Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Grupo Sousacamp não vai encerrar nem despedir trabalhadores

A maior produtora de cogumelos frescos em Portugal não vai encerrar, nem despedir nenhum dos cerca de 500 trabalhadores, já que tem viabilidade económica. A garantia foi dada, esta quinta-feira, pelo administrador judicial de insolvência do grupo Sousacamp, no final de uma assembleia de credores que decorreu no Tribunal de Vila Flor, no distrito de Bragança.
Foto: José Vinha/Arquivo Global Imagens

Qualquer que venha a ser o desfecho do processo de insolvência, "sendo líder nacional de produção de cogumelos frescos, com uma quota de mercado de 80%, tendo capacidade instalada e estando a produzir e a fornecer os seus clientes diariamente, não se concebe que uma empresa industrial desta dimensão possa ver-se encerrada", acentuou, ao JN, o administrador judicial, Bruno Costa Pereira.

Apesar de o grupo Sousacamp ter "muita dívida [60 milhões de euros, a maior parte ao Novo Banco], essa dívida resolve-se no processo", notou o responsável, salientando que "as empresas devem fechar quando operacionalmente deixam de ser rentáveis ou não se consegue garantir a rentabilidade num curto prazo". Ora, "com a informação que temos hoje não se perspetiva qualquer possibilidade de encerrar o grupo", insistiu. Apesar disso, terá de passar por "uma restruturação societária", porque existe um universo de empresas que "provavelmente terá de ser repensado".

Para já, está só a discutir-se o futuro da Varandas de Sousa, que é a empresa mais importante do grupo Sousacamp. Depois de encerrado este processo, haverá assembleia de credores nas outras cinco empresas do grupo, que "terão o mesmo destino da primeira".

Garantia não chegou

A reunião desta quinta-feira foi a continuação de outra realizada a 5 de junho. Nessa altura foram dados 15 dias a um consórcio de dois investidores estrangeiros, apresentado pelo acionista do grupo, para poder aportar as garantias financeiras necessárias para que os credores possam votar favoravelmente o plano de recuperação.

"Os 15 dias esgotaram-se esta quinta-feira e a garantia não foi aportada", sublinhou o administrador judicial. Acrescentou que "foi informado que a operação financeira está a ser contratada junto de uma entidade espanhola e que ainda não houve tempo para que essa operação de 25 milhões de euros pudesse ser aprovada".

Por pedido dos credores, o Tribunal de Vila Flor deu mais 20 dias, prazo que termina no dia 17 de julho, "para que a garantia venha a ser aportada e permita aos credores votar de forma esclarecida e convicta", de modo a que "o plano de recuperação tenha depois capacidade para ser cumprido".

Muitos interessados

Se for aprovado, o administrador de insolvência mantém-se no cargo até ser feito o pagamento aos credores de "35% dos seus créditos", o que terá de ocorrer num "prazo de 30 dias". A seguir, o processo é encerrado com recuperação e o grupo readquire a sua "normalidade de funcionamento".

No caso de o plano não ser aprovado, a lei determina que o grupo entre em processo de liquidação, o que "não significa ter de o fechar", reiterou Bruno Costa Pereira. Nesse caso, "tem de se procurar no mercado um investidor alternativo que possa entrar no capital e prosseguir a atividade". Até porque, segundo disse, há "variadíssimas manifestações de vontade e de interesse firme por parte de "players" nacionais e estrangeiros, já que se trata de uma empresa líder".

Por causa deste alegado muito interesse, José Eduardo Andrade, do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabaco de Portugal (SINTAB), adiantou que os trabalhadores até admitem a possibilidade de se avançar para a fase de insolvência. Havendo mais opções, "poderia ser escolhida uma saída, provavelmente bem melhor que a atual, para a viabilidade da empresa".

O dirigente justificou que está preocupado com a probabilidade de "uma empresa que é líder nacional cair na mão de estrangeiros. Manter uma empresa que quase tem o monopólio [dos cogumelos frescos] na esfera nacional deveria ser um desígnio de todos", frisou.

Apesar de tudo, José Eduardo Andrade vincou que o principal objetivo é a "manutenção dos postos de trabalho" e que, durante a assembleia de credores "foram valorizadas as garantias dadas verbalmente, apesar de não estarem na proposta escrita". Mas, "como não está previsto o pagamento de indemnizações é sinal de que não vai haver despedimentos".

Processo tem 17 meses

O grupo Sousacamp entrou em processo judicial em fevereiro de 2018, primeiro ao abrigo de um plano especial de recuperação e depois de insolvência. Os 25 milhões de euros da proposta que está em cima da mesa são essenciais para resolver de imediato o problema.

A proposta foi apresentada pelo consórcio que constituiu uma sociedade em Portugal, denominada Rudi & Mittelbrunn, Lda. Um dos dois empresários é Rudi François J. Joris, um belga radicado na Polónia, que é considerado uma "referência mundial na formação técnica e profissional no setor dos cogumelos".

O outro é o espanhol Ignácio Felipe Mittelbrunn Fuentes, que pretende fazer uma parceria com o grupo brasileiro BDN, que atua no mercado em áreas como imobiliária, financeira, saúde e agronegócio.

A proposta de viabilização apresenta três soluções aos credores. Para um pagamento imediato em 30 dias, os proponentes querem um perdão de 65% das dívidas. Outra solução é o perdão de 35% dos créditos e o pagamento dos restantes 65% em 72 prestações. Se os credores não aceitarem as hipóteses com perdão de dívida, a solução proposta é o pagamento total em 120 prestações (10 anos) com um período de carência de 18 meses.

Eduardo Pinto
Jornal de Notícias

Sem comentários:

Enviar um comentário