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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Freixo do Espada à Cinta (Distrito de Bragança)

São várias as versões quanto à origem do nome desta vila. Possivelmente anterior a Cristo, possivelmente pré-romana. Se já no tempo de D. Afonso Henriques foi vila populosa, bem anterior terá sido o seu nascimento. Depois do foral do primeiro rei, em 1152, vários outros se seguiram. Uma lenda atribui a sua fundação a um fidalgo de apelido Feijão, cujas armas eram um freixo e uma espada. Uma outra, afirma que um capitão godo de nome Espadacinta, ao chegar a este lugar, cansado de batalhas, se deitara à sombra de um grande freixo. O conjunto dos dois nomes, o da árvore e o do homem, passaram à povoação que ali se começou a fundar pouco depois.
Segundo, Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1944): “Efectivamente, já no século XVl, o Dr. João de Barros no seu “Livro das Antiguidades de Entre Douro e Minho”, edição de 1549, contava que a vila foi fundada por um primo de São Rosendo, de apelido Feijão, que morreu em 977, e que, por ter nas suas mãos um freixo e uma espada se ficou chamando Freixo de Espada à Cinta. A mesma lenda aparece contada, com mais lógica e mais romantismo, num velho manuscrito, onde se narra, que um cavaleiro cristão, o mesmo primo de São Rosendo, perseguido por uma horda de aventureiros, se viu em grande perigo de sofrer morte afrontosa, visto achar-se sozinho. Sentindo perto os inimigos, cingiu a espada a um freixo e ocultou-se entre os ramos com esperança de escapar, como aconteceu, porque seus perseguidores, vendo a árvore cingindo uma arma, encheram-se de pavor e fugiram em debanda. Lançaram-se logo os fundamentos da povoação, a que o fundador deu o nome de Freixo de Espada à Cinta.
Noutra lenda – esta, pouco romântica – conta-se que um cavaleiro godo, de nome Espadacinta, olhando-se muito fatigado depois de uma batalha e encontrando um copado freixo deitou-se a descansar à sobra dele. Tão grata recordação lhe deixou esse tempo de repouso, que resolveu lá fundar uma povoação, a que deu o seu nome, o qual, com o decurso do tempo, se transformou na actual designação.
Tem havido quem afirme que no século XVlll ainda existia o tal freixo das lendas, cercado de assentos de pedra e próximo da igreja matriz da vila, e que os freixenistas, descendentes dos medievais freixenos, o tinham em grande estima”
Freixo de Espada à Cinta
Freixo de Espada à Cinta está situado no extremo sul do distrito de Bragança, inserido bem no coração do Parque Natural do Douro Internacional, fazendo fronteira com Espanha. Possui uma série de mais valias turísticas, oferecendo ao visitante diversas alternativas de lazer.
O concelho é banhado no seu todo pelo rio Douro, que se enrosca por entre agrestes desfiladeiros de arribas repletas com a maior mancha de Lodões (Celcis australis) da Europa, albergando em conjunto diversas espécies raras, cujo destaque vai para a protegida Cegonha Negra que nidifica em abundância neste local. O rio desafia a um revigorante passeio por águas calmas. Na praia fluvial da Congida poder-se-á embarcar num barco da Sociedade Transfronteiriça Congida – La Barca e usufruir um passeio ímpar por uma paisagem bela e sem igual.
Ao longo do ano a paisagem natural varia em extremos de tonalidade de acordo com as estações. Todos os locais são um convite para desfrutar o espaço envolvente: desde a frescura de extensos pedaços verdes, passando pelos fortes aromas da terra castanha e cor de mel até às tonalidades rosa e esbranquiçadas de fragrâncias suaves características das Amendoeiras em Flor, o ex-libris turístico de Freixo de Espada à Cinta, todo o horizonte ao longo do ano inunda os sentidos. 
 É um concelho que possui qualidades invulgares para a prática de BTT e 4x4 bem como outros desportos que envolvam o contacto directo com a natureza, tais como a caça e a pesca.
Poder-se-á vislumbrar esta paisagem excepcional de uma outra perspectiva, recorrendo a uma rede de miradouros existente no concelho, autênticas varandas sobre a planície de Salamanca.
É nestes locais que se poderão observar uma série de espécies de aves destacando-se o Grifo, o Abutre do Egipto, a Águia Real e a Águia de Bonelli.
