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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 29 de março de 2018

Freixo de Espada à Cinta revive tradição quaresmal dos "Sete Passos"

Em tempo de Quaresma, a vila de Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, mantém viva a tradição da procissão dos "Sete Passos", um ritual tido como "único" em todo o país.
Também conhecido como "Encomendação da Almas", o ritual repete-se todas as sextas-feiras do período quaresmal, mas a última noite, na Sexta-feira Santa, é a mais esperada.

Junto à antiga capela de Misericórdia, um grupo de homens que habitualmente integra a função sublinha à agência Lusa que este ritual mantém fidelidade à origem "medieval", mudando apenas alguns pormenores.

Um dos figurantes e membro do atual grupo que realiza a procissão dos "Sete Passos" é José Martins, de 71 anos, que encara a sua participação como uma promessa de "fé e sacrifício".

"Vivemos isto com muita intensidade", observa.

Acrescenta que o grupo envolvido na "Encomendação da Almas" "até está maior, mas nas ruas, durante o ritual, há menos público. "Vai tudo embora para fora. Já não é como antigamente", desabafa.

Já Manuel Carrapatoso, de 75 anos de idade, conta que "herdou" o seu lugar na procissão do seu pai.

"O meu pai já fazia parte do grupo secreto que organizava a procissão e eu aprendi os cânticos. Aprendi também a olhar para quem está ao lado e saber o que fazer, no momento certo", observa.

António Morgado, com 34 anos, é um dos elementos mais novos do grupo e dedica-se ao estudo desta forma de "encomendar as almas". À Lusa, explica que o percurso maior - o que acontece na noite de sexta-feira santa - tem início junto à porta principal da Igreja Matriz e demora cerca duas horas e meia a fazer.

"Quando o relógio da torre heptagonal assinala o primeiro batimento da meia-noite, a iluminação pública da vila é apagada, ficando todo o percurso escuro como o breu. Dá-se então início à procissão que vai percorrer as principais ruas da localidade", indica.

O ritual envolve também um grupo coral que entoa "um cântico dolente e penetrante", em português e latim, apenas junto a igrejas e encruzilhadas.

Segundo os promotores desta iniciativa, a figura principal de toda a procissão é a "Velhinha", uma personagem vestida de negro, que percorre todo o trajeto curvada, com "cajado" numa mão e com uma lanterna alimentada a azeite na outra.

Elemento de destaque neste ritual é igualmente uma bota com vinho, "que significa o sangue de Cristo derramado".

Também marcam o ritual os sons das "emblemáticas" peças de ferro, presas à perna de duas pessoas e que são arrastadas pela calçada.

"Tornam a via-sacra ainda mais penitente", vincam os envolvidos no ritual.

"Há períodos na procissão em que as pessoas se aproximam da velhinha com humildade, em sinal de penitência. E ela dá de beber a quem demonstra mais respeito e arrependimento", explicam.

A identidade de quem encarna tal personagem é sempre motivo de curiosidade, já que não é fácil saber de quem se trata.

Segundo António Morgado, uma das marcas distintivas do ritual de Sexta-feira Santa face aos demais é que, "por uma única vez, se junta à 'Encomendação da Almas' um grupo de mulheres conhecidas como Três-Marias".

Quanto à designação "Sete Passos", "é entendida como o compasso, visto que toda a procissão é efetuada ao ritmo de um compasso de sete passos, bem medidos e compassados", observam os participantes, que no seu total não ultrapassam as duas dezenas.

Agência Lusa

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