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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
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sábado, 22 de julho de 2017

Gás natural em Trás-os-Montes terá apoio de 37 milhões das tarifas

O projecto da Sonorgás vai traduzir-se num “agravamento tarifário”, diz a ERSE, enquanto o presidente da empresa fala em impacto “quase nulo” e em objectivos de "desenvolvimento regional".
Há cinco anos que a Sonorgás anda a tentar desenvolver infra-estruturas de distribuição de gás natural em várias localidades dos distritos de Vila Real e Bragança. A empresa concorreu com a EDP a novas licenças de distribuição local, num processo que já se arrasta desde 2012, e que ainda não está totalmente encerrado, mas que já lhe garantiu a licença de 18 das 26 novas unidades autónomas de gás (ou UAG) que o anterior Governo pôs a concurso para o Norte do país.

As UAG (que são abastecidas por camião) da Sonorgás já começaram a sair do papel e a empresa sediada em Vila Real espera que pelo menos seis entrem em exploração ainda este ano, adiantou o presidente executivo do grupo Dourogás (dono da Sonorgás), Nuno Moreira. No conjunto das 18 localidades – dez do distrito de Vila Real e oito de Bragança – existe um potencial de vinte mil novos clientes de gás natural, dos quais “cerca de 400 são pequenas e médias empresas e empresas de maior dimensão”, adiantou o gestor.

Estas UAG implicam investimentos de 58 milhões de euros e a Sonorgás pretende recuperar 37 milhões através das tarifas fixadas pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) nos próximos cinco anos. Foi esse o valor comunicado pela Sonorgás ao regulador, que esta semana deu um parecer positivo aos planos de investimentos das distribuidoras para o período entre 2017 e 2021 (a EDP Gás, o grupo Galp, a Tagusgás e a Sonorgás, que já tem cinco polos de consumo), que somam 274 milhões de euros.

Além da recuperação de custos via tarifa, a Sonorgás também conseguiu para os novos projectos um empréstimo de 29 milhões do Banco Europeu de Investimento, “com melhores condições e prazos”. Nuno Moreira diz que este financiamento “representa um grande selo de qualidade, do ponto de vista ambiental e económico”. A empresa também irá recorrer à banca (14,5 milhões) e a capitais próprios (em igual montante). E mantém “todo o interesse” nas outras seis licenças a que também concorreu a EDP, num concurso lançado no Verão de 2013 e ainda sem resultado final.

Em 2012, um aviso da Direcção-geral de Energia e Geologia (DGEG) deu conta das “declarações de interesse” da Sonorgás em obter licenças para 26 novos pólos de consumo e abriu um período para declarações de interesse de outras empresas. Em 2013 foram lançados “26 concursos limitados por prévia qualificação” para essas licenças e a EDP Gás (concessionária em 29 concelhos dos distritos do Porto, Braga e Viana do Castelo) concorreu a seis pólos em zonas de fronteira com as suas, enquanto a Sonorgás concorreu a todos.

Mas o processo está por fechar desde então. “O referido concurso avançou, mas ainda não são conhecidos os resultados definitivos”, disse ao PÚBLICO fonte oficial da EDP, que entretanto vai vender o negócio da distribuição de gás à REN.

A ERSE analisa os planos de investimento das empresas do ponto de vista da segurança do abastecimento, dos impactos tarifários e da sustentabilidade do sistema nacional de gás natural, e depois faz a sua recomendação ao Executivo, que decide. No parecer divulgado quarta-feira, destaca “o impacto tarifário tendencialmente nulo" das propostas, "em especial se não forem tidos em conta os 18 novos pólos (…) já atribuídos à Sonorgás e, por isso, não sujeitos a avaliação da ERSE”. E sobre estes investimentos sublinha ainda que, “tendo o concedente [o Estado] aprovado [num despacho de 4 de Setembro de 2015] a atribuição” dos novos pólos, “resta apenas sublinhar que os mesmos contribuirão para o agravamento do nível tarifário”. Segundo o parecer, o custo unitário das redes nessas áreas é “o mais elevado” do conjunto dos distribuidores, visto que há menos clientes e menos consumo pelos quais repartir os encargos da infra-estrutura (ainda que o custo total seja distribuído pelo conjunto dos consumidores nacionais).

Apesar de a ERSE não quantificar o agravamento tarifário, Nuno Moreira garantiu ao PÚBLICO que será “quase nulo” e desvalorizável “quando comparado com criar condições de igualdade às empresas e pessoas destas regiões menos desenvolvidas” no acesso a outras fontes de energia. Dizendo tratar-se de um objectivo “defensável”, o presidente do grupo Dourogás (que também tem a Goldenergy) considerou “interessante” que a ERSE “tenha mencionado que há que ter em conta os temas do desenvolvimento regional” na apreciação dos investimentos.

No parecer, o regulador reconheceu “que o impacte tarifário” dos investimentos é uma “preocupação comum” das diversas entidades” que participaram na consulta pública sobre os investimentos e que têm apreensões quanto aos “pressupostos utilizados para a definição das previsões de evolução da procura” que os suportam. Uma dessas entidades é a CIP, confirmou o PÚBLICO junto das confederação dos empresários. Já na consulta anterior, realizada em 2015, a CIP apelava a que fossem excluídos do plano de investimento todos os projectos que “claramente ou com esse risco, possam provocar o aumento” do valor das tarifas de uso das redes de distribuição (que são cerca de metade das tarifas de venda finais).

No plano a que a ERSE deu um parecer globalmente positivo, o investimento previsto pela EDP Gás é de 109,9 milhões de euros, menos 14,5% face ao plano anterior. As empresas da Galp também prevêem um investimento de cerca de 110 milhões de euros que, no seu caso, representa uma diminuição de 7,5%. Já a Tagusgás, contempla planos próximos de 16 milhões, o que traduz um aumento de 38%. No caso da Sonorgás, para a rede existente, o investimento cai 77%, para dois milhões de euros, mas estão contemplados 36,77 milhões para os 18 novos pólos.

Ana Brito
Jornal Público

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