Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
O Prémio António Champalimaud de Visão que este ano celebrou 19 anos (foi instituído em 2006, no ano seguinte à criação da Fundação Champalimaud) é conhecido, internacionalmente como o Nobel da Visão. Pelo montante atribuído aos vencedores (um milhão de euros – o Nobel “apenas” entregou, em 2024, aos laureados, em cada uma das categorias contempladas, onze milhões de coroas suecas que, à data corresponderam a menos de novecentos e setenta mil euros), pelo prestígio internacional que confere aos premiados, mas principalmente e sobretudo pelos benefícios carreados para as populações mais desfavorecidas, diretamente ou através das descobertas de notáveis e reconhecidos cientistas nas diferentes disciplinas da oftalmologia. O objetivo é nobre e está a ser perseguido com grande determinação e empenho: acabar com toda a cegueira evitável, em todo o mundo. Total ou parcial. E, entretanto, ir proporcionando às pessoas com menos recursos, tratamentos eficazes e atualizados à luz das melhores práticas médicas. Seguramente que o fundador haveria de sentir realizado o nobre propósito que o impeliu a criar uma fundação a que determinou que tivesse “por objeto e finalidade o desenvolvimento da atividade de pesquisa científica no campo da medicina”. Embora tivesse determinado que a forma e o modo de concretizar tais desideratos seriam definidos e totalmente determinados de comum acordo pela presidente vitalícia, Leonor Beleza e pelo testamenteiro Daniel Proença de Carvalho, seguramente que os problemas de visão que o atingiram no final de vida não são alheios a esta notável iniciativa.
Nos anos pares o prémio distingue cientistas ou institutos de investigação que se dedicam à pesquisa de terapias inovadoras para o tratamento das doenças óticas. Este ano, tal como acontece todos os anos ímpares o prémio destinou-se a instituições que no terreno tratam, cuidam e promovem boas práticas no apoio a utentes com problemas de visão. No anfiteatro à beira Tejo, numa cerimónia presidida pelo Presidente da República e contando com a presença de distintas personalidades, civis, militares e religiosas, Leonor Beleza reafirmou a vontade e determinação em continuar o percurso iniciado há, precisamente, duas décadas, com a manutenção do prestigiado prémio, a contínua melhoria na pesquisa e tratamento do cancro, com especial menção para o pancreático e o reforço da investigação em neurociências e terapias digitais, com a abertura, para breve, de uma nova clínica nesta área da qual se espera uma autêntica revolução nos tratamentos com a intervenção, cada vez maior, das ferramentas e tratamentos baseados na Inteligência Artificial.
Dentro de pouco tempo irão ser conhecidos os prémios Nobel atribuídos pela Academia Real das Ciências da Suécia. Nessa altura e há quase uma vintena de anos, continuará a haver, nas áreas da investigação e da prática médica, em oftalmologia, cancro, neurociências e terapias digitais, uma honrosa referência a Portugal.
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia), A Morte de Germano Trancoso (Romance) e Canto d'Encantos (Contos), tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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