sexta-feira, 8 de setembro de 2017

O Telegrafo Eléctrico nas Memórias Arqueológico-Históricas

Houve sempre uma espécie de sinais telegráficos entre os povos antigos. Brados, lume ou fumo, foram sempre os preferidos. Os persas, segundo Diodoro, tinham estabelecido por todo o império linhas de sentinelas, que transmitiam umas às outras, por meio de voz, as novidades ou as ordens do príncipe.
Na expedição dos persas à Grécia colocou-se uma linha semelhante desde Atenas até Susa, e as novidades chegavam ao monarca dentro de quarenta e oito horas.
Da Ásia se espalhou pela Europa a arte de comunicação por sinais. O primeiro exemplo é o caso das vela brancas e pretas de Teseu.
Ésquilo, na tragédia de Agamémnon, nos dá esclarecimentos manifestos de uma comunicação entre a Europa e a Ásia por uma linha de sinais com fogo. Um vigia que por espaço de dez anos observava se a fogueira esta acesa sobre o monte Ida, e que repetida em outros muitos lugares devia servir de aviso a Clitmnestra da tomada de Tróia, brada:
– Graça aos numes, o sinal feliz rompe a escuridade. Salve facho da noite, percursor de um formoso dia! Clytemnestra anuncia depois ao coro a vitória dos gregos; e este lhe pergunta quem lhe dera a notícia.
– Foi Vulcano (responde ela) por seus fogos acesos no monte Ida; de facho em facho a flama mensageira voou até aqui.
Os telégrafos eléctricos foram introduzidos em Portugal com a grande reforma postal em 1852. Até então, havia apenas os telégrafos de tábuas, uma espécie de cancelas móveis, e as suas estações estavam colocadas em pontos elevados e distantes, ordinariamente desertos. Funcionavam lentamente, apenas de dia e com céu claro. Uma ténue neblina que se interpusesse entre duas estações era o bastantes para interromper o serviço e suspender a transmissão de qualquer despacho.
Na estação das chuvas adiantavam quase sempre mais os correios a pé ou a cavalo, pois correios em carros (mala-posta) só depois de 1852 se viram em Portugal. E os mesmos telégrafos de tábuas só posteriormente à Guerra da Península se estabeleceram no nosso país. Ainda durante a dita campanha (1807 a 1814) fizemos uso dos fachos para se anunciar o afastamento ou aproximação dos franceses. Ainda agora por causa das incursões monárquicas se tem feito largo uso dos fachos pelas cumeadas dos montes.
As atalaias esculcas e fachos, nomes que ainda conservam muitos lugares dos termos de povoações no concelho de Bragança e doutros, corresponderam a uma espécie de telégrafos do nossos maiores com similares nas civilizações dos povos extintos.
Em 11 de Maio de 1860 foi inaugurada com grande entusiasmo e festas a abertura da estação telegráfica de Mirandela a Bragança. Só nesta época o nosso distrito começou a gozar deste melhoramento telégrafo-eléctrico.
Na sessão da Câmara dos deputados de 27 de Julho de 1861 propôs o deputado António Joaquim Ferreira Pontes que o governo fosse autorizado e habilitado para continuar a linha telegráfica de Moncorvo para a Barca de Alva, indo a Freixo de Espada à Cinta.
Em 28 de Outubro de 1861 começou a construção da nova linha electro-telegráfica entre Mirandela e Moncorvo, e concluída ela, o capitão Sant’Ana, comandante das linhas telegráficas de Trás-os-Montes, continuaria a demarcação até à Barca de Alva.
A 3 de Janeiro de 1862 começou a funcionar o telégrafo da Régua para Moncorvo.
Bragança tem estação telégrafo-postal por decreto de 7 de Abril de 1869, com serviço de emissão e pagamento de vales do correio e telegráficos, cobrança de recibos, letras e obrigações.

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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