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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 21 de julho de 2024

O PARECER DO " MESTRE" SOBRE IMIGRAÇÃO

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Na adolescência viajei por terras estranhas. Comprei casa, e casei. Nasceu uma menina. Minha mulher era dona de casa. Trabalhei para sustentar família e a filha estudar.
A casa degradou-se. As paredes ganharam humidade; o telhado deixou cair pingas, se a chuva apertava; as caleiras rotas, jorravam em catadupas. Resolvi fazer obras.
Após o casamento, nunca fui à Serra da Estrela, nem veraneei no Algarve; só realizei duas escapadelas, por um dia, a Espanha. Criei pé-de-meia.
Como disse restaurei a casa. A moradia que comprei em solteiro, transformou-se num lar moderno, confortável e bonito.
As obras duraram três meses. No final, vizinhos e amigos perguntaram-me: se fui bafejado pela sorte! - Lotaria ou Euro-milhões. Ninguém pensou que era o fruto de quarenta anos de trabalho (incluindo serviço militar,) apenas afirmavam que estava rico!
Durante as obras entabulei conversa com o encarregado. Entre outros assuntos " explicou-me" a razão por que precisávamos de imigrantes
No parecer do bom homem, que se intitulava " Mestre", e que mais tarde emigrou para a Bélgica – na esperança de vir a estabelecer-se, em Portugal, – a imigração é devido a facilidade de estudar:
- " Trabalhei – disse o "oficial" – desde os catorze anos; mas aos doze já ajudava o paizinho nos biscatos. Aprendi a "arte" e cheguei a " Mestre"; mas ganho pouco mais que o aprendiz! A empresa só sobe o salário mínimo!... Dizem que é de lei!
- " Ora diga-me o senhor: na idade deste moço – apontava para o aprendiz, – já alisava paredes, fazia canalizações, assentava mosaicos e azulejava…. Agora este rapaz nada sabe fazer...nem massa!... Conhece inglês e algum alemão, que aprendeu quando andava por lá... Os rapazes de agora têm vergonha desta profissão. Envergonham-se de ver colegas doutores e terem que trabalhar para eles. Preferem emigrar...
-” Outrora eram os nossos que partiam com a terceira ou quarta classe, para fazerem o que os franceses e alemães tinham vergonha de fazerem; agora são os africanos, asiáticos e os "americanos" que chegam para executarem o que os nossos não querem..."
Não comentei, nem comento. Registo.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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