O maior poeta português vivo deixou a vida na manhã de ontem, mas a sua obra permanecerá. O seu último livro, "A Morte Sem Mestre", foi publicado no ano passado. Distinguido em 1994 com o Prémio Pessoa, recusou a distinção. "Não digam a ninguém e deem o prémio a outro", pediu ao júri.
O escritor e poeta português Herberto Helder, o mais importante entre os vivos, morreu esta segunda-feira aos 84 anos, na sua casa, em Cascais. Era considerado o maior poeta português da segunda metade do século XX.
Nascido no Funchal em 1930 e de ascendência judaica, não gostava de conceder entrevistas, recusava-se a ser fotografado e não atribuía especial significado aos galardões. Em 1994, o poeta Herberto Helder foi distinguido pela sua obra, que "ilumina a língua portuguesa". No entanto, querendo manter-se um "poeta oculto", recusou receber o Prémio Pessoa, pedindo ao júri: "não digam a ninguém e deem o prémio a outro".
Chegou a matricular-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra mas, em 1949, mudou para a Faculdade de Letras onde frequentou, durante três anos, o curso de Filologia Romântica, que também não chegou a acabar.
Homem de vários ofícios, foi angariador de publicidade em Portugal e teve trabalhos marginais no estrangeiro, dedicou-se depois à profissão de bibliotecário, antes de abraçar o jornalismo.
O seu primeiro livro, "O Amor em Visita", foi publicado em 1958, frequentava ele o círculo modernista do Café Gelo, no Rossio, onde privava com personalidades como Luiz Pacheco, Mário Cesariny, João Vieira ou Hélder Macedo. A sua última obra, "A Morte Sem Mestre" (Porto Editora), foi publicada em 2014, um ano depois de "Servidões". Entre as peculiaridades do poeta está o facto de os seus livros terem apenas uma edição.
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