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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 14 de abril de 2022

A lenda do Conde de Ariães

Local: Castro De Avelãs, BRAGANÇA, BRAGANÇA

Informante: Cândida dos Santos Diegues (F), 82 anos

Havia antigamente um castelo, numas terras de campo, além ao descer aquele cabeço para Bragança, onde vivia o Conde de Ariães. Já lá não há nada, mas eu ainda tenho na lembrança de ver lá vestígios desse castelo. O Conde de Ariães vivia então nesse castelo, onde tinha uma gruta com dois grandes leões. Com ele morava a sua mãe e também uma moça que se chamava Alcina, de quem ele gostava muito e com quem pensava organizar casamento. 
    Nessa altura, na Serra da Nogueira, que também não é muito longe daqui, havia outro castelo e também outro conde. Era o Conde Redemiro. Mas esse era uma pessoa diferente. Era mau. Tão mau que até exigia umas sete ou oito donzelas todos os anos para o castelo dele, para as ter lá ao seu dispor. E tinha muitos ciúmes pela moça do Conde de Ariães. Um dia, organizou uma batalha com ele. O Conde de Ariães foi para a batalha, mas como o outro tinha mais homens, ele perdeu-a. E o pior ainda e que enquanto o Conde de Ariães andava na batalha, o Conde Redemiro veio cá e raptou-lhe a Alcina. Levou-a para o castelo dele. A mãe deu conta mas, coitadinha, era uma velha como eu, que é que podia fazer? Nada fez. 
    Depois, o Conde de Ariães, perdida a batalha, vem para casa, e a mãe diz-lhe: 
    — Meu filho, vens muito triste, pois perdestes a batalha! Mas olha, ainda tens um desgosto maior. Sabes que te roubaram a tua Alcina? 
    Ele então é que ficou!... Ficou tão desnorteado, que, para se vingar da mãe, pois culpou-a de ter deixado raptar a noiva, atirou-a à gruta dos leões. Já vê o que lhe aconteceu: dois leões botados assim numa velha como eu!... Pronto, mataram-na. 
    Mais tarde ele arrependeu-se. Pegou então na espada e matou os leões. A um cortou-lhe logo a cabeça. Por isso há ali duas estátuas com dois leões onde um está sem a cabeça. 
    Mas mesmo assim não ficou em paz. Os remorsos eram muitos. Foi então pedir aos monges deste mosteiro, que era o mosteiro do Castro de Avelãs, que lhe dissessem que castigo deveria receber para obter o perdão por ter deixado que a mãe fosse devorada pelos leões. E o que lhe disseram eles? Que fizesse um túmulo e que criasse uma serpente para que depois o devorasse também a ele, tal como deixou devorar a mãe. Ele assim fez. Criou uma serpente e sepultou-se com ela no túmulo. 
    Neste meio tempo, quando o conde estava já no túmulo, travou-se uma batalha entre cristãos e mouros na Serra da Nogueira, onde os cristãos mataram o Conde Redemiro. E mal o matam, a Alcina viu-se livre e fugiu para cá. Só que quando chegou cá o conde estava já sufocado. Diz-se que ainda trocaram palavras, em que ela lhe dissera que nunca tinha tido nada com o Conde Redemiro, que lhe guardou sempre fidelidade. 
    Ele então, devorado pela serpente, morreu. E ela com o desgosto, e com os “ais” que deu, morreu também junto dele. 
    Diz o povo que os “ais” que a Alcina deu eram tão grandes, tão grandes, que se ouviam nas terras ao redor. E uma dessas terras ficou até com o nome Grandais, por causa dos “grandes ais” que se ouviam.

Fonte: PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros

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