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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 3 de junho de 2017

O Bom Azeite

O bom Azeite é sinónimo de saúde e qualidade de vida
A cultura da oliveira, em Portugal, terá sido incrementada (ou introduzida) pelos antigos gregos e cartagineses. Assim, reza a História olivícola lusitana. A bacia hidrográfica do rio Tua foi considerada, durante séculos, terra de óptimo azeite e Mirandela apelidada do «Poço do Azeite», principalmente para as gentes serranas da Terra Fria. Há estudos que comprovam que o consumo diário de uma colher de sopa de «azeite virgem» (azeite não adulterado, nem submetido a altas temperaturas para esconder produtos nocivos acrescentados) ajuda a prevenir o cancro da mama.

Certo é que há pessoas que consomem, em jejum, uma colher (de sopa) de azeite diária para manterem uma vida saudável e com mais qualidade. Por isso, muitos rumam a Mirandela, ao longo do ano, onde adquirem o azeite finíssimo do lavrador, que consomem. No Canadá, qualquer produto orgânico é pago a um bom preço. As pessoas compram muito o que é orgânico e de quinta, como reacção, aos produtos geneticamente manipulados ou transgénicos (de consequências imprevisíveis para a humanidade) e produzidos sem recurso a fertilizantes químicos. Em Edmonton, onde me encontro quando lavro este pequeno texto, todos os sábados há um grande e animado «mercado dos produtos de quinta e orgânicos», desde a carne, às hortaliças e frutas.

Voltando ao azeite, Sólon, reformador da Grécia Antiga, dizia que «a azeitona é a melhor cura para qualquer problema na vida». Ora da azeitona extrai-se a finíssima gordura vegetal, o azeite. Azeite, que já a Bíblia Cristã o referia como um produto medicinal e de botica. Por exemplo, na parábola do «Bom Samaritano», a vítima dos salteadores foi tratado com azeite nas feridas. Igualmente nas «virgens néscias e prudentes» era usado na iluminação. Cristo antes de ser crucificado foi rezar a Deus Pai, no Horto das Oliveiras. Ainda hoje, em muitas das nas nossas igrejas, se emprega o azeite nas lamparinas como sinal de presença do Santíssimo Sacramento no Sacrário.

Se recuarmos ao Egipto dos Faraós o azeite e a oliveira eram oferecidos aos deuses e empregues nos ritos funerários. E mais próximo de nós, os romanos, nos circos, usavam-no para melhor protegerem o corpo nas lutas com adversários. Na primeira metade do século XX, entre os proprietários mirandelenses, o número de oliveiras era referência de maior ou menor riqueza e ser visto na escala social como pessoa mais ou menos importante. Quando o meu Pai se tornou o maior produtor de azeite (não o que tinha mais pés de oliveiras) na minha aldeia, serviu para lhe atirarem à cara que já era rico. E, na sua modéstia, não era. Apenas remediado, porque vivia do seu trabalho. Ricos eram os que tinham rendimentos e não precisavam de trabalhar.

No final dos anos cinquenta, os finórios do burgo lusitano, a par da campanha maléfica dos adubos químicos, diabolizando os estrumes orgânicos, fizeram igual campanha contra o azeite, endeusando os óleos refinados e hoje pouco aconselhados na alimentação. Outrora, a Sociedade Clemente Menéres vendia o azeite finíssimo, de 0,2 graus de acidez, para os hospitais ingleses (hoje vende-o ainda esverdeado e picante para os alemães) e terá sido um dos motivos que fez olhar para o azeite como um produto saudável por excelência.

Dos três azeites do mercado, «azeite, virgem extra, azeite virgem e azeite», para o fidalgo que eu sou, bem me serve o finíssimo, o melhor de todos, que é a maioria do produzido em Mirandela. Para a promoção do nosso excelente azeite muito tem contribuído a associação de produtores da região, liderada pelo António Branco, Presidente de Mirandela. A azeitona, além de produzir o azeite ímpar da nossa região, começa por nos dar as alcaparras, resultante da «vareja dos santos» ou das sementeiras; segue-se a azeitona para a talha ou para quartilhar; depois, a azeitona vulgar de conserva que se obtém com paciência e mudas de água.

Não comprem azeitona preta de conserva industrial, os que a produzem não a consomem, preferindo sempre a azeitona de cor e conserva mais natural e, se possível, comprada aos nossos agricultores, como se faz com muito azeite. A azeitona melhor é a quartilhada e com pouco sal. O sal é veneno para o sangue e coração, que se deve evitar. O nosso azeite é ainda ideal para substituir as elaboradas manteigas e margarinas nas torradas, como fazem os lagareiros e para servir de entrada, molhando nele pedacitos de pão, a preparar o estômago para uma refeição aconchegada.

Jorge Lage
in:atelier.arteazul.net

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