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Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
(Henrique Martins)
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N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
A DEPRESSÃO DA VILARIÇA
A depressão da Vilariça corresponde a uma fossa tectónica, delimitado por falhas com direcção NNE-SSW.
A estas falhas associa-se um importante movimento de componente horizontal, com deslocamento esquerdo; esta movimentação terá formado bacias de desligamento fini-cenozóicas, relacionadas com a zona de falha de Bragança-Vilariça-Manteigas (Cabral el ai., 1983-85; Cabral, 1985, 1986, 1987, 1989, 1995). Pereira & Azevêdo (1993; 1995) e Pereira (1997) fizeram uma análise geomorfológíca da depressão da Vilariça, que se resume nos parágrafos seguintes.
O aplanamento no bloco oriental da Vilariça posiciona-se pelos 540 m de altitude, como se exemplifica no maciço de Junqueira, a norte de Torre de Moncorvo.
A escarpa oriental impõe um desnível de 300 a 400 m entre o vale e a superficie aplanada do maciço granítico situado a leste do acidente. A sul o desnível ultrapassa 600 m, se confrontada a superficie do vale com a superfície definída no maciço granítico de Lousa (a cerca dos 800 m de cota),embora, nesse caso, o declive seja mais suave.
A morfologia da região que envolve o vale da Vilariça resulta, essencialmente, de uma tectónica de blocos, grande condicionante do vale actual. A linha de relevos dos quartzitos ordovícicos é também cortada pela falha da Vilariça e verifica-se que, num contexto mais amplo, a superfície inicial definida pelos seus cumes aplanados se mantém quer a norte de Vila Flor, quer na serra do Reboredo (imediações de Torre de Moncorvo).
A assimetria do vale deve-se quer à diferente amplitude de movimento das diversas falhas, quer à natureza Iitológica do substrato; as fácies de filitos e metagrauvaqucs do Câmbrico (Grupo do Douro ou CXG), menos resistentes à erosão, encontram-se profundamente dissecadas, proporcionando vertentes mais suaves e o alargamento do vale nestes sectores, em comparação com os afloramentos quartzíticos do Ordovícico e Silúrico. Sobressaem igualmente os maciços graníticos, com mode lado arrasado, demonstrando nos dois flancos do vale o rejeito de componentes verticais e horizontais.
O estrangulamento do vale é evidente na passagem dos alinhamentos quartzíticos. Nos sectores em que o vale se alarga, os depósitos sedimentares tomam maior expressão, dispostos sobre o substrato com predomínio de filitos, a leste de Sampaio e de Horta da Vilariça.
A norte (Sampaio) é mais nítida a relação dos sedimentos com as cristas quartzíticas das vertentes; aí observa-se também o pronunciado entalhe das linhas de água, dispostas transversalmente ao vale principal. Nas proximidades de Horta da Vilariça, o modelado é diferente do observado a norte. No bloco ocidental, o maciço granítico situado mais a sul, pouco dissecado, mantém-se em posição dominante próximo dos 800 m, constituindo um vestígio da superfície da Meseta.
O contacto com o Grupo do Douro é saliente a meia encosta, com abaixamento claro e abrupto da superficie devido à erosão mais profunda das fácies metamórficas e provável existência de falha.
No seu limite sul, a depressão da Vilariça é ocupada pelo rio Douro, após acentuada inflexão do seu curso Alguns vestígios de terraços conglomeráticos testemunham o processo de encaixe deste rio, e situam-se a cerca de +55 m no Pocinho e +35 m (acima do nível de estiagem) entre o Pocinho e a foz do Sabor, ao último dos quais se atribui uma idade Plistocénico médio, por correlação com terraços e jazigos arqueológicos da bacia do Douro em território espanhol (Molina & PérezGonzález, 1989). Em relação com estudos recentes enquadrados no projecto do Parque Arqueológico do Vale do Côa, divulgou-se a presença de artefactos líticos do tipo Acheulense integradas no terraço +35 m da margem direita do Douro (no Pocinho), para os quais foi sugerida uma idade de Plistocénico médio (informação oral de Thierry Aubry & Jorge Sampaio, 1997): Níveis de inundação mais recentes ocupam algumas superfícies, a mais ampla das quais se situa na margem da pronunciada curvatura do Pocinho, entre 20 a 30 m acima do nível actual do rio Douro (Pereira, 1997, 1998).
P. Proença Cunha II & D. Insua Pereira
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