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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 2 de abril de 2019

CHEGAR TARDE AO FUTURO

Há quarenta anos andávamos por cá a festejar a chegada da electricidade à maior parte dos aglomerados rurais, que não conheciam as comodidades que a energia proporcionara por esse mundo no que já se vivera do séc. XX.

Não nos faltava só a electricidade. Também a água ao domicílio era sonho por realizar e os telefones caseiros generalizados só chegariam bem entrada a década de 90, a raiar o fim do século. Sem electricidade também não houvera televisão, nem electrodomésticos, com o seu papel na vida quotidiana, para garantir a conservação de alimentos e o alívio nas tarefas do dia-a-dia.

Tínhamos chegado tarde, mas mais valia tarde do que nunca. A partir de então os dias penosos haviam de transformar-se em passos firmes na construção de um futuro de dignidade, porque se estava a fazer o caminho da democracia, garantia da liberdade, da equidade e da justiça para todos os cidadãos, logo para todos os territórios.

Uma constituição, novinha em folha, estabelecia isso mesmo, identificando instrumentos para dar forma ao país novo. Um deles era a regionalização, para que decisões importantes da vida dos territórios não fossem condicionadas por conveniências da política imediatista, do eleitoralismo sem prospectiva, da inércia instalada, que ameaçavam continuar a cavar diferenças entre as diversas regiões.

Apesar do texto constitucional, só vinte e dois anos depois foi promovido um referendo. O resultado foi a recusa, na sequência de um enredamento nos modelos propostos pelos diversos partidos, postergando a questão para o baú da farraparia inútil.

Entretanto, avançou-se para uma definição de regiões, que foi consolidando processos administrativos, capacidade de decisão sobre a aplicação de fundos comunitários, promoção de investimentos e organização de serviços, que redundaram em maior prejuízo para os territórios já debilitados quando o regime democrático fechou a porta do Estado Novo.

Podia ter sido de outra forma, se os poderes centrais, entretanto constituídos, não tivessem iludido a obrigação de promover o desenvolvimento equilibrado, que passava pela discriminação positiva dos que estavam a ficar para trás. Mas, não foi.

Pelo contrário, a gestão das prioridades e a mobilização dos recursos tem vindo a acentuar disparidades regionais, atirando mais de dois terços do território para o deserto demográfico, provavelmente irreversível. Acresce que muitos dos recursos gastos só foram atribuídos ao país porque havia territórios depauperados, que requeriam intervenções rápidas e capazes de reverter a tragédia eminente.

Aqui chegados, mais vinte anos passados, a premência da mudança de rumo parece ter sido sentida por alguns autarcas do norte, que tomaram a iniciativa de lançar, em Bragança, um movimento para trazer de novo a questão ao espaço público, com a perspectiva de promover novo referendo na próxima legislatura.

Tendo em conta, os resultados da ausência de regionalização, nada teremos a perder. Outra coisa é alimentar esperanças de que o resultado possa ser a janela para outros horizontes. Talvez só nos reste mesmo ver passar o futuro.


Teófilo Vaz
in:jornalnordeste.com

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