O governo anunciou que pretende implementar um desconto nos combustíveis para os transportes pesados de mercadorias em zonas de fronteira. Bragança é uma das possibilidades que está em cima da mesa mas ainda não foi confirmada pelo governo. A medida pretende atenuar o efeito do aumento dos impostos nos produtos petrolíferos, que tem levado cada vez mais empresas a Espanha para abastecer.
Helder Soares, gestor de uma empresa que tem dois postos de combustível em Bragança e um em Chaves, constata que são cada vez menos os camiões que abastecem do lado de cá da fronteira.
“Já há bastante tempo, não é de agora, mas com este aumento ainda acentuou mais as quebras que temos tido. Já não me lembro de ter visto um camionista num dos nossos postos em Bragança ou em Chaves. Neste momento, penso que as empresas poderão poupar, num depósito, cerca de 300/400 euros, e quanto a isso penso que não há muito a dizer.”
A criação de postos de abastecimento com combustível mais barato para as empresas transportadoras não parece, ao responsável desta empresa, a melhor solução para contrariar este cenário.
Hélder Soares considera que a criação de um gasóleo profissional e um sistema generalizado para todos os empresários seria uma melhor solução.
“Penso que não faz grande sentido. A medida em si de baixar o imposto para os transportes pesados faz sentido mas não da maneira que vão fazer. O problema disto tudo é que só estão a querer ajudar os transportes internacionais e, infelizmente, temos empresas que também têm camiões que não saem do país. E essas empresas como vão fazer? Faria mais sentido criar um sistema como é o do Gasóleo Verde, por exemplo, onde o Estado dá um cartão às empresas ou à pessoa.”
Já Eduardo Malhão, empresário do sector e presidente do núcleo empresarial de Bragança, o NERBA, considera que a medida que foi anunciada esta semana pelo governo pode vir a atenuar a situação no sector:
“Se os profissionais tiverem as mesmas condições que têm no lado de cá não há razão nenhuma para ir abastecer a Espanha e, em principio, os consumidores preferem o combustível português do que o espanhol, por vários motivos. Não há duvidas que, até com alguma diferença, há preferência por Portugal mas é natural que, perante os valores que estão em vigor, fazem contas e é óbvio que optam por Espanha.
A medida que se pespetiva por parte do Governo de estimular e baixar o preço para os profissionais tem também a ver com estudos feitos e com a perceção de que existe uma quebra muito grande do consumo nas gasolinas portuguesas.”
O desconto a ser aplicado deverá ser de 14 cêntimos por litro, de forma a igualar a carga fiscal espanhola. O governo deverá ainda implementar descontos a todos os veículos nas antigas SCUTS no interior do país.
Informação CIR (Rádio Brigantia)
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