Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 25 de maio de 2025

A IRMÃ MIQUELINA

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Começo por dizer que não se chamava Miquelina; mas, como o que vou relatar é verdadeiro, devo, por respeito, ocultar o verdadeiro nome.
Miquelina era moça recatada, tímida e modesta. Trabalhava como mulher de limpeza, num hospital.
Diariamente era solicitada por médicos, enfermeiras, e pelas Religiosas, que mantinham o respeito, a ordem, e a manutenção da Casa.
Se demorava a responder, quando a chamavam, logo vinha, de mau humor, a severa reprimenda:
- " Miquelina, não sabe que o serviço era para ontem?!; Miquelina, são horas de chegar?!; Miquelina, mexa-se, parece que tem ovos debaixo dos braços?!; Miquelina, acha que isto está bem limpo?! -  Dizia a madre, mostrando a ponta do indicador, depois de o passar pela mesa.
E a moça, acabrunhada, tudo ouvia de cabeça baixa, sem altercar, sem se desculpar...
Não tinha namorado. Bem o desejava, mas ninguém se interessava por ela. Era faxineira, ganhava pouco, e os rapazes não queriam sustentar mulher; mas, que ela os sustentasse.
Uma noite fria, que estava de serviço, saltou-lhe a ideia de buscar outro emprego; mas não descortinava qual, quando se lembrou de ser Religiosa.
Os anos passavam...a idade avançava... e, os rapazes já não eram como os do tempo de seus pais – o que procurava: era beleza e dinheiro.
Falou do intento, e como era educada, obediente, sisuda e respeitadora, foi aceite como noviça.
Uma década se passou..., por mero acaso foi parar ao mesmo hospital em que trabalhou.
Logo na portaria sentiu a diferença – o segurança cumprimentou-a com a boca cheia de sorrisos.
As Irmãs tratavam-na com deferência; os médicos e enfermeiras, pediam-lhe por favor, e tratavam-na por Irmã; e até o Senhor Administrador, fazia reverência e apertava-lhe respeitosamente a mão.
Admirou-se de tal mudança. Não era a mesma? Até os jovens médicos olhavam-na dissimuladamente e pensavam: " Que pena uma jovem tão engraçada e trabalhadeira, não se ter casado!..."


Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

Sem comentários:

Enviar um comentário