(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Talvez a noite seja tranquila depois de um dia inteiro a ouvir pessoas, a falar para um jornal…a assinar o nome, em nome do Estado…mas sempre pensando que os Estado são mulheres e homens que existem que têm uma família, um amor, um pessegueiro em prenúncio de flor e uma vida para além do institucionalmente correcto.
À noite…todos regressam de novo…quando será que a macieira nova dará as primeiras maças na urgência dum quintal fecundo?
- uma mulher nova falou-me de desemprego… do filho doente, do marido que secou no afecto que tarda…
Onde andará o Nazareno no milagre que nascia à beira da fonte?!
Acho que o pecado já não existe neste sofrimento dos pobres humilhados pelo silêncio dos ricos.
- Vai em paz e não voltes a pecar!...
Os que têm fome…os humilhados, os que mergulham nas longas noites dos silêncios, não têm pecados…e os que pecam não têm arrependimento e hão-de voltar a pecar para todo o sempre…
…falei para o Jornal…como quem põe a vida na montra…sem vaidade…acho que o balanço é pobre comparado com a imensidão do sonho…
Uma adolescente só tinha olhos…olhos verdes…falou-me de noites temerosas e de medos incontidos…faltou às aulas…não foi capaz de trazer os medos para a pequenez da sala de aulas…vai reprovar…
Como te chamas?! Onde moras?! Só ficaram os olhos verdes sem esperança, nem rumo…
…talvez a noite seja mais tranquila!
…à noite regressam todos!
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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