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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Academia de Letras homenageou Barroso da Fonte

A Academia de Letras de Trás-os-Montes reuniu na sua sede, em Bragança, dia 23 de Março e, após a sessão da Assembleia Geral, decorreu uma segunda sessão presidida pelo Doutor Ernesto Rodrigues, ladeado pelo representante da Câmara, Vereador  Engº Hernâni Silva e pelo homenageado que, em 24 de Janeiro, completou 60 anos de Jornalismo. 
O autor desta nota foi encarregado de falar do seu conterrâneo e amigo desde que se conheceram no serviço militar obrigatório. Aí disse: encontrei pela primeira vez o Barroso da Fonte na Estação de S. Bento, no Porto, quando esperávamos o comboio da noite para seguirmos para Mafra, onde íamos iniciar a vida militar. Tinha ele 24 anos de idade e eu 20. Nessa noite estipulámos que a condição de Barrosão e transmontano se iria impor acima de qualquer outro considerando, o que nem sempre se revelou fácil, pois vínhamos de mundos muito diferentes, com referenciais de vida e de pensamento, por vezes antagónicos. Tivemos muitas e vivas discussões, mas nunca perdemos a referência maior da noção territorial de criação. Convivemos estreitamente, dentro e fora do quartel ao longo dos sete meses de instrução militar, tempo estabelecido para aquela incorporação de Janeiro de 1964. Nos intervalos dos exercícios de instrução enquanto nós descansávamos um pouco, o homem de Codeçoso ia sentar-se sozinho a rabiscar uma crónica ou a dedicar um poema a um palminho de cara com quem cruzara o olhar, na tarde anterior. 
Cheguei a considerar excessiva e incompreensível aquela ânsia de aproximação ao sexo oposto. Só muito depois entendi essa perspectiva quando verifiquei melhor o que era viver fechado como animal no curral, a sonhar com sorrisos e ternura feminina e saber que nem um breve engano podia ter, como referia Camões. Pela mesma razão, já enquanto trabalhou nos Pisões, na construção da Barragem, vinha sempre que podia com outro amigo à paragem das camionetas para ver as moças que chegavam ou partiam e as que continuavam viagem.
A actividade como jornalista e poeta constitui para Barroso da Fonte um bálsamo refrescante de vida, o ar que respira, em liberalidade só igualada pela prodigalidade que confere sentido ao valor absoluto da amizade, à entrega ao próximo, à defesa do mais frágil, do mais desprotegido. Disso não fala ele tanto, e faz muito bem. Só quem o conhece de perto adquire a preciosa noção da ternura e do desvelo  que comporta cada seu gesto. Creio que sempre cultivou a arte como uma forma de transcendência, de ultrapassagem das pesadas agruras da existência, mesmo sem ter, por vezes, plena consciência disso. O nosso trajecto de amizade conta já perto de meio século, apoiado num apreço sem desfalecimento, numa disponibilidade total quando requerida, numa convivência sã e fraterna. Estivemos sempre presentes nos momentos importantes da vida de cada um. Quando há poucos anos me pediram um breve testemunho sobre Barroso da Fonte, escrevi o seguinte:
O livro agora distribuído, da autoria do Coronel Dias Vieira e de João Pedro Miranda constitui um trabalho meritório e bem concebido que merece ser lido, conhecido e apreciado. Fornece uma panorâmica mais alargada e completa do que foi a vida de Barroso da Fonte, como homem, historiador e jornalista.
Quero por fim expressar à Academia de Letras de Trás-os-Montes e aos seus principais mentores o meu obrigado pelo convite para participar neste gesto de elevado significado, revelador de que a Academia não é indiferente aos momentos importantes da vida dos seus associados, demonstração de que os transmontanos e em particular os seus homens de letras continuam sábios guardiões do património de gratidão legado pelos seus maiores, mantendo aceso o farol dessa identidade preciosa que resiste contra ventos e marés, perante a voracidade hegemónica e aniquiladora da diversidade do que é específico, autêntico e de direito  próprio.
O Coronel Dias Vieira, co-autor do livro ali apresentado  também usou da palavra para enaltecer as qualidades do seu conterrâneo e amigo e também para explicar as pesquisas que fez através da colecção do Semanário A Voz de Trás-os-Montes para escrever os primeiros anos de jornalismo deste que volvidos 60 anos ainda continua a colaborar no Jornal-Escola.

António Carneiro Chaves

in:jornal.netbila.net

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