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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A DEPRESSÃO DA VILARIÇA


A  depressão  da  Vilariça  corresponde  a uma  fossa tectónica, delimitado por falhas com direcção NNE-SSW. 
A  estas  falhas  associa-se  um  importante movimento de componente horizontal, com deslocamento esquerdo;  esta movimentação  terá  formado  bacias  de desligamento fini-cenozóicas, relacionadas com a zona de falha de Bragança-Vilariça-Manteigas (Cabral el ai., 1983-85;  Cabral,  1985,  1986,  1987,  1989,  1995).  Pereira & Azevêdo  (1993;  1995)  e  Pereira (1997)  fizeram  uma  análise geomorfológíca da  depressão da Vilariça,  que se resume nos parágrafos seguintes. 
O aplanamento no bloco oriental da Vilariça posiciona-se pelos 540 m de altitude, como se exemplifica no maciço de Junqueira, a norte de Torre de Moncorvo.
A escarpa oriental impõe um desnível de 300 a 400 m entre o vale e a superficie aplanada do maciço granítico situado a leste do acidente. A sul  o desnível ultrapassa 600 m, se confrontada a superficie do vale com a superfície definída no maciço granítico de Lousa (a cerca dos 800 m de cota),embora,  nesse  caso, o  declive  seja  mais  suave.  
A morfologia da região que envolve o vale da Vilariça resulta, essencialmente,  de  uma  tectónica  de blocos,  grande condicionante  do  vale  actual.  A  linha  de relevos  dos quartzitos  ordovícicos  é também cortada  pela  falha  da Vilariça  e  verifica-se  que,  num  contexto mais  amplo,  a superfície inicial definida pelos seus cumes aplanados se mantém  quer  a  norte  de  Vila  Flor,  quer  na serra  do Reboredo (imediações de Torre de Moncorvo). 
A assimetria do  vale deve-se quer à diferente amplitude  de movimento  das  diversas falhas,  quer  à natureza Iitológica  do  substrato;  as  fácies  de  filitos  e metagrauvaqucs do Câmbrico (Grupo do Douro ou CXG), menos resistentes à erosão, encontram-se profundamente dissecadas,  proporcionando  vertentes mais  suaves  e o alargamento  do  vale  nestes  sectores,  em  comparação com  os  afloramentos  quartzíticos  do  Ordovícico  e Silúrico.  Sobressaem  igualmente  os  maciços  graníticos, com  mode lado  arrasado,  demonstrando  nos  dois flancos  do  vale  o  rejeito  de  componentes  verticais  e horizontais. 
O  estrangulamento  do  vale  é  evidente  na  passagem dos alinhamentos quartzíticos. Nos sectores em que o vale se  alarga,  os  depósitos  sedimentares  tomam  maior expressão, dispostos sobre o substrato  com  predomínio de  filitos,  a  leste  de  Sampaio e  de Horta  da Vilariça. 
A norte (Sampaio) é mais  nítida a relação  dos sedimentos com  as  cristas  quartzíticas  das  vertentes;  aí  observa-se também  o  pronunciado  entalhe  das  linhas  de  água, dispostas  transversalmente  ao  vale  principal.  Nas proximidades de Horta da Vilariça, o modelado é diferente do  observado  a  norte.  No  bloco  ocidental,  o maciço granítico situado mais a sul, pouco dissecado, mantém-se em posição dominante próximo dos 800 m,  constituindo um  vestígio da superfície da Meseta.  
O  contacto  com o Grupo  do  Douro  é  saliente  a  meia  encosta,  com abaixamento claro e abrupto da superficie devido à erosão mais  profunda  das  fácies  metamórficas  e  provável existência de falha. 
No seu limite sul, a depressão da Vilariça é ocupada pelo rio Douro, após acentuada inflexão do seu curso Alguns  vestígios  de  terraços  conglomeráticos testemunham o processo de encaixe deste rio, e situam-se a cerca de +55 m no Pocinho e +35 m (acima do nível de estiagem) entre o Pocinho e a foz do Sabor, ao último dos quais  se  atribui  uma  idade  Plistocénico  médio,  por correlação com terraços e jazigos arqueológicos da bacia do  Douro  em  território  espanhol  (Molina &  PérezGonzález,  1989).  Em  relação  com  estudos  recentes enquadrados no projecto do Parque Arqueológico do Vale do  Côa,  divulgou-se  a  presença  de  artefactos  líticos do tipo Acheulense integradas no terraço +35 m da margem  direita do Douro (no Pocinho), para os quais foi sugerida uma  idade  de  Plistocénico  médio  (informação  oral de Thierry Aubry  &  Jorge  Sampaio,  1997):  Níveis  de inundação  mais recentes ocupam algumas superfícies, a mais ampla das quais se situa na margem da pronunciada curvatura do  Pocinho,  entre  20  a  30 m  acima  do  nível actual do rio Douro (Pereira,  1997, 1998).

P.  Proença Cunha II &  D. Insua Pereira

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