“Uma Volta ao mundo com leitores – Acordo Fotográfico” é o nome do projeto que se divide entre uma exposição e um livro, que contam a história da viagem que a autora francesa com raízes algarvias Sandra Barão Nobre fez à volta de 14 países, com o propósito de captar em fotografias as essências de várias pessoas a ler, apresentado ontem em Macedo de Cavaleiros.
Uma experiência que começou com um blog, conta:
“Em 2011 resolvi começar a fotografar pessoas que encontro a ler em locais públicos. Eu estou sempre a ler e na altura, como trabalhava numa livraria online, estava sempre muito atenta ao que as pessoas liam nos mais diversos locais. Foi então que decidi encher-me de coragem e começar a pedir autorização às pessoas para fazer uma fotografia sobre o livro que liam e o porquê de o estarem a ler, para publicar num blog.
O projeto foi crescendo, eu fui-me tornando mais ambiciosa, comecei a fotografar fora do país e depois, em 2014, fiz uma volta ao mundo com o propósito de alimentar o acordo fotográfico.
Hoje venho aqui apresentar o resultado dessa viagem de seis meses à volta do mundo, mas também trago fotografias que tirei pela Europa e em outras viagens. O que está no livro são os posts que fui fazendo na altura mas também o meu diário.”
O livro, lançado há dois anos, tem desde então percorrido o país, juntamente com a exposição, e por onde passam, a autora espera que ajude a desmistificar alguns conceitos:
“Primeiro desmistificar a ideia de que é preciso muito dinheiro para viajar, porque não é. Com orçamentos muito baixos é possível fazê-lo, abdicando de alguns confortos.
Tenho ido muito a escolas falar do livro e da viagem, e noto que, não só os miúdos mas também os adultos, tem a ideia de que o mundo é um lugar perigoso. É óbvio que é, mas não tanto como as pessoas pensam.
Este projeto é também um incentivo à leitura, que pode transformar a nossa vida. Olhando para o meu caso, que sou fruto do facto de ler e hoje providencio terapia através das obras que recomendo. Por isso, é importante passar a mensagem de que os livros são transformadores.”
Presente na apresentação esteve também Benjamim Rodrigues, autarca macedense, que considera esta obra como um bom exemplo para a população:
“Estamos a testemunhar a experiência de uma pessoa.
Em Macedo também temos algumas pessoas que o fazem, com algum espírito aventureiro.
É importante proporcionar este tipo de experiências, saber como e o que as pessoas lêem, mas o que é mais interessante é perceber que alguém sente curiosidade de ver por onde os nossos ancestrais andaram e perceber qual o testemunho que eles têm para nos dar, nomeadamente quando nos identificamos por ter uma língua comum.
De facto, é importante transmitir essa experiência a todos para que percebamos o que é possível vivenciar, numa perceptiva de aventura mas ao mesmo tempo à procura das nossas raízes. Penso que para os macedenses será um bom exemplo. “
A exposição está patente na Biblioteca Municipal de Macedo de Cavaleiros até 31 de julho.
Escrito por ONDA LIVRE
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