Num ano em que se espera, na região, uma campanha abaixo do razoável, a amêndoa convencional e a biológica estão com uma diferença de preços reduzida. José Rachado tem cerca de 50 hectares de amendoal no Felgar, no concelho de Torre de Moncorvo. A produção é toda biológica e diz que nunca esperou assistir a este cenário, no que toca aos preços. “Os custos de produção da biológica são superiores, muito superiores. Tratamentos quase não se podem fazer, há bastantes perdas com algumas doenças que afetam o amendoal, começa a deixar de compensar produzir biológica”, referiu o produtor, que disse que nunca penso ver o preço entre a convencional e a biológica tão perto. “A diferença era sempre praticamente para o dobro, quando não era para o dobro eram sempre diferenças superiores a um euro em quilo. Nesta altura, por acaso, não estou a vender, mas falei com pessoas que venderam recentemente, a diferença é de 16/17 cêntimos”, referiu ainda.
Assim sendo, pondera desistir da produção biológica. “Temos de pesar duas coisas, por um lado temos um apoio superior na agricultura biológica, por outro lado as produções são muito menores e o que ganhamos de um lado vamos perder do outro. Amendoal não planto mais e só não arranco porque foi um custo grande de investimento, se não, metade era capaz de arrancar. Se soubesse que isto ia acontecer tinha apostado noutra cultura”.
Em 2024 a produção de amêndoa na região aumentou, mas, segundo Bruno Cordeiro, presidente da Cooperativa Agrícola de Produtores de Amêndoa de Trás-os-Montes e Alto Douro, este ano perspetiva-se o contrário. “Vai ser uma campanha um pouco irregular, há zonas em que ainda vai haver alguma amêndoa e noutras não vai haver nada. Tem a ver com as variedades, aquelas variedades que floriram primeiro apanharam intempéries e aí penso que vai haver pouca amêndoa. As variedades mais tardias é que penso que ainda vão assegurar alguma amêndoa. Em questões de quantidade penso que vai ser pior que o ano passado”.
Albino Bento, presidente do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos, assume que o grande problema na região continua a ser a falta de regadio. Sem água não se consegue competir com outras regiões. “Neste momento, a principal região produtora de amêndoa do país, com a mesma área que Trás-os-Montes, é o Alentejo. O Alentejo, neste momento, produz quase quatro vezes mais do que Trás-os-Montes. Aqui, na região, temos um nível produtivo por hectare que pouco passa dos mil quilos, em média. Se calhar, nem chega. Já os amendoais têm níveis produtivos sempre acima de quatro toneladas, em média”.
Num ano em que se espera uma campanha irregular, o preço a que o quilo da amêndoa convencional é pago ao produtor subiu. Ainda assim, o preço da amêndoa biológica não tem subido, o que faz com que a diferença entre uma e outra seja pequena.
O quilo do miolo da amêndoa convencional está a cerca de 4,85 e a biológica a 5,15.
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