quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Graça Morais – Azulejos do Mercado Municipal (2002) e do Teatro Municipal (2004)

Graça Morais é uma das mais reputadas artistas contemporâneas portuguesas, umbilicalmente ligada à sua região. Nascida em Vieiro, concelho de Vila Flor, terá sempre Trás-os-Montes presente na sua obra, acompanhando-a as recordações da infância ligadas à aldeia natal. Em 1966-1967, depois de concluir os seus estudos em Bragança, vai estudar pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto, concluindo a sua licenciatura em 1971.
Painel de Azulejos - Teatro Municipal (2004) Autoria: Graça Morais
A primeira viagem fora de Portugal, efetuada em 1970, levando-a a contactar com a realidade artística em Londres, Paris e Amesterdão, irá ser decisiva para o seu percurso como pintora. Para além de exercer a docência na área da pintura, a sua participação em exposições individuais e coletivas no País e no estrangeiro passa a ser uma constante, tornando-se uma das nossas artistas mais internacionais, encontrando-se representada em importantes coleções.
Em 2008, Bragança inaugura o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, cuja autoria pertence ao arquiteto Eduardo Souto Moura (galardoado com o Pritzker Architecture Prize – 2011). João Fernandes, comissário da primeira exposição Graça Morais – Pintura e Desenho 1982/2005, aponta um facto relevante sobre a obra da artista: “Por vezes, uma inaudita e surpreendente violência contamina a afetividade com que a artista redefine e reinterpreta as figuras que representa, como se elas fossem personagens de uma tragédia antiquíssima, mas sempre presente”.
Azulejos do Mercado - Municipal (2002). Autoria: Graça Morais
Em 2002, a escritora Maria Velho da Costa, referindo-se à “mundividência” da pintora aponta a sua faceta “bem feminina […] mediterrânica, de um arcaísmo mais fiel ao luto que à retaliação”. Outros intelectuais definem-na como uma “serra escarpada” (Inês Pedrosa, 2010), vendo o mundo numa outra dimensão: “Tempo humano, sem dúvida, nem há tempo que o não seja. O tempo da consciência do tempo, que exprime nas suas figuras agarradas à terra como se nunca tivessem sido crianças, como se nunca se tivessem erguido noutros espaços que os do silêncio e do esforço” (Júlio Moreira, 2011).
Da sua autoria, a Cidade possui dois exemplos magníficos que comprovam esta visão simultaneamente realista e intemporal: os azulejos do Mercado Municipal e do Teatro Municipal.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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