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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 12 de julho de 2020

NOVO ESTUDO ANALISA COMO É VISTO O LOBO-IBÉRICO A SUL DO DOURO

Um estudo realizado no âmbito do projecto LIFE WolFlux analisou de que forma o lobo-ibérico é encarado pelas populações a sul do rio Douro. Cerca de um quarto dos entrevistados mostraram alguma intolerância à presença de lobos na região.

Os lobos em Portugal encontram-se apenas no norte do país, mas mesmo aí há duas realidades distintas. A norte do Douro, há mais lobos e a população é mais estável, mas a sul do Douro há apenas algumas alcateias e sabe-se que a espécie é perseguida nalgumas áreas. Além disso, aqui a espécie está mais dependente do gado doméstico para se alimentar, o que prejudica alguns criadores de gado.

Face a esta realidade, a equipa do projecto LIFE WolFlux, coordenado pela Rewilding Portugal, decidiu avançar com um estudo para perceber quais são as reacções das populações locais em relação ao lobo. “Compreender a realidade no terreno e ouvir as comunidades locais é extremamente importante para orientar os esforços de conservação na região”, explicam em comunicado.

O LIFE WolFlux, comparticipado por fundos comunitários e pelo Endangered Landscapes Programme, tem como objectivo “promover as condições ecológicas e socio-económicas necessárias para garantir a viabilidade da subpopulação de lobo ibérico a sul do rio Douro a longo prazo”.

O estudo, que decorreu de Agosto de 2019 a Abril passado, procurou “perceber melhor os principais problemas relacionados com a presença do lobo” na região. Foram entrevistadas 117 pessoas que têm relação com a espécie, em 20 freguesias, incluindo criadores de gado, gestores de caça e técnicos de conservação.
Foto: Rewilding Portugal
Resultado: “Praticamente metade dos entrevistados considera que é possível que o lobo viva na região, mas apenas sob certas condições, por exemplo o pagamento de compensações por prejuízos causados, ou a disponibilidade de habitat e alimentos para a espécie”, revela a equipa. Ou seja, os dados obtidos mostram que é necessário “melhorar” o esquema nacional de compensação de prejuízos, avisam.

Ver lobos pode ser benéfico
Por outro lado, cerca de um quarto dos responsáveis entrevistados “mostrou alguma intolerância em relação à presença de lobos”, o que demonstra “a diversidade de opiniões encontradas” e a necessidade de trabalhar no terreno, em conjunto com as autoridades locais, para perceber qual a fonte dessa intolerância.

Qual será a melhor forma de trabalhar o problema com estas pessoas? “O que é vivido por um vizinho espalha-se rapidamente nas comunidades, principalmente entre os seus pares, e tem uma grande influência nas opiniões dos outros”, nota Sara Aliácar, técnica de conservação da Rewilding Portugal e uma das entrevistadoras do estudo.


“Também constatámos que o medo do lobo estava associado à intolerância […]. O medo do lobo pode ter muitas origens, mas descobrimos que os entrevistados que tiveram uma experiência positiva ao ver um lobo na natureza perceberam que este não tem nada a ver com o animal feroz sobre o qual ouviram falar”, sublinha a mesma responsável, citada no comunicado.
Foto: João Cosme / Rewilding Europe
Curiosa é a “crença generalizada” a sul do Douro de que há lobos de cativeiro que são ali libertados na natureza, destaca a equipa do projecto. Assim, embora “nunca tenha havido uma liberação de lobos em Portugal”, quase 40% dos entrevistados “mencionaram relatos de carrinhas que chegam às áreas em que os entrevistados vivem à noite, e das quais são soltados lobos.”

Estas crenças podem afectar negativamente os esforços de conservação da espécie, avisa a equipa, pois dessa forma algumas pessoas podem ver os esforços de conservação destes grandes carnívoros como “suspeitos”.

“A metodologia qualitativa utilizada permitiu-nos perceber melhor os conhecimentos e práticas locais, a ambivalência nas percepções sobre a espécie, assim como os pontos de conflito e as suas razões”, comentou a supervisora do estudo, Margarida Lopes Fernandes, bióloga do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e investigadora do CRIA-Centro em Rede de Investigação em Antropologia.

Turismo de natureza
Já as possíveis vantagens de ter lobos na região foram reconhecidas por “menos de metade” dos responsáveis questionados. Alguns referiram o turismo de natureza, que em Portugal tem ainda pouca expressão ligado à espécie. “Em Espanha este é um sector lucrativo e bem estabelecido, que leva muitas pessoas a regiões como a Serra da Culebra, na esperança de ver este animal elusivo.”


Quanto ao recurso a cães de gado como defesa face a ataques de lobos, uma das apostas do LIFE WolFlux, é visto com bons olhos pela maioria – desde que estes sejam de raças portuguesas adequadas, como os Serra da Estrela ou Castro Laboreiro.
Leão é o primeiro cão de gado dado pelo projecto LIFE WolFlux. Foto: Rewilding Portugal
Conclusão? “A colaboração entre as comunidades locais, a administração e as organizações da sociedade civil é fundamental, assim como uma presença constante no terreno”, apontam os responsáveis deste estudo, que destacam a importância do apoio a criadores de gado como forma de prevenção de prejuízos.


Além de ser coordenado pela Rewilding Portugal, o projecto LIFE WolFlux tem ainda como parceiros a Universidade de Aveiro, a Rewilding Europe, a Zoo Logical e a Associação Transumância e Natureza.


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