Opinião!...
Nesta dita sociedade moderna globalizante em que vivemos, as facilidades inerentes à importação de produtos oriundos, por vezes, de lugares tão longínquos quanto estranhos, muitos deles acompanhados de uma impressionante campanha publicitária, levam a que as economias locais de pequena dimensão tenham grande dificuldade em se afirmarem e, consequentemente, sobreviverem.
Esta dificuldade é ainda mais acentuada quando se comparam e conjugam, entre outros, fatores de produção, preço e qualidade, sem esquecer a apresentação.
Neste complicada teia comercial e de consumo desenfreado, verificam-se, inúmeras, situações em que não se olha a meios para atingir os fins, tendo como interesse fundamental a especulação e ganância do lucro fácil. Nem mesmo os efeitos negativos para a saúde pública são salvaguardados, ou mesmo ponderados.
Não admira, por isso, que muitos produtos tradicionais estejam em vias extinção, ou já se tenham extinguido. E se isso ainda não aconteceu, para alguns, poderá vir a acontecer, até porque os hábitos alimentares modernos não potenciam a motivação para o consumo dos produtos regionais. Mas deviam potenciar.
Neste contexto, não é fácil levar por diante um exercício de promoção sustentável dos nossos produtos da terra, mesmo sendo-lhes reconhecida grande e singular qualidade gastronómica.
Ora sendo a alimentação uma parte importante da nossa economia, da nossa cultura e da nossa história, será de todo o interesse valorizar o que é nosso, o que nos identifica e pode promover, a vários níveis, noutras zonas do país e do mundo.
Mesmo sustentada num sistema produtivo de pequena dimensão, a nossa atividade agrícola pode, em termos de qualidade e genuinidade, “dar cartas” comparativamente às produções industrializadas.
É que há uma boa quantidade de produtos cujo valor nunca pode ser comparado, desde logo pela forma como são cultivados, dependendo a sua singular qualidade de factores ímpares, como o clima, ou as características dos nossos terrenos.
Quem me conhece de perto, sabem muito bem o que eu penso a este respeito e o “fundamentalismo” que caracteriza a minha atitude perante a defesa dos nossos produtos regionais, do que é nosso.
Sendo certo que há regras que constrangem a produção, comercialização e até a utilização na alimentação dos nossos produtos da terra, no respeito pela tradição, e que temos um longo caminho a percorrer não preservação da nossa alimentação regional, não é menos verdade que poderemos melhorar significativamente a imagem do aqui produzimos e consumimos.
Desde logo, procurando consumir o que produzem os nossos agricultores, atribuindo-lhe valor próprio e valorizando a economia local.
Se aqui temos azeite de elevada qualidade, do melhor do mundo, batatas, vinho, castanhas, carne, fumeiro, entre outras espécies autóctones, não os devemos preterir, nas nossas escolhas, substituindo-os por híbridos tão vulgarizados, quanto acessíveis a qualquer consumidor que opta pela designada “comida de plástico”.
Quem não gosta de comer um butelo casulas, um salpicão e presunto, de porco bísaro, ou outro, criado num contexto rural, beber um bom vinho regional, ou “untar” um prato de grão de bico e bacalhau, com azeite de elevada qualidade, oriundo das nossas seculares oliveiras?!...
Se quanto esta preferência não restam dúvidas, vamos, então, todos, consumir e ajudar a promover os nossos produtos, valorizando o que é NOSSO!...
Nuno Pires
anunopires@hotmail.com
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(Henrique Martins)
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