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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 22 de novembro de 2015

Germano Macedo - Um homem do (e) ferro

A história de um serralheiro de profissão que se tornou artesão de máscaras transmontanas

Nem só de madeira se fazem as máscaras transmontanas.
Que o diga Germano Macedo que, após um pedido inédito de um cliente, percebeu que a tradição se pode cumprir a partir de outros materiais.

“Há algum tempo atrás, apareceu aqui um indivíduo a perguntar se eu lhe fazia uma máscara. Como nunca tinha feito nenhuma, tinha algum receio, mas, devido à insistência, acabei por ceder e dar corpo à obra”, recorda Germano Macedo, artesão e serralheiro de profissão, que gosta, sempre, de imprimir um cunho pessoal às suas realizações.
O resultado da “encomenda” satisfez e o mediatismo que as máscaras e caretos adquiriram nos últimos tempos levou este mestre a apostar “numa faceta que estava adormecida”. Daí à exposição dos seus trabalhos foi um passo. “Algumas pessoas disseram-me que devia expor os meus trabalhos e foi o que fiz”, sublinha Germano Macedo, que também se aplica na arte de ferreiro.
A sua reputação foi passando de boca em boca até chegar aos ouvidos do director do Museu Abade de Baçal, Neto Jacob, que lhe encomendou mais peças. “Convidou-me a fazer algumas máscaras e a expô-las nesse espaço tão nobre que é o Museu. Desde então, não tenho mãos a medir e quero aproveitar este desafio”, recorda o mestre com indisfarçável orgulho.

Apesar da popularidade e vendas crescentes das máscaras, esta arte não garante a sobrevivência

Uma vez que é serralheiro, o artesão utiliza o mesmo material e ferramentas com que executa as portas e janelas para os seus clientes, adicionando, apenas, um tipo de criatividade diferente.
Deste modo, Germano Macedo vai imprimindo, a cada peça, um gosto e toque pessoal, dependendo do tempo que leva a concretizar uma máscara. “Umas dão mais trabalho que outras. Por vezes, estou a fazer uma coisa e depois surge outra ideia e, claro, tenta-se melhorar o aspecto inicial, torná-la mais vistosa, para chamar a atenção das pessoas”, descreve o ferreiro.

De resto, o serralheiro acredita que o sucesso das máscaras se deve a este toque pessoal e ao aproveitamento de material, que torna o preço mais acessível. Cada peça custa, em média, 50 euros, pelo que “o cliente paga, praticamente, a criatividade e trabalho do artista”, diz.
Contas feitas, a venda destas peças não garante a sobrevivência, mas serve de complemento, além de contribuir para a preservação da tradição. “Não tenho clientes a comprá-las todos os dias, mas nota-se que as pessoas querem preservar a sua tradição”, salienta o fazedor de máscaras.

Algumas máscaras sofrem diversas alterações até o artesão gostar do resultado final

Retomando uma arte que também domina, o próximo projecto deste artesão é a concepção de uma máscara em ferro, totalmente trabalhada na forja. “Ainda nem tive tempo para este tipo de peças, pois requerem muita concentração e paciência para ficarem ao gosto do artista. Ao mínimo descuido, o trabalho pode não ficar bem”, adverte o serralheiro.
Até aqui, Germano Macedo tem conciliado a arte da serralharia com a de artesão, mas deixa claro que as portas, portões, grades e janelas são a sua principal actividade. “Já vem do tempo do meu bisavô, que era ferreiro. Mais tarde, aprendi a arte com o meu pai e preparei-me para a vida, ”, recorda o mestre. Outros tempos, sem dúvida.

De jogador a artesão

Além de ferreiro, serralheiro e artesão, Germano Macedo passou pelos relvados, como jogador, e, mais tarde, com a camisola de treinador. Na época, o futebol abria algumas portas e criava oportunidades. “Um jogador era visto com certo agrado e era uma maneira de chegar a alguns sítios, embora eu jogasse pelo prazer e nunca com o objectivo de fazer do futebol profissão”, ressalva.

in:diariodetrasosmontes.com

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