A festa da cidade de Mirandela, em honra de Nossa Senhora do Amparo está a chegar ao fim-de-semana final e esta sexta-feira esperam-se milhares de pessoas nas ruas para assistirem à famosa noite dos bombos, com milhares de pessoas a tocar bombo pelas principais ruas da cidade, apinhadas de gente numa folia que contagia e que não deixa ninguém indiferente.
Os mirandelenses chamam-lhe mesmo a noite mais longa do ano. “É certamente o dia do ano em que a gente de Mirandela vai para a cama mais tarde, porque é um dia de pura diversão e de convívio com os que moram cá e aqueles que estão fora, em Portugal e no estrangeiro. Alguns só os vemos nessa noite e depois só voltamos a encontrá-los no ano seguinte”, conta Manuel Silva, um mirandelense para quem a noite dos bombos é sagrada, há 40 anos”.
Para o juiz da confraria de Nossa Senhora do Amparo, não restam dúvidas que esta tradição “é uma imagem de marca que seduz milhares de pessoas e os bombos de Mirandela estão imortalizados”, acredita Sílvio Santos.
Esta tradição original começou precisamente há 60 anos. “Em 1963, eram meia dúzia, mas agora, as pessoas vêm de todo o lado tocar bombo e é difícil encontrar alguém em Mirandela que não tenha um bombo em casa", conta Rui Barreira, um dos mentores do evento. "Isto já atingiu proporções impensáveis", confessa este empresário da terra da alheira que recorda como tudo começou. "Na altura, um grupo de Mondim de Basto vinha de comboio, durante a madrugada, para fazer a arruada. Pedimos emprestados os bombos em troca de uma garrafa de whisky e começamos a tocar pela ponte velha. Gostamos tanto que nos anos seguintes a moda pegou e tivemos que começar a alugar bombos para satisfazer centenas de mirandelenses", explica Rui Barreira, acrescentando que nos primeiros anos pediram emprestadas as batas brancas aos médicos do hospital para desfilarem pelas ruas a tocar bombo.
Atualmente, já não é possível alugar dado o aumento brutal de adesões que se alargou aos forasteiros com grupos organizados. “Agora até já há famílias inteiras a integrar o desfile e grupos de amigos que usam fardas personalizadas”, diz Mário Esteves, outro fundador da tradição e o “maestro” da famosa noite dos bombos. “Fui regente da banda de Mirandela e sempre tive jeito para isto e eles precisavam de quem os comandasse”, conta.
Por volta da uma da manhã, os "tocadores de bombo" vão concentrar-se no santuário de Nossa Senhora do Amparo Têm à sua espera, centenas de litros de sangria, vinho, barris de cerveja, potes de rancho, sardinhas, alheiras e outros produtos regionais.
Por volta das duas da manhã, e já com milhares nas ruas para assistir ao desfile, os tocadores de bombo vão percorrer as principais artérias da cidade durante horas. Aos primeiros raios de sol, os mais resistentes ainda fazem barulho.
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