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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Aldeias de Portugal - Viagem ao país que «não sofreu cirurgia plástica»

O livro «Aldeias de Portugal - Histórias e Tradições» retrata o «Portugal do interior» e oferece ao leitor «uma viagem ao mais autêntico da nossa identidade». À conversa com Paulo Costa, autor da obra, é possível perceber ao longo de 138 páginas «a beleza das nossas gentes, a preservação do património e a qualidade ímpar dos sabores do Portugal profundo».
Paulo Costa, 36 anos, fez o percurso natural de muitos jovens do Interior do país. Cresceu e estudou na sua aldeia natal, a histórica aldeia de Poiares [concelho do Peso da Régua] e aos 18 anos partiu para o Porto, onde fez a vida académica. Depois, seguiu para Lisboa, levado pelo percurso profissional.
Após vários anos longe de Poiares decidiu regressar em 2006. Paulo fixou-se, então, na sua aldeia natal. A ligação às pessoas do meio rural, de quem diz ter recebido os maiores ensinamentos, foi uma das grandes motivações para o trabalho que se seguiu. Durante dois anos e meio dedicou-se a uma investigação intensa em torno da revitalização e preservação da vida nos territórios rurais.

Primeiro, através da página do Facebook Aldeias de Portugal, onde publicou dezenas de fotografias das aldeias transmontanas e durienses. Um trabalho que levou Paulo Costa a apostar no livro «Aldeias de Portugal - Histórias e Tradições», lançado em Poiares em Dezembro de 2012.
Um projecto que o autor caracteriza como «uma missão que visa a valorização da cultura rural e a revitalização deste tipo de territórios».
São 138 páginas que contam o país rural. Para Paulo Costa, o livro «é muito mais que um recorte ou guia de aldeias nacionais, é uma viagem ao mais autêntico da nossa identidade».
«Procuro, na escolha das fotos seleccionadas e dos textos elaborados, transmitir os sentimentos que a vida rural crava na identidade das gentes rurais, uma forma de vida que vai muito além da procura do supérfluo, onde a realidade é algo que se prova, constata e efectiva em gestos contínuos», sublinha.
O autor salienta que o livro «tem mais a ver com o sentimento de ser rural do que propriamente com uma descrição de aldeias típicas de alguma região. É um livro de histórias e tradições transmitidas em forma de sentimento puro».
É um Portugal «autêntico» aquele que nos mostra em «Aldeias de Portugal - Histórias e Tradições», vinca Paulo Costa, adiantando que é também um país que «não sofreu “cirurgia plástica”».
«Um Portugal que durante vários séculos aprendeu a desenvolver uma forma de vida genuína, a cultivar os solos, a estimar as suas raças autóctones, a explorar o mar, a misturar especiarias vindas do Oriente com legumes apanhados na horta, a preservar sabores ímpares descobertos em confecções em potes de ferro com três “patas”, a descobrir mil formas de fazer bacalhau», acrescenta.
E é também um país que tem «um povo de gente boa que ama dizer “bom dia”, que não desvia o olhar dos problemas, que agarra os bois pelos cornos, taxativamente. Este é um livro tão simples quanto a simplicidade da vida rural, e por isso se torna tão forte, pois nesta complexidade social em que hoje nos encontramos é na simplicidade que encontramos a mais pura forma de vida. E na aldeia esta forma de vida torna-se nítida e deslumbrantemente simples».
Paulo Costa fala também das gentes da aldeia que «são a alma da nossa identidade, aquelas que preservam um Portugal maior, na sua história, nas suas estórias. São gentes desprovidas do medo de viver de forma simples e natural, gentes que sorriem sem medo de pagar imposto, gentes solidárias e generosas que agarram cada dia com a frescura de quem acorda com vontade de vencer», afirma.
A esmagadora maioria das fotografias da obra são do fotógrafo Rui Pires, mas o livro contempla dezenas de fotos de outros autores, como do próprio Paulo Costa, e de Domingos Moura, um veterinário que percorre as terras de Barroso no apoio às populações rurais e que vai eternizando vários momentos fotográficos.
«Um livro que mostra o que somos»:
 O livro «mostra o que somos, como somos e como sentimos esta vida pura e rural», refere Paulo Costa e considera que poderá ser importante a diversos níveis, «quer na demonstração do valor da nossa cultura rural e das nossas tradições, na promoção das potencialidades turísticas deste tipo de territórios, quer ainda na informação sobre o apoio que poderia ser fornecido a estas populações que deram e dão tanto ao país e pedem tão pouco em troca».

E adianta que a obra poderá, numa perspectiva mais abrangente, «ser importante na forma como poderá transmitir às novas gerações as potencialidades do meio rural para a obtenção de qualidade de vida, isto numa era em que os meios de comunicação encurtaram distâncias e permitem estar perto de tudo, mesmo a longos quilómetros».
Paulo Costa concorda com a realidade de abandono e desertificação do interior do país. «Infelizmente, temos um país desequilibrado, desertificado, desproporcionado, envelhecido e inclinado. Mas nem tudo o que cresce, permanece. As cidades são hoje mega incubadoras de problemas sociais, graves e, muitas vezes, ocultos, pelo que a preservação dos territórios rurais é uma gigantesca oportunidade para devolver oportunidades de qualidade de vida a milhares de pessoas que vivem asfixiadas na vida citadina», alerta.
Por isso, defende que «é preciso notar e comunicar, sem medo, que ao longo das últimas décadas, numa tendência global, milhares de pessoas deixaram o mundo rural em direcção às grandes cidades atrás de uma ilusão, a ilusão da vida fácil, da qualidade de vida absoluta, do isolamento pessoal, como se isto significasse felicidade».

«Agora, numa era de uma complexidade extrema em termos sociais, a nível global, verificamos que a vida na cidade, aquela sonhada, não passou de uma ilusão, com uma insegurança cada vez mais absurda e incontrolável, com um desperdício de tempo total, passado em filas para tudo e mais alguma coisa, com falta de mobilidade, imagine-se, com problemas de emprego e, mais grave, com a verificação de que mega cidades são, no tempo, insustentáveis», constata Paulo Costa.
A oportunidade no Turismo:
 E se nesta obra é possível perceber «a autenticidade do território rural, a beleza das nossas gentes, a preservação do património e a qualidade ímpar dos sabores que se encontram neste Portugal profundo», o livro é «apenas o ponto de partida de um projecto que terá continuidade».

Em 2014, Paulo Costa tenciona lançar um novo livro com um roteiro sobre «as mais belas aldeias a visitar».
«É de sublinhar que de Norte a Sul, Este a Oeste, dos Açores à Madeira, Portugal tem aldeias que são autênticos contos de encantar, com potencialidade magníficas para o desenvolvimento de um turismo rural particular e singular a nível mundial. Somos um dos mais antigos países do mundo, com uma preservação do nosso património absolutamente fascinante e com gentes que em cada olhar conseguem contar uma estória. Urge promover, preservar e desenvolver o conceito de turismo rural», afirma.
De referir que o livro «Aldeias de Portugal - Histórias e Tradições», com a chancela da Graça Editores, está à venda no site Mundo das Aldeias, sendo que, em breve, estará disponível nas redes de distribuição nacional.
Outros projectos associados à obra estão também quase a sair, informa Paulo Costa. Um deles é a Confraria das Aldeias e Aldeões de Portugal e que terá, nas próximas semanas, a sua primeira entronização.

Texto: Ana Clara; Fotos - Paulo Costa e Rui Pires («Aldeias de Portugal»)
in:cafeportugal.net

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