Nunca assistimos a uma tão grande participação de transmontanos num só governo, apesar de já termos tido governos liderados por Durão Barroso, Sócrates e Passos Coelho (todos do distrito de Vila Real), reside nestes, agora, a nossa esperança e pendem sobre os seus ombros os anseios de todos os transmontanos.
Depois do 25 de abril 1974, citando de memória, já fomos representados por ministros e secretários de estado, com destaque para nomes como Armando Vara, Isaltino Morais, Ricardo de Magalhães, Adão Silva, Pedro Silva Pereira, Rui Pereira e mais recentemente Célia Ramos e Jorge Gomes.
A grande diferença reside talvez, na formação e no curriculum iminentemente técnico desta nova geração, que chegou ao governo pelo múnus e menos pela militância política.
André de Aragão Azevedo, é o Secretário de Estado para a Transição Digital, integrada no Ministério da Economia, também ele com ligações a Trás-os-Montes, a sua mãe é natural de Bragança, e onde vem com alguma regularidade e descrição, integra uma pasta que lhe encaixa como uma luva, Já tinha estada, como chefe de gabinete entre 2008 e 2011 de Ana Jorge, ministra da Saúde no governo de Sócrates, foi gestor na Microsoft Portugal, foi nomeado recentemente como diretor executivo de Tecnologia da Microsoft Portugal, "ficando responsável pela promoção da tecnologia como fator de transformação das empresas e organizações nacionais".
Esperamos dele, sobretudo, que impeça a ditadura vigente, de obrigar tudo e todos a ter, mail, telemóvel, fatura eletrónica, internet e app para tudo, tem que ter a perceção que nestes tempos, apesar de caminhamos para a digitalização total, temos ainda pessoas que não sabem ler, que não tem internet (há locais onde nem a TV digital chega direito), nem telemóvel por opção ou por limitações várias ligadas à idade avançada e ao desconhecimento, o pais rural tem sempre que ter uma alternativa nos serviços públicos para estas pessoas, nas Finanças, na Segurança Social, na Justiça etc.
Antero Luís, conhecido Juiz desembargador, nascido em Vinhais, e estudante de secundário em Bragança frequentador das tertúlias noturnas da Sé onde ajudou a polir as esquinas (já na altura demostrava pose de estado), é o próximo Secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna. Fez carreira em Lisboa onde foi presidente do Sindicato de juízes, foi diretor-geral do Serviço de Informações de Segurança (SIS) entre 2005 e 2011 e foi depois secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna durante três anos, até 2014. É um profundo conhecedor da pasta, prevê-se um mandato tranquilo já que navega nestas águas com naturalidade, podendo numa remodelação chegar a ministro.
A investigadora, do Instituto Politécnico de Bragança, Isabel Ferreira que hoje tomou posse é Secretária de Estado da Valorização do Interior do novo ministério da Coesão Territorial, que tem como Ministra Ana Abrunhosa. É talvez a maior surpresa deste governo, pelo seu curriculum muito ligado à investigação, não se lhe conhecia ambição política, no entanto dada a sua dedicação prevê-se uma ascensão meteórica dentro do governo.
Também aqui, o país precisa de uma politica arrojada, de rutura, o país está dividido entre litoral e interior, viver no eixo Lisboa, Porto, Braga é diferente de viver no resto do país, seria necessário encarar com naturalidade a introdução de politicas “um pais dois sistemas”, quando se decide sobre saúde, educação ou justiça (ex). É preciso e urgente de uma vez por todas fazer a diferença e povoar o interior, com duas soluções, pagar ordenado mínimo ás mulheres com 3 filhos ou mais (com residência no interior) e isentar as empresas criadas nestes territórios, de pagar impostos durante 10 anos (Lei D. Sancho I, o povoador). Mas o grande desafio a curto prazo, será instalar o ministério e pô-lo a funcionar.
Já Berta Nunes é nova Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas em substituição de José Luís Carneiro, tem 64 anos, é licenciada em Medicina e foi presidente de Câmara de Alfandega da Fé e candidata a deputada pelo círculo de Bragança nas últimas eleições não conseguindo a eleição. É talvez dos cinco, a que ocupa um lugar mais político e enorme complexidade no atual momento político mundial, onde as migrações e as comunidades estão cada vez mais expostas a situações imprevisíveis e que exigem respostas imediatas. Nada que ela não supere com distinção, já que lhe conhecemos a tenacidade e capacidade de persuasão que a levaram a encarar com um sorriso os problemas de uma câmara muito endividada.
Sobrinho Teixeira repete a lugar de Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, chegou a ser apontado para outras pastas mas o ministro Manuel Heitor não prescindiu dele. Tem um curriculum invejável que mereceu ser distinguido com a medalha de mérito científico "Ciência”, tem sobretudo uma característica muito apreciada, é um fazedor, consegue reunir consensos com facilidade e partir para ação deixando de lado o assessório concentrando-se no essencial. Tem a visão de futuro como poucos, uma secretaria de estado é curta para este nascido em Mirandela que colocou o IPB no melhor Politécnico do País. Há no entanto quem gostasse de o ver numa outra pasta, faria um lugar excelente como Ministro da Agricultura ou na Coesão Territorial, lugares que lhe assentavam como uma luva.
Fotos: Bruno Taveira (Diário de Trás-os-Montes)
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