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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A origem de Miranda do Douro

A origem de Miranda do Douro como povoação é bastante obscura. Com base em alguns achados arqueológicos, há historiadores que defendem que Miranda teria origem num castro da época do bronze. É aceitável que a povoação castreja, no lugar onde existe o castelo, se tenha convertido num pagus visigótico na alta Idade Média e que o seu possuidor – Miranda – tivesse dado o nome a toda esta Terra de Miranda, tal como Terra de Bragança, Terra de Ledra e outras.

Não foram encontrados registos da passagem dos Muçulmanos e supõe-se que Miranda não lhes despertasse interesse por preferirem campinas e terras mais ricas.
Em 1145, na Baixa Idade Média, aparece a designação de Terra de Miranda, em documentos do primeiro rei Português, D Afonso Henriques. Contudo, à época, Miranda do Douro devia ser um povoado obscuro sem importância de relevo.
Miranda do Douro não consta como paróquia nas Inquirições Afonsinas, falando-se antes da Terra de Miranda, onde aparece o nome de algumas paróquias, como sejam Algoso, Outeiro, Lagoaça, Vila Chã da Barciosa, To e outras.
A primeira Carta de Foral de Miranda foi outorgada pelo rei D. Dinis, que a elevou a categoria de Vila em 18 de Dezembro 1286. supõe-se que Miranda tivesse já certa importância nessa altura, mormente pela privilegiada posição estratégica que detinha, como baluarte de defesa militar na linha do Douro, bem como ponto charneira na comunicação social e económica com a vizinha Castela. D Dinis manda mesmo construir um Porto Fluvial, visando as relações comerciais com os vizinhos e ordenou também a construção do Castelo e rodear de muralhas a nova Vila. Sabe-se que D. Dinis passou por Miranda com D. Isabel em 1297, depois do Tratado de Alcanices e que agradeceu o acolhimento dispensado, tendo sido nesta ocasião que concedeu a Miranda a carta de privilégios, que serviria de base, mais tarde, para a elevação de Miranda a cidade.
Miranda do Douro continuou a crescer depois de D. Dinis e D. Fernando faz dela Couto de Homiziados com a intenção de povoar a vila e a região, e D. João I reforça essa intenção chamando mesmo muitos homiziados que havia fugido para Castela.
Ao invés das outras vilas do Nordeste, incluindo Bragança, Miranda tomou partido pelo Mestre de Avis durante o processo da guerra da independência em 1383/85.
D. Afonso V concedeu mais alguns privilégios a Miranda e mandou construir a primeira casa da alfândega, que ainda pode hoje ser admirada na rua a que deu o nome.
Em 1476, pensa-se que D. João II passou por Miranda no caminho da batalha de Toro.
Um novo foral foi concedido por D Manuel em 1510 que também lhe concedeu um conjunto de outros privilégios.
Em 1545, a pedido de D. João III, o Papa Paulo III desmembra a Arquidiocese de Braga e cria uma nova Diocese com Sede em Miranda do Douro, pela bula “pro excelenti” com data de 22 de Maio. Em 10 de Julho – actualmente o dia da cidade – do mesmo ano, D. João III eleva Miranda do Douro à categoria de cidade, com todos os privilégios económicos e sociais inerentes. Foram desmembrados de Braga os territórios de Miranda, Bragança, Vinhais, Outeiro, Monforte de Rio Livre, Vimioso, Chaves e Montalegre.
É legítimo acreditar-se que à escolha de Miranda para sede da nova diocese – a vila mais afastada e remota da diocese de Braga – não terá sido alheio o facto de, desde a carta de privilégios de D. Dinis, Miranda ser território de exclusiva jurisdição do rei, o que eliminaria eventuais receios de fortalecimento de poderes feudais locais.
Entre 1545 e 1640, Miranda conheceu um século de prosperidade e riqueza, de paz e de progresso, transformada num importante centro cultural e económico, capital de Trás-os-Montes, importante praça militar.
Em 1640, mais uma vez Miranda se coloca na primeira linha na defesa dos interesses do “Rei Português” e apoia incondicionalmente D. João IV o que lhe acarretou um período de escaramuças com os vizinhos castelhanos até à consolidação da independência nacional em 1668.
Volta então um período de paz até aos primeiros anos do século XVIII em recomeçam as escaramuças e incursões no território vizinho por parte dos Castelhanos e por parte dos Portugueses.
Em 1710, na guerra da Sucessão ao trono espanhol, Miranda é invadida pelos espanhóis, e assiste à traição do seu governador, Carlos Pimentel, que a vende aos espanhóis por 6 000 dobrões.
Terra de fronteira, sujeita permanentemente à ameaça do vizinho, Miranda passa para o domínio Português em 1711 e vive mais um período de acalmia até 1762, ano da mais pavorosa catástrofe que sobre ela se abateu.
Em 8 de Maio de 1762, durante o decurso da Guerra dos Sete Anos ou Guerra do Mirandum, com a cidade cercada e bombardeada pela artilharia de um corpo de exército espanhol, 30 000 soldados comandados pelo Marquês de Sarriá, dá-se a mais medonha explosão no paiol da praça, com cerca de 500 barris de pólvora. Foi o castelo, uma parte da muralha e muitas habitações destruídas. Morreram cerca de 400 pessoas. Miranda ficou exaurida e rendeu-se aos espanhóis.
Mais tarde, o bispo de Miranda, D. Frei Aleixo de Miranda Henriques, pede a transferência da sede da diocese para Bragança. O Papa Clemente XIV ainda procurou conciliar a delicada situação, criando uma diocese em Miranda do Douro e outra em Bragança. Um novo Bispo mirandês, D. Miguel de Meneses, alegando a pobreza da pequena cidade ainda em ruínas, resignou, informando a Cúria Romana de que a cidade não podia ser para ele nem para nenhum outro sacerdote sede de um bispado.
O Papa Pio VI, por meio de nova Bula, em 1780, integra a diocese de Miranda do Douro na de Bragança. 
Era a desgraça física e moral que se abatia sobre Miranda e que a lançou numa apagada e vil tristeza por duzentos anos.
Mas Miranda haveria de ressurgir!
Nos anos 60, com a conclusão do aproveitamento da central hidro-electrica no rio Douro, suporte da ponte internacional, que, ironia do destino, traz a Miranda os milhares de espanhóis que hoje fazem de Miranda um dos centros de comércio mais importantes do Nordeste.
O centro histórico de Miranda é hoje um largo museu de urbanismo e arquitectura antiga, onde Miranda pode olhar e orgulhar-se do seu passado e projectar o seu futuro, confiada na tenacidade das suas gentes de que tanto se pode orgulhar.

in:terrademiranda.pt

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