Um dos participantes do encontro foi o escritor e investigador Carlos d’Abreu que apresentou o livro “Epistolário do Abade Tavares, de Carviçais, com o mestre José Leite de Vasconcelos”. Este é o primeiro livro que Carlos d’Abreu publicou sobre o Abade mas tinha já pelo menos cinco artigos dedicados ao estudo da sua vida e obra, o que lhe permitiu perceber a dimensão do trabalho que desenvolveu enquanto investigador, arqueólogo e historiador do concelho de Torre de Moncorvo e do distrito de Bragança. “Ele tinha uma colecção soberba, não só arqueológica mas também numismática. Posso dizer-lhe que encontrei um inventário breve, não exaustivo, e eu próprio fiz uma contabilidade ligeira e contei mais de 300 numismas. Para além de ter uma biblioteca extraordinária. Ele próprio afirmou nas suas cartas ao mestre que tinha uma biblioteca de dois mil volumes e nesses volumes tinha um acervo extraordinário de manuscritos, não só dele mas também de outros autores”, revelou.
Uma colecção que acabou por ser doada ao Seminário de Bragança. Carlos d’Abreu deixa o apelo à diocese de Bragança - Miranda para que possa contribuir para a inventariação e divulgação desse espólio. “Ele doou todo esse espólio ao Seminário Maior de Bragança para que aí se construísse um museu arqueológico, museu esse que, tanto quanto eu sei, nunca se criou. Se a colecção se organizou, foi para proveito interno do Seminário. O apelo que eu faço às autoridades diocesanas é no sentido de que esse espólio possa ser inventariado e catalogado, de forma a que se possa por ao serviço da comunidade cientifica", frisou.
O trabalho desenvolvido pelo Abade de Carviçais pode ter algumas semelhanças com o de Francisco Manuel Alves, o Abade de Baçal, em Bragança. com quem colaborou, tendo até disponibilizado peças para o museu que dirigiu e que actualmente tem o seu nome. Carlos d’Abreu considera que o facto do Abade de Baçal ter estado mais próximo da capital de distrito lhe conferiu outros apoios que o Abade de Carviçais não teve. “Qualquer um dos colegas coetâneos do Abade de Baçal fizeram um trabalho meritório mas, pelo facto de viver na capital de distrito, naturalmente tinha mais apoios., e talvez por isso seja uma figura mais conhecida.Teve também alguns mecenas e o Abade Tavares não teve esses apoios”, constatou.
Este foi um dos temas PAN, que se juntou a diversas exposições, oficinas de arte e escrita, conferências e outros momentos culturais com artistas, investigadores e pensadores portugueses e espanhóis.Vários edifícios emblemáticos de Carviçais como a antiga estação ferroviária, o antigo celeiro, o edifício onde funcionou uma mercearia ou a escola primária acolheram as diversas iniciativas, que incluíram conversas sobre o património mineiro e uma oficina de escrita árabe.
Foto in: lelodemoncorvo.blogspot.pt |
Escrito por Brigantia
Sara Geraldes
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