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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

RESISTIR É O QUE NOS RESTA

 Começou o Inverno, depois de longos meses de desgraças que nos secaram a confiança e nos deixaram de frente com a crueza da vida efémera, contingente, desamparada, apesar da ciência, da técnica, da economia sofisticada, da política que promete paraísos, do amor que nos tapa as misérias.
A serenidade fraqueja, a solidariedade fica-se pelas lágrimas e o desânimo toma-nos conta das ruas e das casas, das noites e dos dias, ficamos obtusos a olhar para os televisores, que tanto nos regam a esperança, com a chegada das vacinas, como nos arrepiam com novidades inesperadas de refinamento da agressividade da ameaça, falsária, mutante, traiçoeira como os predadores de emboscada.
Estamos cansados, certamente, mas feito o caminho até aqui haverá que recorrer às forças que restam, porque o remédio é resistir, mesmo que doa como nunca sentimos nos dias das nossas vidas.
Objectivamente as condições de que dispomos permitem encarar a situação com inteligência, o que passa por adoptar comportamentos ainda mais defensivos, cautelosos e exigentes connosco e com os outros, sem chicoespertismos ou oportunismos agarotados, que se revelarão, porventura, fontes de tragédias sem retorno.
Lamentamos o Natal áspero do distanciamento e o ano novo sem a volúpia da festa, mas pode ser que haja novos tempos de alegria, partilha, fraternidade e da liberdade que nos faz falta. Entretanto, como não estaremos para desistir vale a pena não perder as referências para o futuro, não descuidando os desígnios que a história de nós reclama.
As coisas não ficarão como estão, talvez nem como eram. Apesar de tudo, pode ser uma oportunidade para demonstrar aos que confundiram o horizonte com a ponta do seu nariz que, depois da devastação, é necessário repensar a construção do que há-de vir. Este é o tempo de procurar alternativas ao abandono do território, às omissões de direitos fundamentais, ao desprezo por quem fez uma longa jornada de desesperança e chega ao fim definitivamente desiludido.
Ao menos que as próximas gerações possam florir num país mais justo, igualitário e solidário, diferente do que nos trouxe a estes tempos de provação. Os níveis de envelhecimento populacional a que chegámos, agravados pelas soluções de armazenamento nas antecâmeras da morte, ajudam a perceber como nos tornámos estatisticamente infernais apesar dos ares puros e do espaço que não nos falta para respirar profundamente.
Daqui a uns meses os cidadãos destas terras serão chamados a decidir sobre as lideranças locais. Se não se elegerem protagonistas capazes de promover a unidade do distrito e da região  no combate político pela recuperação económica, demográfica e cultural do território, assistiremos, em breve, humilhados e ofendidos, ao estrondoso fechar das portas do futuro.

Teófilo Vaz

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