Dois investigadores do Instituto Politécnico de Bragança, a tirar mestrado em engenharia mecânica e energias renováveis, Reimão Fontes e Daniel Lemos, estão a desenvolver um gaseificador de madeira: um equipamento que vai extrair, pela queima parcial de resíduos de madeira, gás de síntese.
Este projecto pretende ser uma alternativa mais ecológica e económica apresentada aos agricultores da região, que poderão usar o gaseificador quer em locais mais remotos, onde não há energia eléctrica, quer para substituir combustíveis fósseis em alguns equipamentos, explicou Reimão Fontes. “ Pela queima parcial de resíduos de madeira vai extrair o gás de síntese da madeira e esse gás vai ser utilizado num motor de combustão interna, pode ser numa moto-bomba, para bombear água, ou num motor normal. Está dimensionado para um motor de 10 cavalos portanto podemos associar qualquer motor que tenha no máximo essa potência porque a estrutura dimensionada perante o consumo do motor em si”.
Para além destes usos, o equipamento pode ser construído nas explorações e o combustível pode ser também utilizado em outros equipamentos. “É um combustível, um gás normal, seja em queima directa, até pode ser utilizado num fogão ou numa caldeira, qualquer equipamento de aquecimento, mas pode ser utilizado em muitas outras coisas seja a moto-bomba, para bombear água, seja um motor com um tomada de força, através de umas correias para funcionar em qualquer outro equipamento como tapete rolante ou um moinho”, explicou Reimão Fontes.
O investigador explica que o objectivo é acabar de construir o equipamento para demonstrar o funcionamento a possíveis interessados. “Não é tanto concluir a nossa tese porque já a temos feita a nível de cálculos. No entanto, como há um desconhecimento grande, por parte da população, nomeadamente os agricultores da região, que há possibilidade deste tipo de equipamento, em que se pode produzir um combustível alternativo e biológico. Temos necessidade de ter o equipamento construído para quando o apresentarmos aos agricultores mostrar como se faz, como funciona e que funciona”, explicou o investigador.
Os estudantes criaram uma campanha de crowdfunding para conseguir concluir a construção do equipamento, que decorre até ao final de Agosto. “O financiamento que nos foi dado, quer pelo IPB quer pelo INEGI - Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial, só suporta a construção do próprio gaseificador. Para acabar a construção do equipamento, desde o promotor de calor, o filtro, a própria bomba, que é bastante cara, um carrinho de transporte, um reboque para o levar, vamos precisar de 1200 euros. Além do financiamento que já fizemos agora a campanha vai-nos permitir comprar os restantes equipamentos para concluirmos a construção de tudo”, disse Reimão Fontes.
Até agora a campanha de crowdfunding para construção de um gaseificador, na plataforma da internet PPL, já permitiu angariar 240 euros.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Olga Telo Cordeiro
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