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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

RUDES PENEDIAS 2 - PAISAGEM TRASMONTANA

Salvador Parente é o autor deste livro, o segundo volume relacionado com a cultura popular destas gentes trasmontanas - não é erro, é mesmo assim que prefere o autor designar os que por aqui moram, atrás dos montes.
As palavras e as expressões que compõem os textos desta obra formam espelhos que mostram imagens reais de uma cultura popular de raízes profundas, vivida e presenciada ao longo de muitos anos.
Repare-se no excerto que escolhemos apenas por estar mais à mão - o primeiro: A Floresta:

"Águas Santas é agora uma pequena aldeia trasmontana situada na vertente Sul da Falperra. Teve, aí pelos anos cinquenta, uns cento e tal fogos. Actualmente, andará à roda dos cinquenta, se tanto. É a povoação mais setentrional da freguesia de S. Tomé do Castelo e do concelho de Vila Real. Situa-se a uma altitude aproximada de 800 metros, a escorrer para Oeste numa encosta da Corvaceira.
É esta uma das ramificações mais agrestes e elevadas (1082m) da Padrela, constituída por um maciço granítico duma aspereza e tamanho invulgares, rasgada por fundas ravinas e sulcada por regatos caudalosos nos invernos de pluviosidade intensa, mas apenas com um fio de água nos verões de estiagem prolongada. Semeadas a granel, fontes de água cristalina fertilizam pequenos planaltos e vales, onde a erva fresca e tenra era antigamente o pão suficiente e exclusivo de rebanhos e manadas.
Há cerca de cinquenta anos, os Serviços Florestais invadiram toda a área de baldio - milhares e milhares de hectares - à força de ameaças e de multas aos lavradores dedicados à pastorícia; oferecendo magras geiras que mal pagavam as brochas dos socos; mas, naquele tempo em que a raposa andava por lá aos grilos, mesmo assim eram bastante exageradas, como recompensa do trabalho real efectuado.
- Tu num queres bir prà floresta, ó cousa?
- Bô, qui o meu pai num me deixa. E ò despois quem é que habia de ir prò monte co nosso gadinho?... E quem habia de gardar o meu menino?...
- Bem só um dia. Só pra ber... Aquilo é qui é ûa borga e ûa pândiga! Num se faz mesmo nadinha, e sempre de costa dreita. É comer e dromir. É andar debagarinho como quem pracura cos pés um penico no escuro e de braços cruzados, a dar de mamar às mãos. Espreita-se o guarda e os rondistas, e passa-se por lá o dia à ressa, atrás dûa fraga. (...)"


in:jornal.netbila.net

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