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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 5 de março de 2025

Uma das maiores enchentes de sempre garante a organização do Entrudo Chocalheiro, em Podence, Macedo de Cavaleiros

 Terminou esta terça-feira, o Entrudo Chocalheiro de Podence, no concelho de Macedo de Cavaleiros com um balanço muito positivo, superando todas as expetativas da organização, durante estes quatro dias do “carnaval mais genuíno do país”.


O evento terminou com a queima do careto gigante na eira da aldeia, como forma de despedida, um momento carregado de simbolismo, em que o fogo apaga todas as tropelias e chocalhadas para passar à quarta-feira de cinzas e entrar na quaresma. Eram muitos os que aguardavam com expectativa este momento.

A adesão do público foi muita, vinda de várias partes do país, mas também de outras nacionalidades. Possivelmente, no último dia de programa, o número de visitantes ultrapassou as 50 mil pessoas, sendo este provavelmente o “maior evento de Trás-os-Montes, que conta com um orçamento pequeno de 30 mil euros, mas que cada vez mais atrai mais turistas:

“O melhor carnaval em termos de adesão de público. Foram quatro dias de milhares de pessoas, tendo excedido todas as nossas expectativas. Com aqueles constrangimentos que nós já sabemos, mas não foi isso que fez com que visitantes, de norte a sul do país, viessem ver os caretos, com este ícone de Trás-os-Montes, Património Cultural Imaterial da Humanidade. E que dá um grande orgulho a este território. O objetivo é manter esta tradição viva, com um património único e que temos de levar ainda mais longe e conquistar outros troféus”.

Também o presidente da Junta de Freguesia de Podence e Santa Combinha, João Alves, refere que foi das maiores enchentes do Entrudo e explica o porquê:

“É a maior enchente de todos os tempos. Sábado tivemos muita gente, foi brutal. Domingo, apesar do frio, tivemos muita gente. Tivemos mais de 100 autocarros, 200 caravanas, para além dos milhares de veículos ligeiros. E hoje domingo, (15h30) estamos com um grande problema que não temos onde estacionar os carros. Os parques estão todos cheios. Este também conseguimos os parques paralelos à auto-estrada, que levam muitos carros e temos tudo cheio. Ainda agora me ligou o Senhor Comandante da GNR a informar que está tudo lotado. Só isso diz tudo. E por exemplo, ter mais uma noção, a caixa multibanco foi carregada na sexta-feira com 40 mil euros e sábado, não tinha dinheiro”.

Já o público destaca a autenticidade do evento:

“Por ser o maior carnaval daqui de Portugal. Eu gostei dos chocalhos. Mas se há chocalhos, nós sambamos juntos”, contou Rose Mendes, brasileira, que veio de Vila Nova de Gaia.

O Entrudo de Podence é muito famoso e bonito. E já nós indicaram que valia a pena vir. Gosto muito da comida portuguesa, a paisagem, as gentes e o entrudo é muito autêntico”, disse Manuel Fernandez, vindo de Santiago de Compostela.

“Vim porque já tinha estado há dois anos atrás, e gostei imenso e hoje voltei, para repetir. Embora não venha com a indumentária, porque gosto de tudo aquilo que é português e é tradição. E temos que viver o Carnaval. São especiais porque mantêm a nossa tradição viva, não é? E no fundo porque há aqui um historial de chocalhar a mulher, para entre aspas desencalhar”, respondeu Sónia Pinto, vinda de Vila Nova de Gaia.

“Mas que trouxe uma amiga, Elisabete Fonseca: Vim por arrasto, a minha colega tinha-me dito que era muito bonito. Já tinha ouvido falar do carnaval de Podence e tinha dito que era muito bonito. Já tinha ouvido falar deste carnaval, mas nunca tinha vindo. Tive curiosidade de vir. E aproveitei a oportunidade de vir. Para além de ser Património Mundial, e preservar a nossa tradição”.

“Principalmente, a manutenção da tradição, e fazer conhecer a aldeia, e as tradições transmontanas, não só estas, mas aqui da região, penso que isso é o principal”, confessou José Castro, que vive no Porto e tem família em Podence, e vem sempre “fazendo aqui a festa”.

É a primeira vez. Pensei que fosse mais pequeno e é bastante extenso. E está bonito. Cheguei eram 11h00, almocei por cá e estou a gostar de viver esta experiência”, proferiu Manuel Soares.

Pela aldeia, a gastronomia pôde ser saboreada em 28 tabernas. Este ano a organização do evento contou com alguns constrangimentos, que foram ultrapassados e em que nada afetaram a preparação do evento, a não ser na diminuição do número de expositores, que este ano, foram cerca de 50 e que ficaram localizados em volta do edifício da escola primária. Para quem participa, é sempre uma mais valia:

“Já participo há oito anos. Venho porque trabalho muito bem aqui. Já me preparo com pessoal para dar resposta a tantos pedidos. É um sucesso.”, contou um dos expositores, desta vez, vendedora de crepes, Raquel Chaves.

“Estou aqui há seis anos. Criei uma marca que é a cara de careto, inspirada nos caretos e a minha marca consiste em que seja usado no dia-a-dia, não só neste dia. E faço esta feira, como faço outras no país, em Leiria, Lisboa. Levo um bocadinho de Podence. Participar tem sido uma aposta ganha”, destacou Liliana Barraca.

“Tenho participado sempre. Este ano há muita gente e estou a vender mais ou menos. Vendo fumeiro, a alheira, o chouriço, o salpicão, o butelo que já não tenho e a chouriça doce tradicional de Trás-os-Montes”, especificou Helena Teixeira.


Este ano salienta-se a inauguração de uma exposição de Kamane, no domingo, intitulada “Symphony for mask and colors”, e na segunda-feira, foi também o Mural do Papa Francisco que vai ficar para sempre na parede de uma casa na praça central da aldeia, num momento cheio de emoção e carregado de simbolismo e é passa a ser mais um motivo, desta vez de peregrinação à aldeia mais colorida de Portugal. Já Benjamim Rodrigues, autarca macedense, salientou que estas tradições estão a criar sustentabilidade local, em termos económicos, de forma a preservar o património e a identidade cultural e a fixar pessoas no território.

Foram quatro dias de festa, com muitos caretos à solta, que suscitam a curiosidade que quem vem, que num ritual, com “as chocalhadas” às mulheres, num ato simbólico que remete para uma origem remota e uma possível ligação a antigos rituais agrários e de fertilidade.

A par com o Entrudo Chocalheiro de Podence, foi promovido mais um fim de semana gastronómico, desta vez, ao grelo, que contou com 17 restaurantes aderentes.

O evento é organizado pela Associação Caretos de Podence, Município de Macedo de Cavaleiros e a Junta de Freguesia de Podence e Santa Combinha.

Escrito por Rádio ONDA LIVRE

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