Por: António Pires
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Na semana passada, à semelhança do que acontece anualmente, a comunicação social divulgou a "tabela classificativa" das escolas do ensino secundário em Portugal. Mais uma vez, e sem que ninguém tenha ficado estupefacto, o ensino privado deu nova "banhada" ao ensino público.
É evidente que este festival de vaidades e ostentação, que cumpre este ano a 25.ª edição, mais do que qualquer outro, tem o propósito de propagandear um negócio muito lucrativo e apetitoso, só tem o valor que lhe quisermos dar, porquanto não é recomendável nem sério comparar dois sectores com realidades diametralmente tão distintas.
Ainda que gastos, pelo uso, os argumentos (irrefutáveis) de quem advoga não haver mérito para os "vencedores", pelo simples facto de estarmos perante um jogo viciado e subvertido, convém relembrar o quão multifacetado e heterogéneo é o Ensino em Portugal, para estabelecermos termos de comparação, em realidades não comparáveis.
A tendência da Escola pública é, por imperativo da Lei Fundamental, de inclusão. Ela acolhe alunos das mais diversas condições sociais, sendo que um considerável número dos que representam as mais baixas, oriundos de famílias destruturadas, que vivem em contextos socio económicos nada desejáveis, a frequenta, porque a tal são obrigados, sob pena dos progenitores perderem os apoios sociais. Por norma, são alunos a quem a aprendizagem nada lhes diz. Andam ali, por andar. Na sala de aula, sem qualquer motivação, só garantem a presença do corpo.
Inversamente, a Escola privada é elitista. Aí não há lugar para alunos do RSI. Apenas um privilégio de meninos bem - nascidos, cujos papás têm a disponibilidade financeira para pagar 600 euros mensais, não incluindo o valor das disciplinas e/ou actividades extracurriculares - como acontece, por exemplo, no colégio Nossa Senhora do Rosário.
O lado B destes rankings, nunca mencionado, por razões "inscritas" no protocólogo do politicamente correcto, são as diferenças no que diz respeito à qualidade científica e pedagágica dos docentes.
Nos colégios privados leccionam os melhores professores; a nata da nata. No ensino público - refiro-me ao terceiro ciclo - misturam-se docentes de assinalável e reputada competência (neste aspecto, na honrosa qualidade de aluno do liceu, fui um privilegiado ), com sujeitos que - duvido saibam redigir uma acta de reunião -, enquanto estudantes desse mesmo grau de ensino, eram autênticos cábulas e mediocres. Sujeitos que só representam a nobre profissão, porque, por um lado, durante vários anos, alguém, no tempo dos mini - concursos, lhes guardava, na gaveta, os horários de 2/3 horas, que nenhum candidato, forasteiro ou da casa, aceitava, porque sabia que os Directivos não lhos completariam; e porque são o produto da democratização anárquica do ensino superior, a partir dos anos 90, em que proliferaram, quais cogumelos em pinhais, as fábricas de ensino de qualidade duvidosa - para usar, com benevolência, o enfemismo que as boas maneiras o exigem.
O dia que for politicamente correcto (não confundir com inteligência emocional) não só serei hipócrita, como correrei o risco de perder o meu Eu, a minha tão vincada essência.
É evidente que este festival de vaidades e ostentação, que cumpre este ano a 25.ª edição, mais do que qualquer outro, tem o propósito de propagandear um negócio muito lucrativo e apetitoso, só tem o valor que lhe quisermos dar, porquanto não é recomendável nem sério comparar dois sectores com realidades diametralmente tão distintas.
Ainda que gastos, pelo uso, os argumentos (irrefutáveis) de quem advoga não haver mérito para os "vencedores", pelo simples facto de estarmos perante um jogo viciado e subvertido, convém relembrar o quão multifacetado e heterogéneo é o Ensino em Portugal, para estabelecermos termos de comparação, em realidades não comparáveis.
A tendência da Escola pública é, por imperativo da Lei Fundamental, de inclusão. Ela acolhe alunos das mais diversas condições sociais, sendo que um considerável número dos que representam as mais baixas, oriundos de famílias destruturadas, que vivem em contextos socio económicos nada desejáveis, a frequenta, porque a tal são obrigados, sob pena dos progenitores perderem os apoios sociais. Por norma, são alunos a quem a aprendizagem nada lhes diz. Andam ali, por andar. Na sala de aula, sem qualquer motivação, só garantem a presença do corpo.
Inversamente, a Escola privada é elitista. Aí não há lugar para alunos do RSI. Apenas um privilégio de meninos bem - nascidos, cujos papás têm a disponibilidade financeira para pagar 600 euros mensais, não incluindo o valor das disciplinas e/ou actividades extracurriculares - como acontece, por exemplo, no colégio Nossa Senhora do Rosário.
O lado B destes rankings, nunca mencionado, por razões "inscritas" no protocólogo do politicamente correcto, são as diferenças no que diz respeito à qualidade científica e pedagágica dos docentes.
Nos colégios privados leccionam os melhores professores; a nata da nata. No ensino público - refiro-me ao terceiro ciclo - misturam-se docentes de assinalável e reputada competência (neste aspecto, na honrosa qualidade de aluno do liceu, fui um privilegiado ), com sujeitos que - duvido saibam redigir uma acta de reunião -, enquanto estudantes desse mesmo grau de ensino, eram autênticos cábulas e mediocres. Sujeitos que só representam a nobre profissão, porque, por um lado, durante vários anos, alguém, no tempo dos mini - concursos, lhes guardava, na gaveta, os horários de 2/3 horas, que nenhum candidato, forasteiro ou da casa, aceitava, porque sabia que os Directivos não lhos completariam; e porque são o produto da democratização anárquica do ensino superior, a partir dos anos 90, em que proliferaram, quais cogumelos em pinhais, as fábricas de ensino de qualidade duvidosa - para usar, com benevolência, o enfemismo que as boas maneiras o exigem.
O dia que for politicamente correcto (não confundir com inteligência emocional) não só serei hipócrita, como correrei o risco de perder o meu Eu, a minha tão vincada essência.
António Pires
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