As testemunhas do processo que julga um agricultor do concelho de Alfândega da Fé acusado de tráfico de pessoas, tiveram que se deslocar cerca de 80 quilómetros para poderem prestar os seus depoimentos.
Mais de 20 pessoas tiveram que se deslocar de aldeias dos concelhos de Alfândega da Fé e Vila Flor até ao tribunal de Bragança, cidade que depois da reorganização do mapa judiciário centraliza este tipo de processos.
O pior de tudo é que a deslocação está fortemente condicionada pela raridade dos transportes públicos entre estas aldeias e a capital do distrito, onde agora está centralizada a comarca.
O único autocarro que serve esta zona do sul do distrito chega a Bragança depois das 10h00 e parte às 15h30, hora a que hoje ainda deve estar a ser ouvido o arguido, que é o primeiro a responder ao tribunal, o que deixa facilmente perceber o facto de a rede pública de transportes não ser compatível com os horários dos tribunais.
Este é o primeiro caso relativo a julgamentos que mobiliza um grande número de pessoas para fora dos concelhos onde os factos ocorreram, e acontece depois da reorganização do mapa judiciário levado a cabo pelo actual Governo.
“Eles exigem que as pessoas venham, mas não querem saber se a gente tem dinheiro", disse uma das testemunhas obrigada a deslocar-se a Bragança, citada pela Agência Lusa.
"São encargos para as pessoas que se deslocam. Propicia é que as pessoas se recusem a ser testemunhas e prejudica a verdade, antes da reorganização deviam ver se as pessoas têm condições" considerou uma outra testemunha citada pela mesma agência noticiosa.
Agência Lusa
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