Sr.ª Dona Maria do Céu Geraldes Morais, 58 anos, vive em Bragança.
Trabalhava na agricultura. Havia imensa pobreza, as pessoas queriam dar pão aos filhos e não tinham. Eram onze à mesa, comia-se caldo que enchia um pote de remeia. Todos os dias. Um pote de manhã, outro à noite. Quando o caldo estava feito, cortava-se pão rijo, punha-se dentro do pote e depois lançava-se para dentro das malgas. Comiam-se sempre batatas com casca para poupar.
Por vezes matava-se um frango, um coelho, um cordeiro, mas era sempre pouco para cada um. A grande festa era a matança, nas ceifas e nas malhas comia-se muito, nos Santos melhorava-se a refeição. Tinham gado. Casa onde houvera gado não se vive afrontado!
Nos dias da festa comiam cordeiro guisado com batatas, caldo e arroz-doce e às vezes pudim.
Faziam-se dormidos e económicos, estes serviam para se tirar a teta aos filhos. Outras mães punham nos seios pele seca de coelho para os meninos largarem a mama. As crianças mamavam até aos dois anos, até vir outro!
Tem saudades da comida de antigamente.
Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança
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Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
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(Henrique Martins)
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