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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Vaca-loura: Palombar integra Rede de Embaixadores de projeto que estuda população de escaravelho protegido

 A organização não governamental de ambiente Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural integrou, em janeiro de 2023, a Rede de Embaixadores do projeto Vaca-Loura, que tem como objetivo principal compilar e organizar informação enviada pelos cidadãos sobre a distribuição e estado das populações daquele que é o maior escaravelho da Europa: a vaca-loura (Lucanus cervus), espécie protegida, bem como dos restantes escaravelhos da família Lucanidae em Portugal.

Disputa entre machos de vaca-loura. Fotografia João Ferreira.

O propósito final é contribuir para a Rede Europeia de Monitorização da Vaca-Loura, que avalia o estado de conservação desta espécie na sua área de distribuição na Europa.

Este projeto de ciência cidadã é coordenado pela Associação Bioliving, em parceria com a Unidade de Vida Selvagem do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, a Sociedade Portuguesa de Entomologia e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Conta com uma Rede de Embaixadores que funcionam como um elo entre o projeto e as comunidades locais.

Enquanto embaixador, a Palombar irá contribuir para os três pilares deste projeto, que são: “Ciência cidadã e envolvimento da comunidade”, que fomenta a monitorização dos escaravelhos da família Lucanidae, em especial da vaca-loura, através do registo de observações; “Conservação e preservação de habitats”, que visa proteger e restaurar os habitats destas espécies, neste âmbito, a Palombar também irá aderir à Rede de Espaços de Madeira Morta; e “Educação e Sensibilização”, que pretende sobretudo informar a comunidade sobre a importância da madeira morta e das espécies a ela associadas.

Vaca-loura: que espécie é esta e qual a sua importância?

A vaca-loura (Lucanus cervus) é o maior escaravelho da Europa e pertence à família Lucanidae. Além deste, temos em Portugal mais três espécies desta mesma família: o Lucanus (Pseudolucanus) barbarossa, Dorcus parallelipipedus e Platycerus spinifer. Mas centremo-nos na espécie-bandeira deste projeto.

A vaca-loura é uma espécie protegida. Consta no Anexo II da Diretiva Habitats, no Anexo III da Convenção de Berna e está classificada como “Quase ameaçada” pela União Internacional para a Conservação da Natureza. Em Portugal, encontra-se distribuída no norte e centro.

Porquê lhe chamam vaca-loura? Vaca é pelo facto de os machos terem as mandíbulas muito desenvolvidas, as quais parecem cornos. Loura porque tem uma fila de pelos louros que separam os segmentos do corpo. Dependendo da zona do país, é igualmente conhecida por cabra-loura, carocha ou ainda abadejo.

Macho x fêmea, a primazia do dimorfismo sexual

A espécie apresenta um grande dimorfismo (diferenciação) sexual. O macho é inconfundível devido às suas mandíbulas em forma de pinça que usa para combater outros machos. O comprimento do corpo pode variar entre 2,7 e 5,3 cm (sem contar com as mandíbulas). Se contar com estas, pode até ultrapassar os 8 cm de comprimento. O macho desta espécie, quando atinge a idade adulta, só vive cerca de um mês, período durante o qual o maior objetivo é acasalar para gerar a sua descendência, morrendo logo de seguida. Começam a aparecer durante a primavera, tendo o seu pico de atividade nos meses de junho e julho.

Macho de vaca-loura. Fonte: vacaloura.pt.

Já a fêmea é mais pequena, variando entre 2,6 e 4,1 cm. É brilhante, com a cabeça e tórax negros e abdómen e pinças acastanhados. Normalmente, podem ser vistas até setembro, uma vez que demoram mais tempo a pôr os ovos nos locais ideais para o sucesso reprodutor da espécie.

Fêmea de vaca-loura. Fonte: vacaloura.pt

Onde vive e o que come? Árvores antigas de folha caduca são o seu habitat

Vive na madeira e raízes de algumas árvores, principalmente espécies de folha caduca como o carvalho-alvarinho e o castanheiro. Tem preferência por árvores antigas e de grande porte e que já apresentam alguns danos no tronco e nos ramos. Os adultos alimentam-se principalmente de líquidos açucarados, como escorrências de seiva e fruta em putrefação. Já as larvas de vaca-loura vivem nas raízes de árvores antigas durante mais ou menos três anos e alimentam-se de madeira morta e em decomposição.

Vaca-loura presente, floresta saudável

Como todos os seres vivos, a vaca-loura cumpre um papel importante nos ecossistemas e presta serviços ecológicos gratuitos. O consumo e a degradação da madeira morta são fundamentais para manter o bom estado de conservação das florestas, ao permitir a formação de manta morta, a consequente regeneração florestal e o desenvolvimento de comunidades de outros insetos e fungos, os quais, por sua vez, são a base de várias cadeias alimentares. As vacas-louras, assim como outros escaravelhos decompositores de madeira, asseguram, desta forma, um serviço ecológico de grande importância. Além disso, servem de alimento nutritivo para a avifauna.

A existência de madeira morta em decomposição disponível, da qual dependem as vacas-louras e cerca de 20 a 30% das espécies existentes nas florestas mundiais nalguma fase do seu ciclo de vida, segundo estimativas, é essencial para a manutenção do ciclo de nutrientes nos espaços florestais, para a estabilização dos solos, para a fixação de carbono atmosférico, e contribui para a regeneração natural das florestas.

Com o processo de industrialização da floresta em Portugal, as áreas de floresta caducifólia e a disponibilidade de madeira morta em decomposição tornaram-se cada vez mais reduzidas e fragmentadas, tendo estes escaravelhos perdido muito do seu habitat, o que ameaça a sua conservação.

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