Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 20 de setembro de 2025

Portugal e mais três países preparam estratégia transfronteiriça para salvar a toupeira-de-água

 Espécie Em Perigo, a toupeira-de-água está a desaparecer silenciosamente. Portugal, Espanha, Andorra e França estão a preparar uma estratégia transfronteiriça para tentar travar a sua extinção.

Toupeira-de-água. Foto: Joxerra Aihartza/WikiCommons

A toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus) é um mamífero semi-aquático que vive apenas em rios e ribeiras de montanha nos Pirinéus (Andorra e França), no Centro e Norte de Espanha e no Norte de Portugal.

Em 2021, a espécie viu o seu risco de extinção passar de Vulnerável a Em Perigo na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Toupeira-de-água. Foto: David Perez/WikiCommons

Há cerca de dois anos começou a ser pensada uma estratégia transfronteiriça para travar o desaparecimento da toupeira-de-água, juntando Portugal, Espanha, Andorra e França. Em Janeiro deste ano, a UICN organizou em Madrid, Espanha, uma reunião dedicada a esse documento.

Nessa reunião, além do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), participaram a Agência Portuguesa do Ambiente, várias universidades e centros de investigação do norte de Portugal e várias ONG ligadas a temas relevantes relacionados com a toupeira-de-água, como a remoção de barreiras fluviais e o controlo de espécies invasoras.

Segundo uma nota do ICNF enviada a perguntas da Wilder, “importa conjugar esforços para que sejam identificadas e implementadas as soluções mais eficazes para melhorar o estado de conservação da espécie”.

Neste momento, “a espécie está ameaçada nos quatro países da sua área de distribuição (Portugal, Espanha, Andorra e França) e com populações em franco declínio”. Por isso, a conservação destas populações, que vivem em bacias hidrográficas partilhadas por diferentes países, “depende de uma gestão articulada entre diferentes territórios”.

A estratégia transfronteiriça pretende ainda uniformizar metodologias de trabalho e medidas a implementar e promover a partilha de conhecimento entre os países.

Portugal tem estado representado na equipa de elaboração da estratégia, coordenada pela UICN, através do ICNF.

No âmbito desta estratégia já foi elaborada a situação de referência da espécie. Depois foi definida uma equipa de trabalho com representantes dos quatro países, que começou a definir o modelo de estratégia e o processo de elaboração da mesma. Esta equipa foi também responsável pelo encontro de Madrid, onde se discutiram “os temas considerados relevantes para uma estratégia transfronteiriça: investigação, gestão da água, dos cursos de água e respetivas bacias hidrográficas, reprodução ex-situ, espécies invasoras e governança”, segundo o ICNF.

A Wilder perguntou esta semana para quando está prevista a apresentação de uma proposta de estratégia mas o Instituto ainda não tem previsão de datas.

Em Portugal já foram estabelecidos contactos entre as entidades dos vários países participantes, no sentido de serem elaborados projetos de conservação dedicados a esta espécie e financiados por fundos europeus. “A elaboração de um plano nacional poderá ser uma das ações a implementar no âmbito desses projetos”, adiantou o ICNF.

As ameaças à toupeira-de-água

Em Portugal, a toupeira-de-água perdeu 30% da sua área de ocorrência nos últimos dez anos, restando populações isoladas. As principais causas são a construção de barragens, a poluição dos rios e a destruição da vegetação ribeirinha.

Mas há mais ameaças, entre elas as alterações climáticas e a predação pelo visão-americano (Neovison vison), espécie exótica.

Não existe estimativa sobre quantas toupeiras-de-água restam no nosso país. ” Os dados populacionais sobre a espécie em Portugal são escassos e antigos e não refletem a situação atual da espécie”, admitiu à Wilder o ICNF. “Desde 1995 que não é realizada uma avaliação completa da área de distribuição da espécie com base em amostragens de campo.”

Mas os alarmes já tinham soado em Portugal. Em 2018, um estudo publicado a 20 de Junho na revista científica Animal Conservation por uma equipa de cinco investigadores do CIBIO-InBIO avisou que nos últimos 20 anos, este animal desaparecera de 63,5% dos locais onde existia nas bacias do Tua e do Sabor.

“Nos estudos parciais que têm sido realizados, tem-se verificado um registo crescente de não confirmações de presença da espécie em locais onde estava anteriormente presente, estimando-se uma diminuição da área de distribuição em cerca de 60%”, acrescentou o ICNF.

“Recentemente, no âmbito de um projeto de um grande aproveitamento hidroelétrico, obtiveram-se dados populacionais para a área de estudo desse projeto que, extrapolados para a previsível área de distribuição atual da espécie em Portugal, estimam uma população nacional entre 1692 e 3066 exemplares.”

Neste momento, “as principais ameaças à espécie são as alterações climáticas, a fragmentação de populações e dos habitats pela existência de barreiras fluviais (e construção de novas barreiras), a erosão genética das pequenas populações isoladas, a predação por visão-americano, os grandes incêndios e a desnaturalização dos cursos de água e das suas margens em geral”.

Na verdade, este mês, Jorge González Esteban, biólogo da Desma Estudios Ambientales e um dos maiores especialistas mundiais na espécie, alertou que os incêndios deste verão revelaram-se fatais para a toupeira-de-água. “Arderam algumas das melhores bacias hidrográficas para a toupeira-de-água na Galiza, Astúrias, Leão, Zamora, Palência e Estremadura”, lamentou Jorge González Esteban à agência de notícias espanhola EFE.

Além da dificuldade de resolver estas ameaças que, lembrou o ICNF, atuam de forma conjugada, “desconhecem-se vários aspetos da biologia da espécie e ainda não se conseguiu reproduzir a espécie em cativeiro”. “A longevidade média da espécie é baixa (cerca de três anos), podendo atingir até cinco/seis anos em cativeiro, o que não permite garantir a sobrevivência da espécie.”

Para Jorge González Esteban, a toupeira-de-água é “uma verdadeira jóia do nosso património natural” que “morre, em silêncio, discreto como ela é. Sem que ninguém se importe”.

Sem comentários:

Enviar um comentário