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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Adolfo Coelho: "História do Compadre Rico e do Compadre Pobre"

 Moravam numa aldeia dois compadres. Um era pobre e o outro rico, mas  muito miserável. Naquela terra era uso todos quantos matavam porco dar um lombo  ao abade. O compadre rico, que queria matar porco sem ter de dar o lombo,  lamentou-se ao pobre, dizendo mal de tal uso. Este deu-lhe de conselho que  matasse o porco e o dependurasse no quintal, recolhendo-o de madrugada,   para  depois dizer que lho tinham roubado.

Ficou muito contente com aquela ideia e seguiu à risca o que o compadre  pobre lhe tinha dito. Depois deitou-se com tenção de ir de madrugada ao quintal  buscar o porco. Mas o compadre pobre, que era espertalhão, foi lá de noite e  roubou-lho. No dia seguinte, quando o rico deu pela falta do porco, correu a casa do  compadre pobre e muito aflito contou-lhe o acontecido. Este, fazendo-se  desentendido, dizia-lhe: Assim, compadre! Bravo! Muito bem, muito bem! Assim é  que há-de dizer para se esquivar de dar o lombo ao abade!

O rico cada vez teimava mais ser certo terem-lhe roubado o porco; e o pobre  cada vez se ria mais, até que aquele saiu desesperado, porque o não entendiam.

O que roubou o porco ficou muito contente e disse à mulher: Olha, mulher,  desta maneira também havemos de arranjar vinho. Tu hás-de ir a correr e a chorar  para casa do compadre, fingindo que eu te quero bater; levas um odre debaixo do  fato, e quando sentires a minha voz, foges para a adega do compadre e enquanto  eu estou falando com ele, enches o odre de vinho e foges pela outra porta para  casa. A mulher, fingindo-se muito aflita, correu para casa do compadre, pedindo que  lhe acudisse, porque o marido a queria matar. Nisto ouviu a voz do marido e correu  para a adega do compadre, e enquanto este diligenciava apaziguar-lhe a ira, enchia  ela o odre. Tinha-lhe esquecido, porém, um cordão para o atar, mas tendo uma ideia  gritou para o marido: Ah! Goela de odre sem nagalho! O marido, que entendeu,  respondeu-lhe: Ah, grande atrevida!... Que se lá vou abaixo, com a fita do cabelo te  hei-de afogar! Ela, apenas isto ouviu, desatou logo o cabelo, atou com a fita a boca  do odre e fugiu com ela para casa. Desta maneira tiveram porco e vinho sem lhes  custar nada, e enganaram o avarento do compadre. 

Nota:
Adolfo Coelho: "Contos Populares Portugueses" (1879)

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