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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Come-se bem em Macedo de Cavaleiros

A praia fluvial do Azibo é o cartão de visita de Macedo de Cavaleiros, assim como o é o Entrudo Chocalheiro da aldeia de Podence. Mas este território de Trás-os-Montes tem outro encanto que faz com que muitos lá se desloquem propositadamente. É que lá come-se mesmo bem.
Trás-os-Montes é a região por excelência da boa carne. A posta é um dos ícones da gastronomia tradicional portuguesa, assim como a alheira que até foi considerada uma das 7 maravilhas a degustar no nosso país.

Em Macedo de Cavaleiros há muitos e bons restaurantes. É, aliás, um daqueles locais onde é verdadeiramente difícil comer mal. Na maior parte das cidades e vilas portuguesas há sempre um ou dois templos gastronómicos, mas também é fácil a quem chegue de fora aterrar num restaurante onde os pergaminhos da terra fiquem à porta.

Os Miminhos do D. Antónia
Mas neste concelho de transição entre a Terra Quente e a Terra Fria transmontanas, o mais certo é sair-se satisfeito de um restaurante. Há aqui nesta cidade de 6.000 habitantes uma inusitada quantidade de restaurantes em que na cozinha imperam pessoas com mãos mágicas para a cozinha.

Duas duas vezes que o Portugal de Lés a Lés esteve em Macedo de Cavaleiros (e este é daqueles territórios a que voltaremos sempre), a boa gastronomia tradicional impôs-se sempre. E já experimentámos muitos restaurantes.

Na sua maioria, é a comida típica transmontana que impera, com especial destaque para a carne, que pode ter o selo de carne mirandesa ou ser da mesma raça, mas sem a denominação de origem, ou ainda de um outro animal a que chamarão de lavrador. Quer isto dizer que independentemente do que lhe chamemos, temos a certeza de que foi criada ao ar livre, tendo como principal receita alimentar o que encontra nos campos.
Posta, miminhos, rodeão são algumas das propostas de carne que encontrará nos restaurantes do concelho. Mas as célebres casulas secas com butelo e o cabrito assado também farão parte da ementa na altura certa, assim como a carne de caça com o javali à cabeça.

A perdição das entradas
Havendo disponibilidade da carteira, uma refeição nestas terras de Cavaleiros deverá começar obrigatoriamente pelas entradas. É bom que se esteja preparado porque o mais certo é haver enchidos e talvez até javali em vinha de alhos. O que quase nunca falta é a alheira.

Alheira e queijo no Villar de Masaedo
A alheira tem o cunho de Mirandela e a sua fama é justamente merecida, mas saiba-se que todo o nordeste transmontano é terra deste enchido de exceção e que só ganhou o epíteto de Mirandela por ter sido aí a estação terminal do comboio. Por isso, quando as alheiras de toda a zona eram expedidas para o resto do país, ganhavam o selo de Mirandela no volume.

E aqui chegados, percebemos – depois de comer em mais de um restaurante – que o fumeiro é aqui tratado com arte e cada caso é um caso, com os temperos a fazerem toda a diferença num campeonato em que apenas entram os melhores.
Os restaurantes

Não se fazem aqui avaliações porque não somos críticos, o que não nos impede de termos um olhar crítico sobre os restaurantes e a sua comida. Esta não é, portanto, uma avaliação. Passámos ao todo seis dias no concelho de Macedo de Cavaleiros e comemos em vários restaurantes.

De verão, as esplanadas enchem-se
Há vários nomes que deve colocar na sua agenda. Em Podence, não perca uma visita ao Moagem do João do Padre, onde a posta é tratada como em poucos outros sítios será. Esta será uma visita demorada, porque cada pedaço de carne que se põe na boca é um festival para o palato, com os sucos únicos da boa carne mirandesa a surpreenderem. Fôramos nós gatos e ronronávamos.

Na altura certa, aconselhamos vivamente a tarte de grelos, uma sobremesa inventada na casa no âmbito do Festival Gastronómico do Grelo que “ressuscitou” os arcaicos grelos doces.

Depois, em Macedo de Cavaleiros são várias as propostas. Do mais tradicional D. Antónia, que serve uns miminhos de lombo de chorar por mais e um creme de arroz com maçã caramelizada, tudo acompanhado por tinto da região, ao Real Domus, onde pela primeira nos foi apresentado o Rodeão, um tipo de posta um pouco mais gordurosa mas igualmente saborosa, e onde a simpatia e a arte de Susana Santos põem a mesa farta e o cliente satisfeito.
A panacota do Brasa
Propostas um pouco diferentes são as do Brasa, que ganhou fama com a panóplia de Francesinhas que levavam os de Macedo a uma aldeia das proximidades e acabou por tirar o restaurante da aldeia e pô-lo na cidade. Aqui, propõe-se uma cozinha um pouco mais requintada. A francesinha lá continua, mas há pratos italianos, cozinha com inspiração francesa e uma deliciosa mão de vaca com grão. Coma-se a panacota com doce de frutos silvestres que farão os olhos sorrirem de prazer.

Também o Villar de Masaedo põe especial cuidado na apresentação. O nome completo do restaurante é Villar de Masaedo by Quinta da Amendoeira e percebe-se o porquê. Este foi o primeiro nome de Macedo de Cavaleiros e a Quinta da Amendoeira ganhou justa fama como produtora de enchidos e produtos tradicionais. Daí a assinatura.

O Villar de Mazaedo é uma aposta nova e já ganha. De decoração arejada, o cuidado é extensível à cozinha que é aberta, ao serviço e aos produtos, onde pontuam o porco bísaro e a carne mirandesa.

Aproveitar a noite quente
São muitas as propostas de terras de Cavaleiros. Com maior ou não tão grande cuidado na apresentação, com um serviço mais profissional ou mais – chamemos-lhe assim – tradicional. Mas em todos encontrámos espaço para a simpatia, mesmo quando a cada estava cheia.
A gastronomia pode ser uma boa razão para se ir até Macedo de Cavaleiros, mas não é a única. No Carnaval, já se sabe, os Caretos de Podence são uma das mais genuínas tradições portuguesas e a albufeira do Azibo é a praia de excelência do nordeste transmontano e local de grande biodiversidade.

São diversas as razões que nos podem levar até terras de Macedo de Cavaleiros. A movida da sua noite, os geosítios únicos no mundo, as tradições e a paisagem. Seja qual for a que leve qualquer um até terras de Cavaleiros, sai-se de lá com uma certeza: até os caracóis são bons em Macedo de Cavaleiros. No Azibo.

Jorge Montez (texto) Miguel Montez (imagem)
in:portugaldelesales.pt

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