Hernâni Dias |
O principal impacto e, talvez, o mais importante foi ter colocado o Nordeste Transmontano na agenda dos grandes fóruns mundiais na área das smart cities, reunindo os mais conceituados especialistas mundiais que partilharam experiências, conhecimento, casos de sucesso, ideias e projectos sobre turismo inovador. Por outro lado, despertou, nos diferentes agentes locais, públicos e privados, o interesse nas questões smart ligadas à temática do turismo. O evento foi, também, um veículo importante de promoção territorial deste reino maravilhoso, que surpreendeu, pela positiva, muitos dos oradores que se deslocaram ao Nordeste Transmontano.
O Smart Travel deixou uma marca?
Sem dúvida. Na minha opinião, este foi o evento mais importante realizado, em 2014, no Nordeste Transmontano, com uma marca de qualidade, tanto a nível de organização, como a nível do território.
É vossa intenção dar continuidade ao evento?
Sim. Faz todo o sentido dar continuidade ao evento, integrando-o na estratégia concertada de tornar este território numa smart region, mais inovadora, dinâmica, sustentável, participativa e com acções mais próximas dos cidadãos.
Quais são as expectativas? De que forma este congresso pode contribuir para o desenvolvimento e promoção da região?
As expectativas são elevadas. Durante dois dias (4 e 5 de Dezembro de 2015), o Nordeste Transmontano voltará a ser o centro de todas as atenções, no que concerne ao debate e reflexão sobre novas formas de turismo inovador, potenciador de novos fluxos turísticos, com impacto na economia local e promoção da região. O debate sobre os desafios das pequenas e médias cidades deverá servir para chamar a atenção para o grande potencial de algumas cidades e territórios de zonas mais desfavorecidas, mas que em nada ficam atrás de outras zonas privilegiadas em termos de investimento público.
Em 2014, o Smart Travel teve como tema principal o Turismo, os destinos inteligentes. Este ano, adiciona a temática das Pequenas e Médias cidades. Quais são os problemas destas urbes de menor dimensão?
Os principais problemas, generalizados aos territórios de baixa densidade, são, por um lado, o envelhecimento populacional, as baixas taxas de natalidade, o povoamento disperso e a baixa densidade populacional, as externalidades negativas que condicionam o processo de desenvolvimento e de criação de valor. Por outro lado, a escassez de oportunidades de emprego para os jovens, adequadas às expectativas de uma população cada vez mais instruída e exigente, resultante das sucessivas políticas centralistas que têm canalizado a maior fatia de investimento público e as estratégias de desenvolvimento territorial para uma estreita faixa do Litoral.
E as potencialidades?
Destaco a hospitalidade e determinação das gentes transmontanas, a proximidade e as excelentes relações com Espanha, assim como a ímpar gastronomia confeccionada, por mãos sábias e com produtos de excelência. Esta região é rica em história e tradições, como testemunha o seu enorme património edificado e tem uma imagem consolidada de tranquilidade e segurança. A elevada qualidade ambiental, com grande percentagem de áreas protegidas e a riqueza da fauna e da flora (Reserva da Biosfera pela Unesco), é uma marca de referência privilegiada no âmbito turístico de montanha e natureza.
Que desafios se colocam?
Os principais desafios, do meu ponto de vista, são conseguir estancar a crescente perda de população do meio rural, criar novos fluxos de turismo, aproveitando as potencialidades dos recursos endógenos e captar mais investimento privado, gerador de riqueza e emprego, fundamental para a fixação e atracção de população.
Como as soluções smart podem contribuir para o desenvolvimento económico do território?
No actual contexto europeu, num ambiente global de mercados sem fronteiras, a criação e implementação de estratégias baseadas na inovação e sustentabilidade é, seguramente, o caminho que permite gerar mais riqueza, empregos e desenvolvimento territorial. A qualidade de vida dos cidadãos também deverá estar sempre presente na definição destas soluções.