Fazendo parte da região demarcada do Douro, produz-se neste concelho vinho fino de elevada qualidade. A gastronomia é uma das potencialidades de Freixo de Espada à Cinta, destacando-se o fumeiro tradicional, os doces de amêndoa e ovos, a empada (folar da Páscoa), o queijo de ovelha ou cabra, a azeitona certificada “Negrinha de Freixo” e o azeite virgem.
Freixo de Espada à Cinta possui também um rico passado histórico. Supõe-se que a vila seja bastante anterior à fundação do reino de Portugal, pelo menos ao tempo dos árabes ou ainda à época de ocupação romana.
D. Afonso Henriques, no foral que lhe concedeu em 1155/57, já fazia referência ao castelo e D. Sancho II, em 1240, elevou Freixo à categoria de Vila, como recompensa de os seus habitantes se terem defendido heroicamente das invasões do rei de Leão, ao contrário dos de Alva (anterior concelho), que se renderam sem resistência. Existem várias versões relativas à origem do nome, uma das quais, reza a lenda, El Rei D. Dinis, estando severamente fatigado da viagem que empreendeu até Freixo, colocou o seu cinturão com a majestosa espada no tronco de um freixo, que ainda hoje se encontra no outeiro do castelo, e adormeceu à sua sombra, embalado pela brisa suave que batia nas folhas da possante árvore. No seu sono profundo, teve um sonho. 
Sonhou com o espírito do freixo, ansioso que um rei português dependurasse a sua espada real no seu corpo, com a intenção de lhe conferenciar directrizes sábias para o futuro do reino de Portugal. Quando o rei acordou do revigorante descanso, re-baptizou a vila, chamando-a de Freixo de Espada à Cinta. No princípio do século XVI, a vila era uma bela e poderosa praça de guerra medieval, cujo castelo tinha três imponentes torres mestras, das quais resta apenas hoje uma colossal torre heptagonal de granito, a torre do Galo. Em 1512 D. Manuel concedeu ao concelho um novo foral.
Freixo de Espada à Cinta é a vila mais Manuelina de Portugal. Existem inúmeras portas e janelas com motivos simples, quase sempre alusivos aos descobrimentos, apesar de Freixo de Espada à Cinta estar longe do mar, demonstrando desta forma que era uma terra próspera no reinado de D. Manuel. Como exemplo emblemático deste estilo temos a Igreja Matriz do começo do século XVI, cujo interior é uma réplica da igreja dos Jerónimos e onde se podem admirar na capela-mor um valorosíssimo retábulo quinhentista com 16 telas atribuídas a Grão Vasco.
É também curiosa a existência de uma figura de São Mateus envergando um par de lunetas, objecto não muito vulgar na altura de edificação da igreja. O pelourinho que se encontra em frente aos Paços do Concelho é também um dos monumentos ilustres que merece referência.
Quanto a outro património histórico deste concelho, é de destacar o “Cavalo de Mazouco”, gravura rupestre atribuída ao paleolítico superior, e a “Calçada de Alpajares”, uma via medieval (e possivelmente romana) que se encontra em excelente estado de conservação.
Sob o ponto de vista cultural, Freixo de Espada à Cinta é a terra natal do poeta Guerra Junqueiro, deputado e escritor consagrado, autor de “Os Simples” e “A Velhice do Padre Eterno”, cuja casa onde nasceu ainda poderá ser admirada, bem como a Casa Junqueiro, que pertencia aos seus pais, desempenhando actualmente funções de Museu Regional.
“ Os Sete Passos”, procissão pagã com cenário medieval a representar a encomendação das almas, onde se entoam cânticos fúnebres da autoria de Gil Vicente e o “Enterro do Entrudo”, um divertido costume profano, são tradições que se realizam há séculos e que passaram de geração em geração até aos dias de hoje, demonstrando-se com estas cerimónias a identidade do povo freixenista.
Peças em Seda   
Quanto ao artesanato, Freixo de Espada à Cinta é detentor de uma arte tradicional inédita no país: a criação do bicho da seda e extracção da seda por processos artesanais.
Através da Associação de Artesanato local, dinamiza-se todo o ciclo da seda que vai desde o cultivo de amoreiras e apanha das suas folhas para alimentação do bicho da seda, passando pela recolha dos casulos e posterior extracção da seda destes. Após obter-se esta altiva matéria prima, habilidosas artesãs utilizando teares tradicionais fabricam as mais belas colchas, almofadas e panos em seda.

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