MAMAOT despreza as alternativas já aprovadas anteriormente e que evitariam a construção no interior do Parque Natural de Montesinho
O Governo de Portugal, através do Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (MAMAOT), opôs-se junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela à Providencia Cautelar e Ação Principal interpostas pela Quercus para suspensão de eficácia e anulação da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável à construção da Barragem de Veiguinhas no coração do Parque Natural de Montesinho.
Mas, para além das Oposições deduzidas (pelo MAMAOT e pela empresa Águas de Trás-os-Montes, S.A.) as quais estão pendentes em Tribunal, o Ministério declarou “a urgência e a necessidade pública” da construção da Barragem, de maneira a que a providência cautelar interposta pela Quercus “não tenha um efeito suspensivo”, pretensão de igual modo já contestada pela Quercus junto do Tribunal competente.O Governo de Portugal, através do Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (MAMAOT), opôs-se junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela à Providencia Cautelar e Ação Principal interpostas pela Quercus para suspensão de eficácia e anulação da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável à construção da Barragem de Veiguinhas no coração do Parque Natural de Montesinho.
A Quercus lamenta que o MAMAOT despreze todas as alternativas já indicadas por vários setores da sociedade e que evitariam a construção de barragem no interior do Parque Natural, nomeadamente o abastecimento a partir da Barragem do Azibo. Lamenta também que seja ignorado o Plano de Ordenamento do Parque Natural de Montesinho e desvalorizada a importância desta Área Protegida. Esta contestação vem também deitar a perder todo o investimento feito no Parque Natural de Montesinho, nas últimas décadas, para salvaguarda dos valores naturais. Recorde-se que o estudo de impacte ambiental de Veiguinhas foi chumbado três vezes, devido aos sucessivos pareceres negativos do então Instituto de Conservação da Natureza.
Saliente-se ainda que a Serra de Montesinho assume uma elevada importância para a conservação da biodiversidade em Portugal, pois esta área de montanha é fundamental para a salvaguarda, em território nacional, de um conjunto de espécies que têm no extremo nordeste de Portugal o limite sul da sua distribuição na Europa, sendo a avifauna de montanha exemplo disso, com espécies que aí têm as seus únicos locais de ocorrência e/ou nidificação regular conhecidas em Portugal, como o Pisco-de-peito-azul (Luscina svecica) ou a Petinha-ribeirinha (Anthus spinoletta).
No âmbito da fauna, destaca-se ainda a relevância desta zona para espécies e sub-espécies estritamente protegidas e ameaçadas da fauna portuguesa e europeia como o Lobo-ibérico (Canis lupus), a Águia-real (Aquila chrysaetos), ou a Toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus). Relativamente ao Lobo-ibérico, o local de Veiguinhas situa-se precisamente na área de influência de uma alcateia, com presença confirmada pelo menos desde 1994.
Existem várias alternativas ao projeto, que têm sido sistematicamente ignoradas, como o abastecimento de água a partir da barragem do Azibo, aprovado pela Agência Portuguesa do Ambiente em 2005 - cuja Declaração de Impacte Ambiental foi assinada pelo então Secretário de Estado do Ambiente, hoje Vice-Presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva - ou o alteamento do paredão da barragem de Serra Serrada em seis metros, com menores custos financeiros e ambientais.
A própria empresa Águas de Trás-os-Montes chegou a propôr, em 2007, à Câmara Municipal de Bragança, um sistema alternativo para o reforço do abastecimento público à cidade de Bragança: um açude com oito metros no mesmo local para onde está prevista a Barragem, sendo a água transportada por meio de condutas para a albufeira de Gostei, construída para regadio.
Como a área em questão está também classificada como Rede NATURA 2000 - Sítio de Importância Comunitária Montesinho - Nogueira” e Zona de Proteção Especial (ZPE) para Aves Selvagens das “Serras de Montesinho - Nogueira”, a QUERCUS pondera efetuar uma queixa à Comissão Europeia por violação de Diretivas Comunitárias que vinculam o Estado Português.
Lisboa, 3 de setembro de 2012
A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
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