Como o turismo pode ser uma solução para o desenvolvimento da região?
É inquestionável que o sector do turismo é um pilar fundamental para o necessário e desejado desenvolvimento sustentável desta região. Cientes dessa importância têm sido promovidos várias iniciativas e eventos que visam tornar Bragança (distrito) num destino turístico por excelência. Neste âmbito destaco o projecto Bragança, Terra Natal e de Sonhos, que decorrerá de 1 de Dezembro a 6 de Janeiro de 2016, com um conjunto de actividades que estou certo de que trará a este território muitos turistas, contribuindo para a dinamização da economia local. Por outro lado, tem havido uma grande aposta em acções de marketing territorial, em Portugal e de forma especial em Espanha.
Quais são as ambições de Bragança enquanto cidade/território inteligente?
Bragança está a construir as bases para, no médio e longo prazos, se tornar numa verdadeira Ecocidade e Smart City. É esse o nosso objectivo estratégico, a nossa ambição, a nossa visão, que estou certo que será alcançado, com a participação e envolvimento dos diferentes agentes locais. Para tal, continuaremos a apostar em projectos inteligentes, inovadores, criativos e com valor acrescentado, capazes de gerar bem-estar e melhor qualidade de vida para os cidadãos, com acções mais amigas do ambiente, mais eficientes na gestão dos recursos e geradoras de emprego, assentes numa estratégia participativa, empreendedora, criativa, intelectual, inovadora e sustentável.
Que soluções inteligentes existem instaladas em Bragança e no território e que soluções estão pensadas para o futuro?
Em 2015, quatro cidades foram consideradas as mais inteligentes de Portugal. Bragança é uma delas. É um dos 25 municípios de Portugal que integra a Rede Piloto de Mobilidade Eléctrica, contando já com oito postos de carregamento na cidade. Os edifícios-sede do Município (a casa de todos os brigantinos) são uma referência em termos de inovação e sustentabilidade, tendo sido galardoados com o Prémio Inovação. O Brigantia EcoPark é um espaço inteligente e sustentável de ciência e tecnologia para apoio a empresas consolidadas e a empresas incubadas, ambas de base tecnológica, nos clusters da eco construção, eco energia, eco turismo e produtos tradicionais. Possui ainda espaços laboratoriais para apoio à investigação, desenvolvimento e inovação. Bragança tem em funcionamento um serviço inteligente de pagamento do estacionamento de viaturas (Meo Parking). Com uma rede de ciclovias urbanas, já com 8 km, e um sistema inovador de bicicletas eléctricas partilhadas, os cidadãos podem desfrutar das dinâmicas da cidade e sentir o seu pulsar. Toda a frota municipal dispõe de um sistema inovador de georreferenciação. Estamos empenhados em desenvolver uma atitude participativa da comunidade local, envolvendo os cidadãos em projectos e iniciativas. Iniciámos em 2015 um novo processo de participação cívica (Orçamento Participativo), com o objectivo de estimular e envolver todos os cidadãos na definição das prioridades de governação local, elevando assim o seu sentimento de pertença. Queremos uma cidade mais amiga do ambiente, que esteja mais atenta aos cidadãos e ao seu bem-estar. Queremos sentir as emoções e motivações das pessoas, para que estas sejam ainda mais felizes e orgulhosas. Todo este território deverá enveredar por este caminho, aproveitando a marca “Reserva da Bioesfera”, por forma a que a região se transforme numa smart region.
O Brigantia EcoPark (Centro de Ciência e Tecnologia) juntou-se na promoção do Smart Travel a dois GAL (DESTEQUE e CORANE). São entidades diferentes, têm objectivos comuns?
Embora sejam entidades diferentes, com objectivos próprios, têm como missão comum promover o desenvolvimento integrado e sustentável do território em que se inserem, situação só possível com o envolvimento de todos, numa verdadeira simbiose de vontades.
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