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| Os abutres na estrutura de aclimatação no Douro Intermacional. Foto: Uliana de Castro/Palombar |
Os seis abutres-pretos (Aegypius monachus) que estavam na estação de aclimatação na aldeia de Fornos, no concelho de Mogadouro, em pleno Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), quando deflagrou o grande incêndio de 15 de agosto já regressaram à estrutura na quarta-feira, 10 de setembro, anunciou agora a Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural.
“campanha de crowdfunding, lançada pela Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural no âmbito do projeto LIFE Aegypius Return para recuperar a colónia de abutre-preto do Douro Internacional, considerada a mais isolada e frágil do país, após esta catástrofe ambiental, está a ser fundamental para retomar os esforços de conservação.”
Até ao momento a campanha conseguiu 36% (10.800 euros) do valor necessário (30.000 euros) para fazer face aos danos provocados pelo incêndio. “É essencial atingirmos a meta definida de 30 000€ para cobrir todas as necessidades e continuarmos a salvar esta espécie da extinção.”
Mas esta primeira ajuda já está a dar resultados. Uma das coisas que já se conseguiu foi recolocar na estrutura de aclimatação os seis abutres-pretos que estavam na estação de aclimatação quando deflagrou o incêndio.
As aves tinham sido retiradas dali pela equipa da Palombar, em articulação com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), para as proteger do incêndio, e transferidas para o CIARA – Centro de Interpretação Ambiental e Recuperação Animal, em Felgar, no concelho de Torre de Moncorvo. Neste centro, receberam todos os cuidados adequados desde 15 de agosto, até ser possível o seu regresso a 10 de setembro.
Antes de serem transportados para a estação, os abutres foram alvo de um checkup para avaliar o seu estado de saúde e foram marcados com dispositivos GPS-GSM. “A informação fornecida por estes equipamentos é vital para garantir uma monitorização eficaz e intervenção em situações que coloquem as aves marcadas em risco.”
O dinheiro arrecadado na campanha permitiu comprar os equipamentos e fazer os trabalhos necessários que garantiram o retorno destes abutres-pretos à estação, nomeadamente: avaliar o impacto do fogo na colónia do Douro Internacional; preparar a estrutura para os receber e comprar câmaras de videovigilância para assegurar a monitorização contínua e em tempo real das aves. Muitos dos equipamentos que tinham sido adquiridos pelo projeto foram destruídos durante o incêndio.
De volta à estação, os seis abutres-pretos mostraram que já conheciam os cantos à “casa”, revelando comportamentos de reconhecimento e bem-estar.
A campanha também já financiou a limpeza da área do Campo de Alimentação para Aves Necrófagas (CAAN) de Fornos, o reforço da disponibilidade de alimento para os abutres-pretos em toda a zona afetada pelo incêndio e a monitorização in situ dos juvenis e adultos desta colónia. Já foram realizadas reuniões com a comunidade local da União de Freguesias de Lagoaça e Fornos para a implementação de sementeiras e comedouros na área afetada pelo incêndio nesta freguesia e a identificação de zonas e árvores para a instalação de novas plataformas-ninhos na colónia no outono.
O projeto LIFE Aegypius Return é cofinanciado pelo Programa LIFE da União Europeia. É implementado por um consórcio que integra a Vulture Conservation Foundation (VCF), o beneficiário coordenador, e os parceiros locais Palombar (com co-financiamento da Viridia – Conservação em Ação e MAVA – Fondation pour la Nature), Herdade da Contenda, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Liga para a Protecção da Natureza, Faia Brava – Associação de Conservação da Natureza, Fundación Naturaleza y Hombre, Guarda Nacional Republicana e Associação Nacional de Proprietários Rurais Gestão Cinegética e Biodiversidade.


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