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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

A HISTÓRIA DOS TRÊS PRIMOS

Era uma vez um casal muito rico que tinha dois filhos e um sobrinho que era pobre.
Os pais mais ricos puseram os filhos a estudar em Bragança, o sobrinho como era mais pobre pagaram-lhe também os estudos. O mais pobre dando valor aos estudos aplicava-se, mas os mais ricos eram mais “baldas”, até que um dia foram os três para a tropa. Na tropa o mais pobre como tinha estudos foi para tenente, enquanto que os mais ricos foram para soldados rasos. O pobre ficou encarregue da distribuição dos salários entre os soldados, entretanto os primos tanto lhe fizeram que o iludiram para desviar o dinheiro para irem para a batota, levando a que o pobre homem perdesse o dinheiro todo. Após o sucedido, combinaram fugir os três, foram mundo até que encontraram um palácio, onde ouviram uma voz a chamá-los para entrarem para uma sala, para a qual entraram e encontraram uma mesa grande e bem composta com muita comida. Ao chegar à noite ouviram outra voz:
- O soldado numero tanto vai dormir ao quarto número tal.
A voz mandava cada um dormir a seu quarto, mas os dois irmãos não quiseram e dormiram num só quarto. Pela noite dentro apareceu ao pobre uma rapariga para lutar com ele e disse:
- Tu de manhã vais ver o tanque, onde estão três pombas, duas a brincar na água e uma murcha (era a que estava a lutar com ele).
Os dois de manhã questionaram-no:
- O que andaste tu a fazer? Lutaste tanto!
Ele negou tudo, porque a rapariga tinha-lhe dito para o fazer. Na noite seguinte, voltaram os dois irmãos a dormir juntos e o primo no quarto indicado pela voz, voltando a lutar com a rapariga, dizendo-lhe esta:
- Olha amanhã vais a cavalo e vais-me a buscar à feira dos encantos, mas quando lá chegares lá aquilo torna-se num mar, mas tu avanças não tenhas medo que não é água. Estarão muitos a dizer que os leves a eles, segue, no entanto, em frente que hás-de me encontrar a mim muito murchinha.
O rapaz montou a cavalo e vieram embora os dois, depois chegaram a um sitio no qual ela puxou de um anel com o nome dela gravado, dando-o ao rapaz dizendo:
- Eu quero casar contigo, mas tu tens que ir ter comigo à cidade de Tavas.
No caminho o cavalo ficou doente e morreu, tendo que fazer o resto do caminho a pé, encontrando uma velhinha que lhe perguntou para onde ele ia, ele contou-lhe toda a verdade. A velhinha pegou, então, numa varinha dando-a ao rapaz:
- Tu quando precisares de alguma coisa bates com esta varinha três vezes que eu apareço e faço o que for preciso.
O rapaz chegou a uma ladeia perto da cidade da rapariga, mas ele com o cabelo grande, todo esfarrapado e a barba por fazer pediu pousada numa casa de um alfaiate que lá havia. Esse alfaiate estava a fazer o vestido de noiva para a rapariga, pois tinha prometido casar com outro rapaz e a rapariga nunca mais aparecia, por isso demorou um ano a preparar o casamento.
O alfaiate é que tinha o pano para fazer o vestido mas não sabia fazer o feitio que a rapariga queria, andando, por isso, aborrecido. Ao contar o seu problema ao “pobre” este mandou o alfaiate trazer trigo, nozes e aguardente que ele fazia-lhe o vestido.
Já era quase dia e o rapaz só comia e bebia e o vestido por fazer, ao começar a ver as horas apertar, resolveu bater com a varinha três vezes no chão aparecendo-lhe
Nossa Senhora que lhe perguntou o que era preciso e lhe fez o vestido tal como a rapariga o queria. O rapaz meteu o anel que ela lhe deu num bolso do vestido e coseu-o, chamando depois o alfaiate que, ao ver o vestido tão perfeito, começou a dizer que tinha Deus em casa.
A rapariga ao vestir o vestido descobriu o anel que tinha dado ao rapaz que a desencantou, mandou, então, chamar o alfaiate perguntando-lhe:
- Quem tem em casa?
- Não tenho ninguém.
Mas após muita insistência da rapariga o alfaiate lá lhe disse que tinha lá um velhinho, ao que a rapariga lhe disse para não o deixar sair que ela ia lá vê-lo. Ela falou, então, aos pais para adiarem o casamento quinze dias, mandando também chamar o pobre para casa dela. Contudo, ele disse que só iria se fosse o pai dela lá buscá-lo com as tropas, o que aconteceu e o pobre pediu, então que o deixasse ir à frente do batalhão a comandar as tropas, ficando o pai da rapariga muito admirado com a capacidade do rapaz. Ao chegarem a casa a rapariga mandou arranjarem o rapaz para o prepararem, apresentou-o aos pais e disse-lhes que queria casar com ele, eles aceitaram e o casal foi feliz para sempre.

RECOLHA 2005 SCMB, CASIMIRO PARENTE, Idade: 66.
Localização geográfica: PAÇO DAS MÓS – ORIGEM + 60 anos.

FICHA TÉCNICA:
Título: CANCIONEIRO TRANSMONTANO 2005
Autor do projecto: CHRYS CHRYSTELLO
Fotografia e design: LUÍS CANOTILHO
Pintura: HELENA CANOTILHO (capa e início dos capítulos)
Edição: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGANÇA
Recolha de textos 2005: EDUARDO ALVES E SANDRA ROCHA
Recolha de textos 1985: BELARMINO AUGUSTO AFONSO
Na edição de 1985: ilustrações de José Amaro
Edição de 1985: DELEGAÇÃO DA JUNTA CENTRAL DAS CASAS DO POVO DE
BRAGANÇA, ELEUTÉRIO ALVES e NARCISO GOMES
Transcrição musical 1985: ALBERTO ANÍBAL FERREIRA
Iimpressão e acabamento: ROCHA ARTES GRÁFICAS, V. N. GAIA

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