História Administrativa:
O Colégio foi fundado em 1561, pelo P.e Leonel de Lima, seu primeiro reitor, que nesse ano chegou a Bragança, acompanhado de alguns religiosos da Companhia de Jesus, com o propósito da fundação, de que havia sido incumbido pelo Provincial P.e Gonçalo Vaz. No entanto, já em 1559 o P.e Leonel de Lima, juntamente com o P.e Domingos Cardoso, tinha sido enviado a Bragança para identificar o local onde poderia ser edificado, estando a sua criação a ser planeada já desde 1557. D. Julião Alva, 3.º bispo da recente diocese de Miranda, ofertou 100 mil réis para a sua edificação.
Por seu lado, o duque de Bragança, D. Teodósio, contribuiu também monetariamente para a edificação do Colégio (que acabou por se instalar em casas que estavam destinadas a um mosteiro feminino de clarissas) e doou, do seu padroado, parte das rendas da igreja de S. João de Transbaceiro (hoje designada de Fontes de Transbaceiro, no lugar de Parâmio, concelho de Vinhais), com sua igreja anexa de Dine.
Por carta de 1 de Julho de 1562, o bispo de Miranda D. Julião de Alva anexou ao colégio as rendas eclesiásticas de determinadas igrejas, procurando dar sustento económico ao colégio, com vista a que pudesse cumprir a sua missão de formação de clérigos. Foram, então, anexados 2/3 das rendas da igreja paroquial de S. João de Transbaceiro, bem como a igreja anexa de Dine. Esta união só pode ser concretizada pela renúncia do seu último reitor, o Dr. Diogo Sigeo (filho do humanista Diogo Sigeo, que foi mestre do 5.º duque de Bragança) com o consentimento do cabido da Sé de Miranda.
Posteriormente, o bispo D. António Pinheiro, que sucedeu a D. Julião de Alva, deu consentimento, por carta de 10 de Março de 1565, para que a terça parte das rendas da igreja matriz de Penhas Juntas e suas igrejas anexas, que pertenciam igualmente ao padroado do duque de Bragança, fosse unida ao colégio.
Por outro lado, D. António Pinheiro altera a dotação patrimonial do colégio, por carta de 13 de Abril de 1569, ao anexar, agora, o rendimento total das igrejas de S. João de Transbaceiro e de Dine, alterando a dotação anterior de 2/3 das rendas. Os reitores destas igrejas, cuja apresentação pertencia ao duque de Bragança, recebiam, a partir de então, um salário de 60 cruzados, o pé de altar, uma casa para sua morada e um terreno contíguo à mesma. Por este mesmo documento foi feita a anexação da igreja de S. Mamede de Alimonde (da freguesia de Carrazedo, concelho de Bragança) à igreja de S. João de Transbaceiro, bem como a união, ao Colégio, da abadia de S. Julião de Paçó (c. Vinhais) e igrejas anexas de Lagarelhos, Rio de Fornos e Travanca.
Nova alteração foi feita ao padroado do Colégio, por carta de 17 de Abril de 1569 de D. António Pinheiro, reiterando as dotações anteriores (igrejas de Transbaceiro, Lagarelhos, Penhas Juntas) e alterando o título de abadia de S. Julião para reitoria, determinando as obrigações do Colégio perante estas igrejas. Por sua vez, por carta de 7 de Fevereiro de 1570, o mesmo bispo anexou a igreja de Santa Maria Madalena de Grijó de Vale Benfeito.
Os bens eclesiásticos deste padroado tiveram a confirmação da sua anexação ao Colégio de Jesus de Bragança pela Bula de Gregório XIII In supremo apostolice dignitatis culmine, datada de 1 de Março de 1574, redigida a instâncias do rei D. Sebastião, do duque de Bragança, D. João e do bispo de Miranda, D. António Pinheiro.
O padroado do colégio ficou, assim, formado pelas seguintes igrejas, das quais recebia uma parte ou a totalidade dos dízimos, primícias, sanjoaneiras e foros: S. Pedro de Penhas Juntas (com as igrejas anexas de S. Martinho de Gestosa e S. Mamede de Agrochão, Santa Maria de Ervedosa, e Santa Bárbara de Brito), S. Julião de Paçó (e anexas de S. Pedro de Lagarelhos, S. Mamede de Travanca e Santa Maria de Rio de Fornos), S. Nicolau de Cortiços (e sua anexa de S. Miguel de Cernadela), Santa Maria Madalena de Grijó de Vale Benfeito e S. João de Transbaceiro (com sua anexa de Santa Maria de Dine).
