabalhem e colaborem.

Bruno Mateus Filena
in:diariodetrasosmontes.com

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