Foi solenemente aberto em 1568 mas já recebia alunos desde 1563, sabendo-se que em número de 300, de acordo com a referência feita numa carta do duque de Bragança, D. Teodósio, escrita de Vila Viçosa em 23 de Fevereiro de 1563.
O património do Colégio foi enriquecido com doações de particulares, entre as quais se inclui a que foi feita por D. Filipa Mendes, viúva do desembargador Gaspar Jorge Mendes, que doou em 1562 os bens situados em Vilar do Monte (concelho de Macedo de Cavaleiros).
Em Espinhosela possuiu a Capela de S. Caetano, fundada pelo Rev. Belchior Leite de Azevedo, abade daquela localidade que, por testamento lavrado em 1703, deixou a administração da capela entregue ao Colégio de Bragança, com a obrigação de uma missa quotidiana por sua alma, a celebração de uma missa solene no dia de S. Caetano e a aquisição de todos os paramentos e objectos de culto necessários. Para cumprimento deste legado pio deixou diversos bens patrimoniais em Espinhosela.
Refira-se também o legado de Isabel de Quinhões, mulher de Gaspar de Seixas Pegado, que por testamento lavrado em 1614 deixou (para repartir com o Convento de Santa Clara de Bragança) os bens que possuía no Vimioso (e em S. Joanico e Vale de Frades), com obrigação de 50 missas anuais.
Por último, cite-se ainda o legado de D. Maria Pais, mulher do Dr. Gonçalo de Faria, de Algoso. Fora instituidora da capela de N.ª S.ª da Anunciação, na igreja de Algoso, com bens vinculados cuja administração foi entregue ao Colégio, após o seu falecimento em 1617.
Outras doações particulares foram formadas por bens na própria cidade de Bragança, em que se incluem as casas na rua do Hospital, por doação do P.e João Rodrigues, através de escritura feita em 12 de Maio de 1561; uma outra doação, ainda, é formada por casas sitas na Rua do Cabo, doadas pelo Rev. Francisco Pereira da Silva Padrão, morador em Bragança, por escritura feita em 11 Julho de 1706.
Beneficiou também de doações régias, como a que foi feita por D. Sebastião, em 1565, dos moinhos e terras nas margens do rio Sabor, no lugar de Porto da Granja, e da Quinta de Rica Fé, junto à cidade de Bragança. Por sua vez, D. João IV doou a propriedade da Granja, da Casa de Bragança, em 1649, como forma de indemnizar o Colégio pelos prejuízos que sofreu com as guerras da Restauração, pela perda de colheitas e pagamento de rendas nesta zona de Trás-os-Montes.
Devido ao clima inóspito de Bragança, com invernos rigorosos e calor estival excessivo, e um edifício húmido, a saúde dos habitantes do colégio necessitava de cuidados e repouso que procuraram obter ao construir uma quinta de recreio, ou residência de repouso na Quinta do Parâmio, nos anos de 1586 e 1587.
O proteccionismo régio transparece também na atribuição da exclusividade do ensino do latim, num perímetro de 12 léguas em redor do colégio.
O Colégio possuiu botica, da qual saíam drogas e medicamentos para diversas boticas das regiões recônditas de Trás-os-Montes, tendo sido o P.e Francisco Soeiro o último padre boticário.
Teve juiz conservador que sentenciava em diversas questões judiciais, tendo surgido inúmeras contendas com jurisdições privativas da cidade e outras instâncias judiciais.
Em 1759, no mesmo ano da extinção da Companhia de Jesus em Portugal é também extinto o Colégio de Jesus de Bragança e inventariados e arrolados os seus bens. O edifício do Colégio e sua igreja foram doados em 1768 à Mitra Episcopal de Miranda, dando lugar à Sé catedral de Bragança, quando a sede do bispado se transferiu para Bragança em 1764, sendo bispo D. Aleixo de Miranda Henriques. Os restantes bens foram incorporados no Erário Régio, em 1759, sendo posteriormente doados à Universidade de Coimbra, por Provisão de D. José, de 4 de Julho de 1774. António José de Escovar, procurador da Universidade, tomou posse dos bens em 1775, na presença de Manuel António Pinto de Escovar, juiz de fora de Bragança. Por sua vez, os bens da Universidade foram incorporados nos Bens Próprios Nacionais, por Decreto de 5 de Maio de 1835. No Diário do Governo de 10,17, 26, 29 e 30 de Junho de 1848 foram vendidos em hasta pública todos estes bens que tinham formado o património do Colégio.
A sua livraria (biblioteca) em que avultavam obras de Direito Civil e Canónico, Teologia Moral e Especulativa, Patrística, Humanidades, etc., em número superior a 1.700 títulos, foi integrada na Biblioteca Municipal de Bragança.
in:uc.pt
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